Cosmic: uma experiência musical de outro planeta

Cosmic é o 7° EP do grupo sul-coreano Red Velvet. Lançado pela empresa SM Entertainment no dia 24/06/2024. Distribuído pela Kakao Entertainment. Seu gênero musical varia de dance-pop, pop e R&B e conta com sete faixas, duas tendo clipe visual, e tem a duração de 23 minutos. (Imagem: Divulgação)

Em junho deste ano, o grupo musical feminino Red Velvet lançou seu sétimo EP musical (gravação estendida) Cosmic, inicialmente com seis faixas. Red Velvet é um grupo da indústria que conquistou uma enorme popularidade recentemente: o K-pop. Suas músicas abrangem o gênero musical Pop, Dance-pop, R&B e R&B contemporâneo, Bubblegum Pop e Nu Disco. O grupo originado e situado na Coreia do Sul é formado pelas integrantes conhecidas como Irene, Wendy, Seulgi, Joy e Yeri, sendo administrado pela empresa SMTOWN desde o ano de 2014. O grupo faz grande sucesso entre o público jovem adulto e isso pode ser visto pelo sucesso que as integrantes conquistaram através de muitos prêmios e turnês mundiais. A formação conta com um estilo muito vocal e visual, com grandes produções visuais em clipes visuais e canto. Nesse EP, uma verdadeira oportunidade cósmica é proposta para a comemoração de 10 anos de existência desse grupo que marcou e ainda marca a sua geração musical.

Red Velvet é um grupo que sempre fez jus ao seu nome na indústria e ao seu legado cultural, sendo suas músicas divididas nas duas categorias Red, para músicas mais animadas, dançantes e enérgicas, e Velvet para o lado mais sério, melancólico e maduro do grupo. Cosmic apresenta músicas que agradam desde os fãs (intitulados carinhosamente como reveluvs) e os novos ouvintes de seu lado Red até o lado Velvet.

Obviamente, dado o impacto prévio do grupo e também o seu histórico, mais a data comemorativa de 10 anos, as expectativas para o álbum estavam nas alturas, e cada vez mais, nós como fãs, estávamos prestes a conhecer essa experiência.

Com uma maravilhosa estreia, conhecemos o clipe musical da faixa que deu nome ao álbum: Cosmic. O clipe parecia familiar a muitos que assistiam, e não era coincidência, já que o grupo se inspirou no icônico filme Midsommar: o mal não espera a noite, transferindo toda energia mística do grupo para o ambiente igualmente místico de um filme de terror, que situa uma seita, aqui nesse clipe, de garotas que prendem recém-chegados em uma teia de amor cósmico. As vestimentas brancas e florais representam a entrada da estação de verão e o ar fresco, mas ainda assim misterioso. Os takes mostram e relembram momentos da obra que se juntam a uma melodia dançante e ritmada, com gravuras que lembram o estilo do filme.

Aqui, a trilha sonora é totalmente guiada para o lado Red do grupo, mas o figurino e a história por trás nos fazem duvidar se realmente falamos de algo completamente feliz. A ponte do refrão para o último verso feita pela vocalista Wendy, em junção com a sub-vocalista Seulgi, harmonizam com a dança coreografada e executada por Irene, Joy e Yeri, enquanto todas atuam em um cenário igualmente fiel ao filme e deslumbrante. Falando em atuação, todas elas mantêm uma presença incrível no palco, seguida de brincadeiras e atuações espontâneas, que colaboram para a formação do clipe. Uma produção artística, com efeitos de transição psicodélicos, coloridos e chamativos, que conversam com a natureza dos arredores.

A próxima faixa, Sunflower, não possui um clipe assim como a maior parte do álbum, mas a abertura vocal feita por Wendy com um efeito que beira algo submerso, seguidos pela alegria cantada pela própria Joy, nos apresenta à um efeito surpresa de uma música, que agora sim, está totalmente voltada ao lado Red do grupo. Batidas alegres e crescentes, e um refrão definitivamente hipnotizante, harmonizado em cinco vozes que se casam perfeitamente. O título da música não esconde o lado ensolarado da vida, aqui narrado em uma junção de coreano e inglês. Apesar de ser uma música que, para alguns, pode vir a ser um pouco repetitiva, Sunflower cativou os fãs com mais de cinco milhões de visualizações, o que para uma faixa secundária é surpreendente. O último refrão, que é iniciado pela verdadeira estrela dessa música, Joy, é seguido pelos vocais da integrante Wendy, com assopros e complementos feitos pelas integrantes Irene e Seulgi, passando o mesmo efeito do início agora para Yeri, que fecha esse bem esse último refrão.

Algo que também é de se chamar atenção e de uma ótima forma, é como essa última faixa foi bem equilibrada, já que dividir segundos para cinco integrantes cantarem não é uma tarefa fácil, Sunflower leva facilmente o título de uma das melhores distribuições de tempo cantado e distribuído para as integrantes.

