“Fazer comunicação não é apertar um botão!”. Essa afirmação do professor Afonso de Albuquerque, pesquisador da área de comunicação e docente da Universidade Federal Fluminense (UFF), durante o 5° Encontro da Regional Sudeste do Colégio de Gestores de Comunicação das Universidades Federais da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Cogecom/Andifes), é uma síntese da complexidade em fazer comunicação diante do contexto sociopolítico atual e das múltiplas linguagens e plataformas comunicacionais. O evento, realizado de 4 a 6 de maio, na UFF, em Niterói/RJ, reforça a necessidade de discutir comunicação pública, soberania e fortalecimento institucional na atualidade e da importância de divulgar as ações das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), como entidades de ensino, pesquisa e extensão universitária.
A UNIFAL-MG participou do encontro por meio do diretor de comunicação social Ivanei Salgado. O servidor, também vice-diretor do Cogecom/Andifes, gestão 2023, integrou a mesa “Comunicação e educação para o fortalecimento das Ifes” e apresentou a proposta do colégio para realização de campanhas integradas para valorização das IFES. “Com a atuação coletiva das IFES, é possível atingir um público expressivo, potencializando as campanhas e superando, em impacto e engajamento, as ações desenvolvidas de forma isolada”, reforçou.
Além da possibilidade de campanhas integradas, a mesa destacou as propostas do Cogecom/Andifes para área de pesquisa em comunicação e parceria com o Supremo Tribunal Federal (STF) em ações contra a desinformação, pela professora Fábia Lima, coordenadora da regional sudeste do Cogecom/Andifes e diretora de comunicação da Universidade de Minas Gerais (UFMG). As iniciativas previstas para o
campo da radiodifusão foram apresentadas pelo jornalista Sérgio Duque-Estrada, diretor de comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A mesa também teve a participação do vice-presidente da Associação Brasileira de TVs Universitárias (ABTU), Max Eluard Fernandes, abordando a atuação e articulações das TVs universitárias. A mediação foi do jornalista Luiz Eduardo Pacheco, secretário do Cogecom/Andifes e diretor de comunicação do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG).
A mesa temática do encontro “Comunicação pública, soberania e fortalecimento institucional” teve a participação do professor Afonso de Albuquerque e do jornalista Marcelo Alves, professor da Pontifícia Universidade Católica – Rio de Janeiro (PUC-Rio). Os temas debatidos foram direcionados à complexidade de atuação da comunicação frente a questões atuais, como os ataques sofridos pelas universidades no Governo Bolsonaro e da militância anti-ciência propagada principalmente pelas mídias sociais. No caso da UFF, a universidade foi diretamente atacada pelo ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub, juntamente com as federais de Brasília (UNB) e da Bahia (UFBA), e teve que tomar diversas medidas comunicacionais frente às declarações criminosas do ex-ministro.
A mediação foi da professora Thaiane Oliveira, coordenadora da região sudeste do Cogecom/Andifes e atual secretária de comunicação da UFF. De acordo com ela, a comunicação é fundamental para qualquer instituição. “Neste sentido que a comunicação pública das IFES é um elemento central para a construção de uma sociedade mais justa e democrática, pois permite não apenas mostrar à sociedade o que tem sido feito nas instituições federais de ensino superior, cujo acesso ainda é um desafio para um país tão desigual, como também estimular a participação e fortalecer a imagem daquilo que é feito nas IFES: a formação dos alunos e transformação da sociedade”, destacou a mediadora.
Ainda no primeiro dia, a mesa “Comunicação pública e políticas públicas: caminhos possíveis” contou com a participação do deputado estadual Waldeck Carneiro (PSB), da professora Tatiana Roque, docente da UFRJ e Secretária de Ciência e Tecnologia da cidade do Rio de Janeiro, e da jornalista Mariana Pezzo, diretora do Instituto da Cultura Científica da Universidade Federal de São Carlos (UFsCar). A mediação foi do relações públicas Renato Vasconcelos, coordenador de Comunicação Institucional da UFF. Nas abordagens, os participantes enfatizaram a mudança no fazer comunicacional no sentido de comunicar melhor a produção das universidades. O grupo também salientou que o negacionismo não é fruto de desconhecimento, mas sim de um posicionamento político.
