“Toda a base teórica que eu possuía, necessária durante o curso de doutorado, devo à minha formação na UNIFAL-MG”, afirma egressa que recebeu o prêmio Destaque de Teses da UNICAMP por pesquisa inovadora em Matemática

Atualizado em 18 de julho de 2024 às 16:56

Michele Martins Lopes é egressa da UNIFAL-MG e teve sua pesquisa de doutorado premiada na UNICAMP (Foto: arquivo pessoal)

A UNIFAL-MG tem o orgulho de compartilhar mais uma história de sucesso de seus egressos. Uma ex-aluna do curso de Licenciatura em Matemática e do mestrado em Estatística Aplicada e Biometria, Michele Martins Lopes, recentemente, recebeu o prêmio Destaque de Teses da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) por sua pesquisa na área de Cálculo Fracionário e Teoria de Conjunto Fuzzy.

A jovem pesquisadora, que iniciou sua jornada acadêmica na UNIFAL-MG em 2012, concluindo a graduação no início de 2017, seguiu uma trajetória que a levou ao mestrado ainda na UNIFAL-MG e, posteriormente, ao doutorado na UNICAMP. Sua tese, premiada entre tantos estudos, combina conceitos avançados de matemática com aplicações práticas no estudo da propagação da COVID-19.

Nesta entrevista, a ex-aluna compartilha sua trajetória acadêmica, detalhes sobre sua pesquisa e como a formação na UNIFAL-MG foi fundamental para seu sucesso. Além disso, ela oferece conselhos para futuros estudantes e destaca os pontos fortes do curso de Licenciatura em Matemática da nossa Universidade. Confira!

Poderia nos contar um pouco sobre sua trajetória acadêmica e como decidiu seguir a área de Licenciatura em Matemática na UNIFAL – MG?
Michele: Sempre admirei o ato de lecionar. Meus pais são professores e são minhas inspirações desde criança. Em especial, sempre adorei matemática. A UNIFAL-MG me deu a oportunidade de realizar esse sonho e com muita satisfação. O curso de matemática me proporcionou não apenas grandes aprendizados na área acadêmica, mas também ensinamentos e experiências que me prepararam bem para o que viria depois.

O que motivou você a escolher o tema “Cálculo fracionário e teoria de conjunto fuzzy” para sua tese?
Michele: Durante meu mestrado, trabalhei com meu orientador, José Paulo Carvalho dos Santos, no tema de cálculo fracionário. Isso me motivou a continuar durante o doutorado, bem como gerou interesse em meus orientadores na Unicamp, Laécio Carvalho de Barros e Francielle Santo Pedro Simões. Por sua vez, eles trabalhavam com teoria de conjuntos fuzzy, o que já era também uma área de interesse minha. Assim, pudemos unir os interesses e investigar interessantes questões que abrangiam ambas as áreas simultaneamente.

Em termos simples, como você descreveria o cálculo fracionário e a teoria de conjunto fuzzy para alguém que não é da área?
Michele: São duas áreas que generalizam o cálculo clássico da matemática e servem como ferramentas para estudar fenômenos reais, tais como a propagação da COVID-19, tema de aplicação da nossa tese. A teoria de conjuntos fuzzy permite considerar incertezas nesse estudo, enquanto o cálculo fracionário permite incluir efeito de memória na dinâmica, proporcionando um melhor ajuste dos dados.

Como esses conceitos foram aplicados em seu estudo para modelos epidemiológicos da COVID-19?
Michele: Cálculo fracionário nos permitiu considerar efeito de memória na dinâmica do estudo, gerando ótimos ajustes de dados e, consequentemente, valores de parâmetros importantes para conclusões sobre a epidemia. A teoria de conjuntos fuzzy foi ferramenta para incluir uma margem de erro nas conclusões, ou seja, considerar as incertezas. Além disso, um conceito da teoria fuzzy (conceito de norma triangular) foi usado para incluir medidas de controle nos modelos matemáticos usados para estudar a propagação do vírus.

