O professor Ronaldo Auad Moreira, do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) da UNIFAL-MG, integrou a mesa temática “A interdisciplinaridade do Ensino de Arte na Educação Básica” durante o 13º Congresso da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas (ABRACE). A atividade aconteceu em Ouro Preto/MG, no dia 24/10.
A mesa, proposta por Mariana Muniz, professora do Programa de Pós-Graduação em Artes da Escola de Belas Artes da UFMG, da qual também participou, apresentou pesquisas e proposições interdisciplinares de seus integrantes, relacionadas ao ensino de música, de teatro e de artes visuais na Educação Básica. Também participaram da atividade o professor Marcelo Rocco, da UFOP, e o professor Maurilio Rocha, da UFMG.
“Isso se deu a partir das exposições de pesquisas e de proposições de seus integrantes, que buscaram inspirar práticas que superem compartimentalizações, incentivem o uso pedagógico de recursos digitais e fomentem experiências artísticas significativas que dialoguem com a realidade dos estudantes”, salienta Ronaldo Auad.
O docente da UNIFAL-MG apresentou sua tese de doutorado intitulada “Jogos com o sonoro, o visual, o verbal”, baseada na teoria “Matrizes da linguagem e pensamento”, da pesquisadora Lucia Santaella, e nas operações do acaso nas poéticas de John Cage e Merce Cunningham. O estudo apresenta variações dos jogos dedicadas à formação continuada de docentes dos anos iniciais do Ensino Fundamental.
“Em minha fala na mesa temática, busquei enfatizar a natureza híbrida e interdisciplinar das variações dos jogos e como essas variações podem contribuir para o aprofundamento de conteúdos e de metodologias no processo de formação de pedagogas e pedagogos, considerando que, nesse processo, nem sempre é suficiente a carga horária dedicada ao ensino de arte”, destaca Ronaldo Auad.
Ele afirma que também compartilhou o processo de constituição das variações dos jogos, que compreendem diagramas compostos por blocos de 06 a 64 possibilidades. Essas possibilidades são apresentadas como metonímias de universos de linguagens da arte em que predominam o sonoro, o visual e o verbal. “Essa condição metonímica diz também respeito à temporalidade contemporânea, prenhe de fragmentos e não de exposições detalhadas. Combinatórias triádicas, no caso de jogos com blocos de 06 possibilidades, são definidas por 03 lançamentos de um dado cúbico. Essas combinatórias são portas de entrada a causarem reações diversas nos participantes das variações dos jogos”, declara.
O professor levou como exemplo o vídeo-jogo “Arte Brasileira Moderna e Contemporânea”, que propõe hibridizações de obras musicais, visuais e literárias modernas e contemporâneas, a partir de 03 blocos de 06 possibilidades: bloco sonoro, bloco visual, bloco verbal. “Neste momento, apresentei 03 combinatórias definidas por uma participante desse vídeo-jogo. Em complementação à apresentação do processo de constituição das variações dos jogos, expus que os vídeos resultantes dessas combinatórias poderão ser analisados a partir de ‘Um cartograma das linguagens híbridas’, subdivisão do capítulo VII de ‘Matrizes da linguagem e pensamento’, que compreende das linguagens sonoras a linguagens verbo-visuais-sonoras”, enfatiza.
A questão central do evento emerge do poema “A máquina do mundo”, do poeta Carlos Drummond de Andrade, publicado originalmente na obra Claro enigma (1951), com a proposta de refletir sobre o poder das artes cênicas hoje frente ao avanço da máquina mundial de exploração do planeta. “Nele, o poeta, caminhando numa estrada pedregosa de Minas, se depara com ‘a máquina do mundo’, que lhe oferece não apenas o domínio sobre todas as coisas, mas também o saber de tudo que define o ser terrestre, vislumbrados, é claro, segundo o despertar do ‘sono rancoroso dos minérios que dá volta ao mundo e torna a se engolfar na estranha ordem geométrica de tudo'”, ressalta Ronaldo Auad.
Ele afirma que a programação do evento apresentou o problema do poder das artes cênicas hoje a partir de distintos enfoques e, sobretudo, no contexto tensionado pela globalização da máquina do mundo diante das múltiplas lutas pela terra. As atividades, por meio de seus grupos de trabalho, grupos de pesquisa, fóruns e mesas temáticas, buscaram divulgar as pesquisas e os estudos em andamento na área, o que promoveu o encontro de pesquisadores e pesquisadoras, discentes e docentes, e programas de pós-graduação.
“Assim, o Congresso contou, ao longo de sua realização, com uma mesa de abertura voltada para pensar a relação entre políticas públicas, artes cênicas e universidade, além das demais conferências e das mesas de debate com pessoas convidadas”, finaliza.















