Depois do fim: O luto de viver a vida

Capa do álbum Depois do Fim, de Lagum. (Imagem: Divulgação)

O álbum Depois do fim, da banda Lagum, marca o quarto disco de estúdio da banda mineira. Teve sua estreia em 2023 e conta com 14 faixas e uma história de amizade, luto e superação por trás das gravações.

A banda teve início em 2014, criada em BH por um grupo de amigos. Até o ano de 2020, era composta por cinco membros: Pedro Calais (vocalista), Otávio Cardoso (Zani) (guitarrista), Jorge Borges (guitarrista), Francisco Jardim (Chico) (baixista) e Breno Braga (Tio Wilson), que era o baterista.

O sucesso da banda começou com a música “Deixa”, uma parceria com a cantora Ana Gabriela, que hoje acumula mais de 200 milhões de acessos no Spotify. Após isso, a carreira começou a decolar, com milhares de shows realizados.

No ano de 2020, Breno Braga faleceu devido a uma miocardiopatia dilatada. Após a morte do baterista, a banda lançou o álbum Memórias (de onde nunca fui), que contém os últimos registros musicais de Breno; toda a bateria do disco foi gravada por ele.

Após o período de luto, a banda lançou três músicas em um mini álbum denominado Fim e, posteriormente, o álbum Depois do fim, que marca a transição para a nova formação do grupo.

O disco conta com 14 faixas e foi produzido em dois meses pelos membros, de maneira totalmente imersiva. Durante esse tempo, eles viveram juntos em uma casa para se reconectarem.

A primeira música do álbum, “Intro”, é a única não cantada pelo vocalista Pedro, sendo interpretada pelo guitarrista Zani. A música nos traz uma reflexão sobre a busca de esperança e as incertezas em um mundo cheio de transformações. Sugere que, em um mundo onde temos a sensação de estar reiniciando tudo, a nossa incerteza é a única certeza, que o acaso vai nos guiar .

“Depois do fim”  é a segunda faixa. Sua letra fala sobre o rompimento de uma relação e o processo de seguir em frente, com a certeza de que não há intenção de voltar e com o desejo de viver sem o peso das lembranças da antiga relação.

A terceira faixa, ‘De amor eu não morri’, mostra a autodescoberta do eu lírico e sua independência emocional. A letra narra o processo de cura de uma relação intensa, mas sem final feliz. A mensagem central é a possibilidade de viver feliz e encontrar sentido na vida mesmo sem um relacionamento.

A quarta faixa, ‘Olha Bela’, não estreou junto com as demais. Uma das grandes apostas da banda, foi lançada em 3 de fevereiro de 2023. Uma possível interpretação dessa música é sobre a vida de solteiro e a liberdade de observar outras pessoas, aproveitar a vida sem se prender.

A quinta faixa, ‘Nem vi que o tempo voou’, cria um ambiente intimista com alguém especial, onde o tempo se torna irrelevante. A música também sugere uma reflexão sobre como, quando estamos com alguém de que gostamos, não percebemos a passagem rápida do tempo.

A sexta faixa, ‘Outro alguém’, pode ser considerada uma das mais profundas. A música é cantada em três idiomas (português, inglês e italiano) e aborda a liberdade de viver o que se deseja e ser quem se quiser. O refrão misturando os idiomas reforça essa ideia de que, independente do lugar onde vivemos, todos têm essa ânsia por liberdade.

A sétima faixa, ‘Habite-se’, é fruto da contribuição de toda a equipe e traz uma reflexão sobre ser ou não ser. Questiona quem somos e ressalta a importância de se conhecer e gostar do que vemos no espelho, principalmente antes de gostar de outra pessoa.

‘Frágil’, a oitava faixa, trata da vulnerabilidade das emoções em tempos difíceis. Transmite um desejo de superação e busca por equilíbrio, refletindo sobre o impacto das experiências e escolhas na jornada pessoal.

‘Mudou nada’, faixa 9,   de um relacionamento intenso com altos e baixos emocionais, explorando sentimentos que vão do amor à raiva em uma relação tumultuada.

A faixa 10, ‘Ou Não’, aborda um relacionamento marcado pela incerteza e pela saudade. A letra expõe a dor de alguém que está distante de seu amor, mas ainda relembra os momentos vividos juntos.

‘Coisa boa’, a décima primeira faixa, celebra o amor e a convivência com alguém especial, admirando o modo como a pessoa enxerga o mundo e expressando o desejo de superar dificuldades e viver o restante da vida juntos.

A faixa 12, ‘Sobre mim’, reflete sobre conexões. Versa sobre o sentimento de insegurança e o desejo de ser compreendido em um relacionamento, enquanto o eu lírico tenta se abrir para o parceiro, desejando que ele veja além de suas imperfeições.

‘Ponto de vista’, a décima terceira faixa, aborda as diferentes percepções em um relacionamento, destacando como as experiências moldam nossa visão do mundo. A música   sobre empatia e comunicação para construir conexões profundas.

Por fim, a última faixa, ‘Mantra do bom término’, retrata a aceitação e a superação após o fim de um relacionamento. A letra nos faz pensar sobre a importância de seguir em frente. Sugere que, em vez de ficarmos presos à dor, é essencial valorizar os aprendizados de cada experiência e buscar evoluir como pessoa.

Depois do fim  não é apenas um álbum, mas um convite à reflexão sobre os finais e os recomeços. Ao longo das faixas, a banda Lagum nos guia por uma jornada de dor, aceitação e, finalmente, renovação. O álbum, ao tocar em temas universais como superação e autoconhecimento, estabelece uma conexão profunda com os ouvintes, que podem se ver refletidos nas letras e no som da banda. Dessa forma, Depois do fim se consagra como um trabalho que, mais do que falar sobre o fim, nos ensina sobre os novos começos que surgem quando aprendemos a lidar com as perdas.

Paratexto editorial Resenha Crítica, produzido no âmbito da disciplina “Introdução à Editoração”, ministrada pela professora Flaviane Faria Carvalho, em parceria com os projetos +Ciência (FAPEMIG/UNIFAL-MG) e Laboratório de Estudos Editoriais (PROEC/UNIFAL-MG).

Evelyn Vitória de Souza Gomes é estudante do 2º período do curso de Letras/Bacharelado em Língua Portuguesa da UNIFAL-MG.

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