No dia 18/11, o Laboratório de Tecnologia de Cosméticos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNIFAL‑MG recebeu participantes da Universidade Aberta para a Terceira Idade (UNALIS) para a oficina “Autocuidado e responsabilidade: cosmetologia na terceira idade e educação ambiental sobre contaminantes emergentes”. A atividade extensionista, alinhada ao Plano de Desenvolvimento Institucional da Universidade, promoveu um diálogo entre ciência e cotidiano e reforçou o compromisso da Instituição com o envelhecimento ativo, a preservação do meio ambiente e o ensino público de qualidade.
A programação, conduzida pelo farmacêutico Ramon Alves de Oliveira Paula e pelo professor Mateus Freire Leite, incluiu quatro ações articuladas de educação e saúde. A primeira atividade abriu espaço para uma roda de conversa em que as participantes compartilharam experiências sobre o uso e o descarte de cosméticos. Foram discutidos os impactos ambientais dos ingredientes dos produtos e a presença de contaminantes emergentes – substâncias provenientes de medicamentos e produtos de cuidado pessoal que não são totalmente removidas em estações de tratamento e têm efeitos ainda pouco conhecidos.

A segunda ação tratou dos riscos de usar cosméticos fora do prazo de validade. Participantes e ministrantes debateram os fatores que levam consumidores a ignorarem datas de validade, aprenderam a identificar sinais de deterioração e receberam orientações sobre armazenamento adequado. Na sequência, o grupo foi introduzido aos fundamentos da cosmetologia: conceito, composição de hidratantes, tipos de formas cosméticas e a regulamentação da Anvisa que assegura qualidade e segurança.
Por fim, a quarta atividade abordou os ingredientes ativos e os fatores externos que influenciam a eficácia dos hidratantes. Após esses momentos de trocas, as participantes colocaram a mão na massa em uma atividade prática de manipulação. Utilizando balança e outros utensílios de laboratório, prepararam um creme hidratante para as mãos, exercitando etapas de pesagem, mistura, emulsificação e envase.
Segundo os organizadores, o evento destacou a relevância de envolver o público 50+ em temas atuais como saúde, autocuidado e preservação ambiental. Segundo dados do Censo Demográfico de 2022, o Brasil contabiliza 32.113.490 pessoas com 60 anos ou mais, o que corresponde a 15,6 % da população e representa um crescimento de 56 % em relação a 2010. Ao sensibilizar esse segmento sobre contaminantes emergentes e descarte adequado, a ação reconhece a população idosa como protagonista na construção de uma sociedade mais informada e sustentável.

Para o professor Mateus Freire Leite, acolher as integrantes da UNALIS no laboratório foi “uma experiência enriquecedora”. Ele destaca que envelhecer é um processo natural, mas traz demandas de cuidado pessoal. “Promover uma oficina de cosméticos voltada ao público 50+ aproxima ciência e prática cotidiana, reconhece a importância desse grupo e promove inclusão. Cuidar de si mesmo é um ato de saúde e bem‑estar, e a universidade pode ser um espaço de acolhimento em todas as fases da vida”, afirmou.

O farmacêutico Ramon Alves de Oliveira Paula, coordenador da ação, ressaltou que a atividade “alinhada ao Plano de Desenvolvimento Institucional” proporcionou “uma experiência transformadora” com grande engajamento. Segundo ele, todas as diretrizes extensionistas foram cumpridas: diálogo entre universidade e sociedade, interdisciplinaridade, indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão e impacto na formação dos estudantes. “A iniciativa ampliou o acesso ao conhecimento e incentivou atitudes responsáveis que geram impactos positivos no meio ambiente e na saúde pública”, avaliou, lembrando que a ação desperta o senso de pertencimento do público idoso à UNIFAL‑MG e fortalece a construção coletiva de identidade.

A doutoranda Daniela Mayra de Oliveira Figueiredo relatou que a oficina começou com palestras sobre descarte correto de medicamentos e cosméticos. Ela e a colega Lais de Castro Carvalho Silva apresentaram os diferentes tipos de cosméticos e a legislação da Anvisa. “Foi gratificante ver a dedicação e curiosidade de cada participante durante a manipulação do creme para as mãos”, disse.

Lais enfatizou que a troca de conhecimentos foi enriquecedora: “As opiniões e dúvidas das participantes mostraram como precisamos levar o conhecimento científico à população para que saibam da importância de descartar resíduos de maneira correta e preservar o meio ambiente.” Para ela, a parte prática de manipulação foi a mais interessante, pois permitiu interação direta e a percepção do interesse das participantes.

A graduanda em Farmácia, Isabella Carolina Batista de Siqueira, considerou a discussão sobre o descarte correto de medicamentos “extremamente produtiva”. Ela destacou a troca rica de dúvidas, relatos e discussões que ampliaram o tema e reforçou a importância de levar esse conhecimento para além da sala de aula.

O estudante de Química Mateus Morais Faci afirmou que a oficina ampliou sua visão sobre o impacto ambiental e social do descarte inadequado. “Além de contribuir para minha formação, essa vivência me fez crescer como ser humano, reforçando a responsabilidade que temos com a sociedade e o meio ambiente”, afirmou, dizendo que saiu “ainda mais motivado” a compartilhar os aprendizados.

O graduando em Biologia Breno Vitor Teodoro Romão destacou que ações simples no dia a dia podem ter impacto real na preservação do meio ambiente e na saúde coletiva. “A discussão ampliou minha visão sobre o tema e reforçou a importância de levar essa informação para mais pessoas”, pontuou.
As participantes da UNALIS reforçaram o valor da atividade. Telma Oliveira Souza comentou que aprendeu a descartar corretamente medicamentos, cosméticos vencidos e embalagens, lembrando que Alfenas possui pontos de coleta como a farmácia universitária FarUni. Para Zilda de Fátima Cândido Camilo, a oficina trouxe informações valiosas para a saúde e a preservação ambiental. Ela contou que, por falta de informação, descartava cosméticos e embalagens no lixo comum e agora entende que esses resíduos podem contaminar o solo e a água. A participante refletiu sobre o ciclo entre ambiente e saúde e concluiu: “Se hoje você cuidar da sua saúde, vai colher saúde; se não cuidar, vai colher doença. Ambiente limpo também traz saúde.”
Fotos: arquivo do projeto






















