O livro “História Ibérica: uma abertura para o mundo”, organizado pelo professor da UNIFAL-MG, Cláudio Umpierre Carlan, é fruto do trabalho coletivo de mestrandos do Programa de Pós-Graduação em História Ibérica (PPGHI) e surge como uma contribuição significativa para o campo dos estudos históricos, especialmente no que tange às trocas culturais e à superação de narrativas etnocêntricas.
De acordo com o professor Carlan, a ideia de organizar este livro nasceu durante a disciplina “Seminário de Pesquisa” do PPGHI. Como parte do trabalho final, os mestrandos foram incentivados a organizar e publicar suas pesquisas. “A obra visa preencher lacunas observadas nas referências utilizadas para o ensino de História Ibérica”, destaca.
O livro conta com uma introdução escrita por Pedro Paulo Funari (Unicamp) e apresentação de Filipe Né Silva (UDESC), que abordam a importância do contato étnico e cultural na História Ibérica. “O contato étnico e cultural pode mesmo ser considerado um dos elementos fundamentais oferecido pela História Ibérica, quer olhemos para a antiga Hispania, habitada por celtas, gregos, fenícios e romanos, ou mesmo se considerarmos a Mesquita de Córdoba, símbolo imponente da presença islâmica erigido no território correspondente à atual Espanha. Nas Américas, do mesmo modo, tem-se reconhecido a mescla entre os povos ibéricos, africanos e indígenas: Fernando Ortiz (1995 [1940]), antropólogo cubano, chamou de transculturação as transformações sofridas por todas as culturas envolvidas no contexto colonial americano a partir do século XVI”, afirma Filipe.
Ainda na apresentação da obra, o professor da UDESC, lembra que “ao vislumbrar estudos históricos que congreguem as trocas culturais realizadas na África e na Ásia, a História Ibérica também pode colaborar para a superação de uma narrativa histórica etnocêntrica que, há séculos, na melhor das hipóteses, tem pensado a História da humanidade como um triunfo evolucionista da civilização ocidental sobre as demais sociedades e culturas do planeta. A escolha teórico-metodológica (mas sobretudo política) por uma História plural e multifacetada pode ser observada no presente livro”.
Os capítulos do livro são divididos de acordo com as pesquisas individuais dos autores, abordando uma ampla gama de temas históricos, conforme a seguir:
- Antiguidade entre nós: Origem dos dias da semana, o modelo português – Cláudio Umpierre Carlan e Gentil Cândido da Silva
- A História Antiga e sua Importância: à alteridade e ao Multiculturalismo – Ricardo Luiz de Souza
- Perspectivas feministas: A influência feminina no cristianismo primitivo – Andressa da Silva
- Relação entre a escravidão no Império Romano e a ocorrida na América pós século – Diego Armando da Silva
- Idade Média Ibérica, cavalaria e arqueologia experimental em sala de aula – Benta Cristina Souza
- Charges e Iconografia: a lápis de Belmonte entre o discurso humorístico, crítico e político – Levi Augusto de Moraes
- Paredes que contam História: os desenhos nas paredes na Lunda – Alice A. de Carvalho e Natália Cirelli de Moraes
- Arqueologia: Bandeirantes do Passado e no Presente – Caíque de Paula Dias e Alisson Eugênio
- Alimentação e comércio no mundo romano: algumas aproximações – Luís Vinícius Pedroso Marques
- Pilatos: entre História e Arqueologia – Bárbara de Moraes Rogatto
- Entre carrancas, frutas tropicais e rostos indígenas: sincretismo na estética barroca paraibana? – Maria Fernanda Oliveira
Segundo o organizador, a obra se destaca por apresentar uma variedade de documentos históricos, servindo como fonte primária de estudos. Além disso, busca mostrar ao meio acadêmico e à sociedade brasileira a riqueza e importância dos museus e arquivos brasileiros, que possuem um acervo arqueológico ainda pouco explorado.
O livro “História Ibérica: uma abertura para o mundo” foi lançado em 2024 pela Fonte Editorial e possui 174 páginas. Ele pode ser encontrado no site da editora Fonte Editorial e nas principais livrarias do país.