Michele leciona algumas disciplinas de graduação e segue a pesquisa na mesma área em seu pós doutorado (Foto: arquivo pessoal)

Quais foram as principais descobertas e conclusões do seu trabalho?
Michele: Para a teoria de cálculo fracionário, provamos um novo resultado que gerou diversas novas questões na área. Esse resultado evidencia o efeito de memória nos operadores do cálculo fracionário, desde que mostramos que esses operadores são médias ponderadas de valores históricos da função ou de sua derivada clássica. Além disso, propomos nova abordagem para tratar equações diferenciais fuzzy fracionárias, utilizando derivada fuzzy interativa. Trabalhamos cálculo fracionário em um especial espaço fuzzy que apresenta estrutura de espaço de Banach, o que não é comum em espaços fuzzy e permite o desenvolvimento de teoria de cálculo. Também, utilizamos um conceito fuzzy (norma triangular) para incluir medidas de controle em modelo epidemiológico, gerando bons resultados.

O que significa para você receber o prêmio Destaque de Teses da UNICAMP?
Michele: Significa um excelente reconhecimento de nossa pesquisa. Fico muito feliz e grata por esse prêmio que, além de nos trazer grande honra, traz a oportunidade de divulgar nossa pesquisa.

Como você acha que seu trabalho pode contribuir para a compreensão e o controle de pandemias como a COVID-19?
Michele: O trabalho gera novas ferramentas para modelagem matemática de fenômenos de biomatemática, dentre eles, fenômenos da epidemiologia. Com essas ferramentas, é possível considerar um número maior de fatores na investigação desse tipo de fenômeno, como efeito de memória e incertezas, simultaneamente. Além disso, o resultado que provamos para operadores do cálculo fracionário pode responder outras questões da área, contribuindo para o desenvolvimento desse cálculo e, consequentemente, de tudo o que ele proporciona.

Como a formação na UNIFAL – MG contribuiu para o desenvolvimento do seu estudo e para sua carreira acadêmica?
Michele: Quando iniciei o curso de doutorado, toda a base teórica que eu possuía sobre matemática, sobre ensino, sobre pesquisa, sobre extensão e sobre a vida prática além do conhecimento, base necessária durante todo o curso de doutorado, devo à minha formação na UNIFAL-MG.

Que conselhos você daria para estudantes que estão considerando seguir a Licenciatura em Matemática na UNIFAL – MG?
Michele: É um curso excelente, com professores maravilhosos que se importam muito com o aprendizado geral de cada aluno. Aproveitar cada etapa do curso proporcionará excelentes oportunidades no futuro.

Quais são os diferenciais e pontos fortes do curso de Licenciatura em Matemática da UNIFAL – MG que você destacaria?
Michele: Na minha opinião, o ponto forte são os professores que unidos se dedicam muito a ajudar cada aluno em diversos aspectos além do conteúdo. Além disso, a grade curricular é muito abrangente até em comparação a um curso de bacharelado e os professores têm muito conhecimento.

Quais são seus planos futuros na área acadêmica e de pesquisa?
Michele: Ser professora de matemática em cursos de graduação de universidades, o que permite unir ensino, pesquisa e extensão.

Existe algum novo projeto ou área de estudo que você está explorando atualmente?
Michele: Atualmente, sou pós-doutoranda na Unicamp, lecionando algumas disciplinas de graduação e continuando a pesquisa na mesma área do doutorado.

Gostaria de deixar alguma mensagem final para os leitores, especialmente para aqueles interessados em matemática e pesquisa científica?
Michele: A matemática é uma área linda e muito vasta, inúmeros conhecimentos e aplicações podem ser usados na prática, não apenas como professor. Ser professor, por sua vez, é uma dádiva, pois podemos ensinar ainda mais do que “dois mais dois”.

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