Escolha alimentar de idosos sul-mineiros é guiada por saúde e não por controle de peso, aponta estudo

Estudo da UNIFAL-MG destaca que o controle de peso foi um dos fatores menos importantes da escolha alimentar entre indivíduos com 60 anos ou mais
Imagem ilustrativa. (Foto: Reprodução/Canva Education)

Ao avaliar os motivos da escolha alimentar entre idosos brasileiros, pesquisadores da UNIFAL-MG identificaram que o controle de peso é tido como um dos fatores menos importantes para indivíduos com 60 anos ou mais, ao passo que a saúde é um dos elementos mais cruciais.

O estudo intitulado Fatores de escolha alimentar e consumo nutricional de idosos brasileiros segundo características sociodemográficas e de saúde, em livre tradução, é parte da dissertação de mestrado da pesquisadora Micaela Aparecida Teodoro, discente do Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Longevidade da UNIFAL-MG (PPGNL), desenvolvida sob a orientação dos professores Sinézio Inácio da Silva Júnior e Wanderson Roberto da Silva. O artigo, assinado pelos três pesquisadores, contou também com a colaboração da professora Maria Claudia Bernardes Spexoto, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), e foi publicado no periódico científico Appetite, em agosto de 2024, sendo citado também no Editorial da própria revista em janeiro de 2025.

Para a elaboração do estudo, foram entrevistados 168 idosos residentes na comunidade com idade igual ou superior a 60 anos. Os participantes foram entrevistados em seus domicílios no sul de Minas Gerais entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2022. A coleta de informações sociodemográficas e de saúde ocorreu por meio de um questionário estruturado. Já para a coleta dos dados de consumo alimentar, foi utilizado um Questionário de Frequência Alimentar reduzido.

A avaliação da importância dos motivos da escolha alimentar foi realizada mediante o uso do Questionário de Escolha Alimentar, o qual engloba nove dimensões, a saber: saúde, humor, conveniência, apelo sensorial, conteúdo natural, preço, controle de peso, familiaridade e preocupação ética. Cada uma dessas dimensões é classificada em uma escala que varia de 1 a 4, sendo 1 “nada importante” e 4 “muito importante”.

Os resultados demonstram que os motivos mais importantes da escolha alimentar entre idosos – com uma pontuação máxima de importância de 4 – são saúde, conteúdo natural, preço, apelo sensorial e familiaridade. Em contrapartida, os fatores apontados como menos importantes são: conveniência, humor e controle de peso, com pontuações de importância de 3,40, 3,33 e 3,0, respectivamente. A preocupação ética, por sua vez, ocupa uma posição intermediária no ranking desses indivíduos, com uma pontuação de importância de 3,67.

Segundo o professor Sinézio Júnior, um dado que chama atenção é que os idosos com 80 anos ou mais atribuem menos importância ao critério de saúde. “A saúde, como esperado, é um dos motivos mais significativos para a escolha alimentar, mas consideramos um grande destaque dos resultados o fato de que idosos mais longevos (80 anos ou mais) valorizam menos o critério ‘saúde’ do que aqueles de 60 a 69 anos”, destaca.

No texto do artigo, os autores afirmam que as características individuais influenciam de modo significativo as escolhas alimentares entre idosos. “As mulheres atribuíram maior importância ao controle de peso e aos fatores relacionados à saúde em comparação aos homens, já os homens apresentaram maior ingestão energética total em comparação às mulheres”, exemplificam.

Conforme Micaela Teodoro, a ingestão de macronutrientes, como carboidrato, lipídio e proteína, bem como de energia total ficou abaixo da recomendada pelas diretrizes brasileiras durante o envelhecimento. “Este resultado deve causar preocupação para a saúde pública, mas também pode ser visto com cautela, devido à possível subnotificação”, afirma.

A perspectiva dos autores é de que as contribuições trazidas pela pesquisa possam ser direcionadas tanto à comunidade científica quanto à prática clínica. “Os resultados deste estudo são úteis para pesquisas futuras e para a identificação de grupos vulneráveis ​​em relação ao estado nutricional e de saúde”, destacam.

“Apesar de ter sido realizado com idosos residentes na comunidade em uma região específica do sudeste do Brasil, os resultados podem ser úteis para orientar ações em contextos semelhantes”, concluem os pesquisadores.

Este estudo foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES).

Para ler o artigo completo, acesse aqui.

Vitoria Gabriele Souza Geraldine é acadêmica do curso de Medicina da UNIFAL-MG e bolsista do projeto +Ciência, cuja proposta é fomentar a cultura institucional de divulgação científica e tecnológica. A iniciativa conta com o apoio da FAPEMIG por meio do Programa Comunicação Pública da Ciência e da Tecnologia para desenvolvimento.

*Texto elaborado sob supervisão e orientação de Ana Carolina Araújo

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