Uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Química – PPGQ da UNIFAL-MG, em parceria com pesquisadores da Unicamp e da Universidade do Porto (Portugal), propõe o desenvolvimento de nanotubos magnéticos funcionalizados para usos diversos na área da biomedicina. Os primeiros resultados comprovam que os materiais apresentam propriedades magnéticas, de adsorção de proteínas, baixa citotoxicidade e permeação em barreiras biológicas que demonstram grande potencial para aplicações terapêuticas e diagnósticos médicos mais precisos.

O estudo faz parte da tese de doutorado intitulada “Nanotubos de carbono magnéticos funcionalizados: Avaliação da proteína corona em soro humano, estudos de citocompatibilidade e permeação em modelo biomimético” da pesquisadora Mariana Azevedo Rosa, desenvolvida sob a orientação do professor Eduardo Costa de Figueiredo e coorientação da professora Mariane Gonçalves Santos. A pesquisa contou também com a participação dos pesquisadores: Salette Reis, Andreia Granja e Cláudia Nunes (Universidade do Porto), Ana Beatriz Santos da Silva, Ketolly Natanne da Silva Leal e professor Marco Aurélio Zezzi Arruda (Unicamp), Luiz Fernando Gorup e Marcos Vinicios Salles Dias (UNIFAL-MG).
De acordo com a pesquisadora, o objetivo do trabalho é sintetizar e caracterizar nanotubos de carbono magnéticos funcionalizados, identificando possibilidades de uso na biomedicina. Os materiais foram avaliados quanto à capacidade de adsorver proteínas, citocompatibilidade e permeação em um modelo biomimético de barreira intestinal. Em termos práticos, o estudo pode contribuir para o desenvolvimento de sistemas inteligentes para o diagnóstico e tratamento de doenças, assim como possibilitar o desenvolvimento de medicações mais seguras e com menos efeitos colaterais, entre outros usos.
A pesquisa foi desenvolvida em várias etapas, nas quais a autora realizou uma revisão bibliográfica e a síntese e caracterização dos materiais, além de estudos de adsorção de proteínas e ensaios in vitro que foram conduzidos tanto no Laboratório de Análises de Toxicantes e Fármacos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNIFAL-MG, como na Instituto de Química da Unicamp e na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, em Portugal. “É importante pontuar que a natureza multidisciplinar dos trabalhos foi fundamental para a ampliação dos conhecimentos obtidos”, afirma a pesquisadora.
Segundo a autora do estudo, pesquisas como esta são recentes, uma vez que a nanotecnologia é uma área com grande potencial não apenas para o desenvolvimento de tecnologias na área médica como também para a indústria e tecnologia em geral. Categorizar e sintetizar são os primeiros passos para projetar as aplicações futuras desses materiais.

A pesquisadora explica que a nanotecnologia é a ciência que projeta e controla materiais em uma escala nanométrica, isso significa que os materiais desenvolvidos apresentam dimensões muito pequenas – 1 nanômetro equivale a 1 bilionésimo de um metro, ou seja, seria preciso dividir um metro 1 bilhão de vezes para chegar nessa medida.
Mariana Rosa acrescenta que já está desenvolvendo novos estudos a partir dos resultados obtidos para entender como os nanotubos se comportam quando entram em contato com a corrente sanguínea, por exemplo, para isso, os próximos passos envolvem testes in vivo. O material também tem potencial de uso em sistemas com exposição prolongada ao campo magnético, abrindo novas possibilidades de pesquisa.

“Estudos que utilizam nanomateriais para aplicações médicas, como entrega controlada de fármacos e engenharia de tecidos, são fundamentais para o desenvolvimento de novos sistemas de diagnóstico e tratamento de diversas doenças. Nos sistemas de liberação controlada de fármacos, por exemplo, destaca-se a possibilidade de liberar o medicamento de forma controlada e de direcioná-lo a um alvo específico” explica a autora, sinalizando os impactos positivos aos pacientes no futuro, oferecendo uma medicina personalizada, terapias mais seguras e diagnósticos mais claros e precisos.
A pesquisa recebeu apoio institucional com recursos da UNIFAL-MG, do Programa de Apoio à Pós-Graduação (PROAP) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), bolsa de doutorado Capes e bolsa do Programa de Doutorado-sanduíche no Exterior (PDSE).
A tese ainda não está disponível, mas é possível ler o artigo em inglês Magnetic carbon nanotubes modified with proteins and hydrophilic monomers: Cytocompatibility, in-vitro toxicity assays and permeation across biological interfaces, publicado na National Library of Medicine neste link.
Demais pesquisadores envolvidos no estudo

Lice Pinho Gonçalves é acadêmica do curso de Gestão Ambiental e Sustentabilidade (EaD) na UNIFAL-MG, campus Poços de Caldas, e bolsista do projeto +Ciência, cuja proposta é fomentar a cultura institucional de divulgação científica e tecnológica. A iniciativa conta com o apoio da FAPEMIG por meio do Programa Comunicação Pública da Ciência e da Tecnologia para desenvolvimento. Lice é também técnica em Meio Ambiente, licenciada em Pedagogia e especialista em Neuropsicopedagogia e em Teatro e Educação.
*Texto elaborado sob supervisão e orientação de Ana Carolina Araújo