Uma travessia pelo nada. Um oceano escuro. Realidade(s) e despedidas. Essas são algumas das dimensões que compõem a obra “Ruídos: Confissões Prematuras”, escrita por Giovane Perina, recém-egresso do curso de Letras da UNIFAL-MG. Em dezessete capítulos, o livro reúne 129 poemas que representam um eco daquilo que o autor enxergou da vida até os 21 anos, idade em que finalizou a escrita, após nove meses de produção poética – tempo equivalente ao de uma gestação.
Foi a partir de 2018 que o livro começou a tomar forma, quando o escritor se dedicou a reflexões durante um período de isolamento. “Ao terminar o último poema entre os primeiros que mais tarde dariam corpo ao capítulo ‘Despedidas’, enxerguei o livro inteiro materializado. Os meses de total reclusão me fizeram terminar a primeira versão do Ruídos: 331 páginas dispersas nas paredes do meu quarto, pelo chão, pelas mesas, pelas lousas. Eu já respirava no meio daquele maço de poesia antes de juntar as folhas – não conseguia encontrar um pedaço do meu quarto que não estivesse coberto por sulfite e rabiscos”, disse o autor.
Segundo ele, a partir do momento inicial, seguiu-se um processo de lapidação do material bruto, o qual resultou em uma obra com 224 páginas. “O livro foi publicado oficialmente em dezembro de 2020, em plena pandemia. Nesse processo, o maior desafio foi, com certeza, assimilar a parte técnica e burocrática que era fazer sozinho a publicação de um livro independente, desde recusar editoras até mergulhar completamente na organização dos poemas, na diagramação, no projeto visual, na forma física do livro, na gramatura do papel. Precisei aprender do zero todas essas facetas da criação do produto final”, salientou Perina, para quem o processo foi, ao mesmo tempo, estressante e transformador. “Nada me deixou tão feliz quanto poder definir, corrigir e dar o veredito em cada etapa da produção do livro”, afirmou.
A finalização da obra também se guiou pela necessidade, conforme explicação do poeta à Diretoria de Comunicação Social da UNIFAL-MG, de fazer com que todos os versos dos poemas, que funcionam como ilhas e não seguem uma ordem temporal, pudessem fazer parte de uma obra homogênea, com foco na originalidade, a qual era e ainda é um processo de potencialização do olhar crítico, triste e irônico do poeta em relação ao mundo. E é esse olhar que tem sido compartilhado com o público desde 2016, quando Perina ingressou no curso de Letras e criou um espaço nas redes para socializar seus textos e acabar com a solidão precursora da prosa poética que constituiria sua tendência temática.
Além do crescimento de acesso às suas publicações, uma vez que são alcançadas mais de 1 milhão de visualizações por semana nos poemas de Perina, o qual, atualmente, conta com 117 mil seguidores no seu Instagram, a graduação em Letras, as disciplinas de Literatura e os professores do curso foram importantes para que ele pudesse compreender, com clareza, a vocação a ser seguida.
“Meu contato com a literatura aumentou ao ponto em que os semestres avançavam e, com isso, eu me encontrava constantemente em posição de transfigurar a minha escrita em versos literariamente fortes, sem perder a verdade do que escorria pelos meus dedos”, contou o egresso. Para ele, o curso foi a validação de sua formação na área poética, considerando, na mesma intensidade, o acolhimento de docentes que o ajudaram ao longo dos anos de graduação. “Não teria chegado a lugar nenhum sem esse apoio direto. Os professores me abraçaram de uma forma afetuosa toda vez que eu me perdi ao longo do caminho. Há um lado humano e transformador neste corpo docente que vai muito além de lecionar. A graduação foi uma linha reta, repleta de almas acolhedoras que me ajudaram a continuar aqui. Meu orientador foi uma peça indispensável na lapidação da pilha monstruosa de páginas que o Ruídos foi na primeira versão”, disse.
De origem familiar constituída por músicos e artistas, e por meio de sua formação e de seus diálogos internos, o autor buscou a independência, à medida que o público leitor aumentava, para a publicação do primeiro livro sem precisar sujeitar a obra a pormenores de editoras. “Meu ‘Ruídos: confissões prematuras’ é, então, um filho de dor e suor: cada milímetro foi minunciosamente trabalhado para ambientar, nas páginas, tudo o que precisou arrebentar o meu peito para que eu respirasse, e vale a pena cada segundo. Tenho, pelo menos, esta certeza que levo no bolso: a literatura não paga em dinheiro, ela me paga em tempo”, finalizou.
Para o futuro, o escritor deseja conhecer os leitores, investir nas animações 2D de alguns versos e dar vida aos poemas em meios audiovisuais, em clipes e outras artes, como dança, teatro, plástica e música. A produção de outro livro está em andamento, e o palpite otimista é de que a obra possa integrar as estantes em 2022.
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