A UNIFAL-MG integra um grupo de instituições que está desenvolvendo um projeto pioneiro no país na área ambiental: o estudo aprofundado sobre o balanço de carbono no reservatório da Usina de Itaipu. Realizado em parceria com a Itaipu Binacional, Itaipu Parquetec e as universidades UEM, UFJF, UNIFESP e UFABC, o projeto conta com um investimento de R$ 9 milhões e envolve 37 pesquisadores e 13 bolsistas.
O objetivo central da pesquisa, é realizar o balanço de carbono do reservatório, determinando o potencial de emissão dos gases de efeito estufa (GEE), especialmente o metano, com foco nos processos microbianos que influenciam tanto a produção quanto o consumo desses gases. Segundo o professor do Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT) da UNIFAL-MG campus Poços de Caldas, Gunther Brucha, que coordena o grupo de microbiologia do projeto, a pesquisa é dividida em duas grandes frentes: uma voltada para a determinação do estoque de carbono e da emanação de GEE, coordenada por Roger Paulo Mormul (UEM) e Nathan Oliveira Barros (UFJF), e outra dedicada à microbiologia e biotecnologia, sob liderança da UNIFAL-MG.
Integram o grupo de microbiologia, além de pesquisadores da própria UNIFAL-MG (Renata Piacentini Rodriguez, Rafael Brito, Leonardo Damasceno), pesquisadores da UFABC (Mércia Regina Domingues Boreto, Roseli Bernassi, Lucia Helena Gomes Coelho) e da UNIFESP (Cristina Rossi Nakayama, Flávia Talarico Saia, Werner Hanish). A gestão e organização geral do projeto, incluindo o aporte financeiro, a compra de equipamentos e contratação de bolsistas, é responsabilidade da Itaipu Binacional e do Itaipu Parquetec, além da participação da equipe de ambas a instituições em atividades de campo e definição de delineamento experimental.

Sobre o metano e a ação dos microrganismos
O professor Gunther Brucha destaca que o metano é um dos GEE mais preocupantes, sendo 28 vezes mais impactante no aquecimento global do que o CO₂. “Os microrganismos metanotróficos têm papel fundamental nesse cenário, pois utilizam o metano (CH₄) como fonte de carbono e energia, atuando como verdadeiros aliados na contenção dos efeitos das mudanças climáticas. Estudos internacionais indicam que até 90% do metano produzido no fundo dos reservatórios pode ser consumido por esses microrganismos”, explicou.
Segundo ele, a pesquisa inova ao aprofundar o estudo não apenas dos processos aeróbios (com oxigênio) de consumo de metano, mas também dos processos anaeróbios, recentes na literatura científica, que envolvem diferentes aceptores de elétrons como nitrito, nitrato, sulfato, ferro e manganês. O grupo da UNIFAL-MG deseja identificar quais microrganismos presentes no reservatório têm papel decisivo nesse consumo e investigar o potencial de aplicação dessas comunidades metanotróficas em reatores biológicos, contribuindo com estratégias biotecnológicas de mitigação.
Pioneirismo e papel estratégico da UNIFAL-MG
O destaque da UNIFAL-MG dentro do convênio está na coordenação do grupo de microbiologia, responsável por ensaios de enriquecimento dos metanotróficos anaeróbios e pela operação dos reatores metanotróficos instalados no Laboratório Biomea (Biotecnologia, Microbiologia e Engenharia Ambiental) do campus Poços de Caldas.
O projeto é pioneiro ao modelar com precisão a relação entre a produção e o consumo de GEE, marcando avanço significativo em relação a outros inventários já realizados em reservatórios brasileiros. “Os dados gerados vão permitir modelar detalhadamente o processo, oferecendo respostas e soluções com maior precisão para a gestão de reservatórios”, explica Brucha.
A metodologia adotada inclui campanhas de coletas bianuais em cinco pontos do reservatório, onde são avaliados parâmetros de qualidade da água, metano dissolvido e ebulitivo, coleta de sedimento e análise da água intersticial. Para isso, a equipe utiliza equipamentos de ponta, como sensores para GEE (metano, CO₂, N₂O) e armadilhas específicas para captura de gases em diferentes compartimentos do ecossistema aquático.
Além de proporcionar dados inéditos sobre a dinâmica do ciclo do carbono e das comunidades microbianas do reservatório, a pesquisa visa modelar os processos de produção e consumo dos gases de efeito estufa, contribuindo para o aprimoramento da gestão ambiental das hidrelétricas e impulsionando o desenvolvimento de estratégias inovadoras para a contenção das emissões, com impacto direto no combate às mudanças climáticas globais. “Itaipu dará um passo à frente não apenas na determinação das emissões dos GEE, mas também na compreensão dos processos mediados por microrganismos, abrindo um novo caminho na gestão ambiental das hidrelétricas,” destacou Brucha.
Para concluir, o professor Gunther Brucha ressaltou o impacto transformador da pesquisa para a ciência nacional, afirmando: “o projeto posiciona a ciência brasileira na vanguarda do conhecimento sobre a regulação natural das emissões de metano, além de promover a formação de recursos humanos altamente qualificados para o país.”
Saiba mais em: https://www.itaipu.gov.br/noticias/sala-de-imprensa/itaipu-promove-investigacao-sobre-balanco-de-carbono-do-reservatorio