Entre os dias 25 e 29 de agosto de 2025, ocorreu na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC), em Fortaleza/CE, o 8º Fórum Permanente de Museus Universitários (8ºFPMU) — um evento que reúne professores, pesquisadores, gestores, estudantes e profissionais do campo museal universitário de todo o Brasil.
A UNIFAL-MG esteve representada pela Prof.ª Andrea M. Amarante Paffaro, coordenadora do Sistema de Museus e Arquivos (SIMA) e pelo reitor, Prof. Sandro Amadeu Cerveira, sendo este convidado para compor a mesa de abertura como autoridade presente no evento.
A conferência de abertura foi proferida pelo Prof. Maurício Candido, presidente da Rede Brasileira de Coleções e Museus Universitários (RBCMU), sob o título “Entrelaçando o passado, presente e futuro das Coleções e Museus Universitários”. Segundo relato da Prof.ª Andrea, a conferência abordou a trajetória histórica, os desafios contemporâneos e as perspectivas futuras dos museus e coleções universitárias, ressaltando sua atuação estratégica no tripé universitário (ensino, pesquisa e extensão) e no campo museológico (preservação, pesquisa, comunicação).
Durante a apresentação, foi citado um mapeamento de aproximadamente 900 núcleos museológicos universitários, dos quais 494 estariam vinculados a unidades federais, destacando o crescimento contínuo desse universo institucional. Ainda segundo Maurício Candido: “As múltiplas diferenciações podem ser extremamente complexas quando incluímos herbários, planetários e centros de memórias que constituem um ecossistema de museus brasileiros e coleções museais megadiverso, caracterizado por um conjunto de acervos, ações e gestão heterogêneos com inúmeras potencialidades e estratégias de ensino, pesquisa, extensão e inclusão dentro de um número inimaginável de áreas de conhecimento.”
Mesas-redondas
Ao longo dos cinco dias, o 8ºFPMU promoveu mesas-redondas que reuniram representantes do Tribunal de Contas da União (TCU), da Finep, do MEC, do IBRAM e do IPHAN. Nessas sessões foram feitas análises críticas sobre os modelos de gestão e as estratégias de financiamento de coleções e museus universitários, com ênfase nos desafios estruturais, normativos e orçamentários.
O IBRAM sugeriu a constituição de sociedades de amigos dos museus e o uso de leis de incentivo, como a Lei Rouanet, para viabilizar a captação de recursos. Também foi enfatizado que museus universitários podem e devem ser reconhecidos como instituições de ciência e tecnologia (ICTs), o que demanda respaldo jurídico, cooperação intersetorial e articulação com redes nacionais e internacionais.

O representante do TCU destacou que o órgão tem realizado fiscalização e acompanhamento das unidades museais, cobrando que estas estejam formalmente inseridas nas estruturas universitárias: com regimento interno, organograma institucional e visibilidade orçamentária. Ressaltou ainda que a organização em rede é um caminho para o fortalecimento do setor e maior transparência.
No decorrer do evento, o Prof. Sandro Cerveira passou a integrar a Comissão Permanente e Multidisciplinar sobre Museus Federais, no âmbito do MEC, como representante da ANDIFES (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior). Em sua fala, ele enfatizou as dificuldades orçamentárias enfrentadas pelas universidades e a urgência em criar mecanismos de recursos mais consistentes e sustentáveis.
UNIFAL-MG e o SIMA: avanços, desafios e perspectivas
Conforme expôs a Prof.ª Andrea, o SIMA da UNIFAL-MG foi criado em 2021, o que colocou a universidade em posição de destaque nesse cenário institucional — mas é necessário reforçar sua estrutura e estender seu alcance. A ideia é que museus universitários e coleções (visitáveis ou não) sejam formalmente incorporados ao sistema universitário, com vistas à salvaguarda do patrimônio e ao desenvolvimento integrado de ações de ensino, pesquisa, extensão e cultura.
Em 2024, o conjunto de unidades museais e de divulgação científica que compõe o SIMA UNIFAL-MG (Museu de Memória e Patrimônio — MMP; o Museu de História Natural — MHN; o Espaço Ciência — EspCi; e o Centro de Documentação — CEDOC) registrou 23.208 atendimentos, um recorde para o sistema até então. Em 2025, o trabalho continua com ênfase em restauro, higienização, informatização dos acervos, reorganização de espaços e montagem de novas expografias — mas os maiores desafios permanecem sendo a carência de pessoal e a limitação de recursos financeiros.

Durante o 8ºFPMU, tanto o Prof. Sandro quanto a Prof.ª Andrea defenderam que futuros editais de fomento considerem museus de menor porte, localizados fora dos grandes centros ou vinculados a universidades mais recentes, promovendo a descentralização museal e pluralidade de oportunidades em todo o país.
Além disso, o fórum trouxe à tona que museus universitários precisam dispor de planos museológicos e políticas de proteção de acervo. Anunciou-se que o MEC pretende lançar guias orientadores para elaboração desses instrumentos, institucionalização e captação de recursos. O IBRAM também apresentou os resultados preliminares da Pesquisa de Gestão de Riscos para Museus Universitários (realizada entre maio e julho de 2025), que visou identificar os riscos mais frequentes nesses espaços e indicar medidas preventivas e de segurança nos planejamentos institucionais.
Ao final do evento, a Prof.ª Andrea realizou visita técnica à Seara da Ciência e ao Serpentário da UFC, de onde trouxe ideias e novas propostas para serem debatidas no âmbito dos museus universitários.
Segundo ela, “as coleções e museus universitários precisam ser compreendidos cada vez mais como instâncias importantes de pesquisa, formação, divulgação e produção de conhecimento, desenvolvendo projetos, programas de ensino, pesquisa, extensão, cultura e ações de inclusão com base em referenciais patrimoniais institucionais … torna-se essencial não apenas fortalecer o SIMA-UNIFAL-MG, mas envolver cada vez mais a comunidade acadêmica e local na preservação dos acervos e na diversidade de suas ações.”
Ainda de acordo com o planejamento institucional, em breve a UNIFAL-MG deverá abrir uma chamada para que coleções universitárias e espaços com potencial museal sejam formalizados junto à universidade e integrem oficialmente o SIMA — em atendimento às recomendações de órgãos competentes — para que, em rede, esses espaços ganhem maior visibilidade e participação no cenário nacional da museologia universitária.
Com informações e fotos: Andrea M. Amarante Paffaro