Na sequência, nos é introduzido o primeiro veludo (Velvet) do álbum, Last Drop, uma música que particularmente, me cativou na primeira linha (e também na última, que citarei mais adiante). A música é melódica e traz, após a energia das últimas duas músicas, uma batida calmante e romântica, que se deixa levar pela reflexão do álbum. É um posicionamento ideal para uma música com tal ritmo, sendo um excelente refresco e renovador de energias. Temos também a agradável surpresa de que o pré-refrão aqui é cantado por Yeri, a integrante que geralmente faz raps para as músicas, e ter essa surpresa aumenta ainda mais as expectativas para suas próximas linhas. Na ponte para o último refrão, enquanto todas harmonizam uma nota pura de fundo, aos poucos, Wendy, Yeri e Seulgi falam frases da letra que retomam minha fala no início desse parágrafo: ‘’[…]Ninguém sabe aonde uma estrela cadente vai, mas estamos sempre conectados[…]’’ (Tradução adaptada e própria). Essa faixa troca o disco incrivelmente bem e nos lembra sobre o lado Velvet do grupo.

Em seguida, após o refresco de Last Drop, de forma retrô e inesperada, a quarta faixa Love Arcade começa, com um tom lúdico e vozes robóticas que contam de um até três de fundo, parecendo levemente cômico o que é esperado, tendo que o nome é Arcade (fliperama, em português). E essa infelizmente ao meu ver levaria a medalha de prata do álbum. A música é interessante e explora o lado Red ao máximo possível, mas o seu instrumental me soa repetitivo, e até mesmo a última parte que é harmonizada e vocalizada por todas integrantes me soa um pouco cansativa. Ressalvo aqui um ponto positivo dessa música, sendo a nota aguda atingida e sustentada por Wendy.

A quinta faixa, Bubble, poderia facilmente ir para a armadilha que Love Arcade infelizmente cai, mas aqui, apesar do início tão chocante quanto a faixa anterior (também do lado Red), somos surpreendidos com uma certa inversão de papéis: Irene, que é o símbolo do lado Velvet, canta os primeiros versos de uma forma surpreendente, acompanhada também de Yeri e Joy, que costumam fazer versos secundários, aqui brilham e é realmente uma surpresa agradável. Temos uma música que é atrativa na medida certa para as pessoas que são realmente fãs de algo alegre e crescente. Essa faixa traz uma junção também dos dois lados do grupo, mostrando que apesar do contraste, Red e Velvet, funcionam juntos. A batida é contagiante o suficiente, e tudo aqui funciona, mas paramos por aqui, no ‘’funciona’’. Curiosamente, essa música não possui uma ponte entre o refrão e o último verso, o que deixa ela um pouco atrás, mas novamente, temos demonstrações vocais tanto solo de Wendy, quanto harmonizadas das cinco, que melhoram o último verso.

A sexta faixa, que é como uma visão conhecida após uma viagem, Night Drive, se mostra uma música inquestionavelmente Velvet que, até então fecharia o álbum. E se fechasse aqui, seria a definição de fechar com chave de platina. A música começa de uma forma suave, melancólica e reanimadora ao mesmo tempo, os vocais iniciais de Seulgi e seus primeiros versos são incríveis, e nos cria a expectativa de uma música incrível pela frente, que são complementados por Irene e Wendy. Seulgi constantemente reaparece com vocais em segundo plano, que são essenciais para a construção deliciosa dessa música. O pré-refrão, cantado por Joy, inicia a direção do refrão cantado pelas cinco integrantes, e como licença poética, é quase como se cantassem as cinco abraçadas de frente para uma fogueira. A sensação de união nessa música é imbatível a todo momento. E quando não se espera que possa melhorar ainda mais, Seulgi e Joy começam a cantar uma nota crescente, que já é extremamente surpreendente e agradável, sendo complementada por um agudo de incríveis e estupefatos nove segundos de Wendy. Apesar de que as cinco brilham incondicionalmente nessa música, é inevitável notar o quanto Seulgi cresce nesse álbum e nessa faixa.

Finalizando o álbum, temos Sweet Dreams, que agora sim, conta com um clipe musical nostálgico e deslumbrante. Vale lembrar que essa faixa é uma verdadeira comemoração de dez anos de grupo. É difícil escolher começar ou pelo visual do clipe, ou pela música, que são ambos bons, repassando no clipe visualmente todas as obras já gravadas pelas meninas, com erros de gravação, músicas ao vivo, e tudo que se precisa para criar a aproximação delas com seus fãs. O clipe tem uma estética de scrapbook que combina perfeitamente com essa proposta, e provoca lágrimas aos olhos para qualquer fã que acompanhou o grupo. A letra é doce, cantada pelas cinco garotas igualmente, com uma ponte feita por Joy com inúmeras referências a músicas passadas, adicionado a notas de Wendy e Yeri, versos de Irene e Seulgi que adicionam a receita do grupo. Essa música é a definição de uma doce memória e justamente como o nome sugere, doces sonhos.

Acredito que, após a leitura desses parágrafos, a recomendação é nítida e óbvia de que Cosmic é um álbum completo e extremamente deleitoso. Toda a harmonia nele contida relembra o que realmente é Red Velvet e nos aproxima da experiência das cinco integrantes. Visualmente agradável, e também recompensador. Ouvi-lo novamente sempre é uma escolha válida e possível, sendo assim, certamente e de maneira positiva, recomendo-o!

Paratexto editorial Resenha Crítica, produzido no âmbito da disciplina “Introdução à Editoração”, ministrada pela professora Flaviane Faria Carvalho, em parceria com os projetos +Ciência (FAPEMIG/UNIFAL-MG) e Laboratório de Estudos Editoriais (PROEC/UNIFAL-MG).

Wendy Brito é estudante do 2º período do curso de Letras/Bacharelado em Língua Portuguesa da UNIFAL-MG. K-poper e reveluv amante de Letras, gamer, pai de uma gata e com alto entusiasmo em Kafka e terror.

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