Fagundes indica

A ser verdade – e deve ser – que os livros citados na telenovela Bom sucesso, transmitida em 2019 pela Rede Globo, tinham suas vendas aumentadas, a publicação de Tem um livro aqui que você vai gostar (2020) terá tido efeito semelhante. O título do volume repete a frase que o personagem Alberto, interpretado por … Ler mais

“Todo pombo é correio” – Marcos de Carvalho e Eloésio Paulo

No sábado (6/5), a comunidade alfenense conhecerá o segundo livro de “uaicais” dos autores Marcos de Carvalho e Eloésio Paulo, professores do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) da UNIFAL-MG. A obra “Todo pombo é correio”, que consagra 40 anos de amizade e parceria entre os autores, será lançada no espaço da loja Cascafina, … Ler mais

Almas Penadas F.C.

Alfredo Bosi assegura, a páginas tantas de sua monumental História concisa da literatura brasileira, que o romance de Cornélio Pena é “um conjunto absolutamente coeso e verossímil”. Opinião excessivamente generosa: A menina morta (1954), lido com o vagar devido e até obrigatório – pois é muito enfadonho –, revela-se, isso sim, uma narrativa que perdeu, … Ler mais

Mesmo que tardia

O que faz de Tropical sol da liberdade (1988) representativo de uma época é sua evocação dos momentos mais dramáticos da ditadura militar que se abateu sobre o Brasil em 1964. Afinal, como profetiza um de seus personagens, “Quando tudo isso passar, todo mundo vai esquecer” e “quem falar nisso ainda vai passar por mentiroso”: … Ler mais

Maria Moura e as brotoejas morais

Apesar de seu volume algo assustador, 600 páginas, Memorial de Maria Moura (1992) é um livro de leitura leve. O estilo da autora de O Quinze (1930) continuava, seis décadas depois de sua estreia na ficção, pautado pela fluência e pela clareza que a fizeram tão popular. Entretanto, se nesse tempo Rachel de Queiroz avançou … Ler mais

E os piolhos dos decapitados, para onde vão?

Com As horas nuas (1989), Lygia Fagundes Telles parece ter encerrado sua experiência no romance – se não deixou, é claro, algo inédito. E terá feito muito bem, pois o livro indica um projeto romanesco esgotado, tanto que consiste, em boa medida, numa reciclagem de personagens e situações das três narrativas longas que a escritora … Ler mais

Divertida aula de história e política

Não fosse o excesso de didatismo, Erico Verissimo talvez tivesse feito sua obra-prima em Incidente em Antares (1971), conseguindo a difícil proeza de superar Caminhos cruzados (1935). Mas o último romance do escritor gaúcho – autor de uma das obras mais significativas da ficção brasileira moderna – é muito marcado pela preocupação de esclarecer politicamente … Ler mais

Outro de Pagu

Em certo sentido, toda autobiografia é precoce, exceto a de Brás Cubas, que escreveu depois de morto. Enquanto a vida existe, ao menos em teoria é sempre possível a descoberta de um novo sentido para si e para o mundo. Assim, o título desse livro de Patrícia Galvão (1910-1962) é um pleonasmo, assim como o … Ler mais

Depois, vêm a anta e o curupira

Sorte que não havia, entre os arquitetos do recente surto neofascista brasileiro, ninguém mentalmente apto como Plínio Salgado, líder do movimento integralista, que foi a versão local do fascismo de Mussolini. O escritor modernista (sic), nascido em São Bento do Sapucaí (SP), terminou seus dias como deputado da ARENA, o partido da ditadura militar cujos … Ler mais

Tempo de suaves desatinos

Um adjetivo que Humberto Werneck não recusa ao texto alheio é o melhor para definir o seu próprio: delicioso. É assim, da primeira à última página, O desatino da rapaziada (1992), sua pequena história do jornalismo em Belo Horizonte. O subtítulo “Jornalistas e escritores em Minas Gerais” amplia um pouco demais o escopo dessa história, … Ler mais

A civilização pelo corno

Mesmo quem não é grande admirador de Jorge Amado precisa reconhecer-lhe uma qualidade: o escritor baiano foi capaz de notável evolução desde seus primeiros romances, apoiados sobre bisonhos esquemas ideológicos atrelados ao realismo socialista ditado pela política “cultural” de Stálin e de seu ministro Jdanov, o congênere soviético de Goebbels. Recordemos que Amado, mesmo tendo … Ler mais

Como não ser senhor de engenho, por Eloésio Paulo

O título de Banguê (1934), que no futuro será fatalmente pronunciado errado pela maioria das pessoas, graças à estupidíssima extinção do trema em nossa mais recente reforma ortográfica, também desfiguradora de belas palavras devido à bagunça que fez com o hífen, não deve atrair muitos leitores para o livro de José Lins do Rego. Afinal, … Ler mais

Graciliano como personagem, por Eloésio Paulo

  Um escritor que também é teórico corre, ao escrever ficção, sério risco de transformá-la em ensaísmo. Não escapou a esse risco o crítico Silviano Santiago, mineiro de Formiga, no caderno de notas imaginário Em liberdade (1981), que mesmo assim é seu melhor romance e um dos mais relevantes escritos sob o regime militar de … Ler mais