No encerramento do primeiro dia do encontro do Cogecom/Andifes Sudeste, o foco foi nos casos de sucesso das IFES participantes. Segundo a mediadora da mesa, a profa. Fábia Lima, esse é o momento de compartilhar experiências inspiradoras, inclusive com potencial de ser replicadas em outras instituições, além de possibilitar parcerias entre IFES que venham a fortalecer o trabalho desenvolvido.
Parceria com o Canal Futura
No segundo dia de evento, a programação foi elaborada em parceria com o Canal Futura e procurou abranger temas referentes à educação em geral. A mesa “Comunicação e Direitos Humanos – 20 anos da Lei 10.639”, mediada por Leonne Gabriel, do Canal Futura, trouxe uma reflexão sobre a lei de 2003, que estabelece a obrigatoriedade do ensino da história e da cultura afro-brasileira nas escolas. O assunto foi abordado por Maria Corrêa e Castro, professora da rede municipal do Rio de Janeiro e coordenadora de Projetos no Canal Futura; Mônica Lima, professora de História da África e coordenadora do Laboratório de Estudos Africanos da UFRJ; e pelo professor Nelson Silva, diretor do Ciep 175 José Lins do Rego.
Já a mesa “Cultura de paz nas escolas: qual o papel da comunicação?” abordou o contexto da violência na escola, reforçando que a cultura de paz perpassa de aluno para aluno, aluno para professor, professor para aluno e, também, pelo trabalho comunicacional. Mediada por Priscila Pereira, da Fundação Roberto Marinho, e com a participação de Joana Fontoura, oficial de Desenvolvimento e Participação de Adolescentes do UNICEF/RJ, do jornalista Marcos Furtado, editor de educação do Canal Futura, e da professora Rejane Siqueira, da PUC/RJ, os participantes destacaram a importância da comunicação contra a violência na escola.
Com a presença da diretora do Cogecom/Andifes, gestão 2023, profa. Maíra Bittencourt, jornalista e diretora de comunicação da Universidade Federal de Sergipe (UFS), a mesa “Comunicação, ciência e educação” procurou responder a relação da comunicação e da ciência com a educação. Em sua exposição, a diretora do Cogecom/Andifes também analisou o Projeto de Lei 2630, que institui a “Lei Brasileira de Liberdade, Responsabilidade e Transparência na Internet”. A mesa foi mediada pela jornalista indígena Luciene Kaxinawa, do Futura, e teve a participação de Antonio Góis, da Associação de jornalistas de educação (JEDUCA).
No mesmo dia, a jornalista Mariana Pezzo, da UFsCar, apresentou a proposta da “Agência de comunicação pública da ciência e do conhecimento acadêmico”, inserida na RedeIfes, proposta pelo Cogecom/Andifes. A iniciativa busca articular as IFES na implementação de uma plataforma de conteúdos sobre ciência para divulgação para outros setores da sociedade e subsidiar a imprensa sobre a produção científica universitária.
A programação conjunta com o Canal Futura também abordou o novo jornalismo de educação do canal e a apresentação do projeto “Geração Futura: laboratório audiovisual universitário”, destinado a universitários do curso de jornalismo.
Nas solenidades de abertura de ambos os dias do 5° Encontro do Cogecom/Andifes Sudeste, participaram autoridades universitárias da UFF, como reitor, Prof. Antonio Claudio Lucas da Nobrega, e da pró-reitora de extensão, Profa. Leila Gatti, e da secretária de comunicação, Profa. Thaiane Oliveira. Pelo Cogecom, participou da diretora Maíra Bittencourt, e pelo Futura, os diretores José Brito e Acácio Jacinto.
A programação parcial do evento está disponível no Youtube:
Dia 4 de maio: assista.
Dia 5 de maio: assista.