A UNIFAL-MG será contemplada com aproximadamente R$ 4,2 milhões para a instalação de um Laboratório de Análises de Contaminantes Emergentes e para a execução de um projeto de pesquisa e extensão voltado à qualidade da água no reservatório da Usina Hidrelétrica de Furnas. O anúncio foi feito pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, como parte das ações do Programa de Revitalização dos Recursos Hídricos na área de influência de Furnas. Ao todo, foram destinados mais de R$ 340 milhões para obras e projetos na região do Lago de Furnas.
O projeto da UNIFAL-MG, intitulado “Contaminantes emergentes na bacia hidrográfica de Furnas: avaliação quali e quantitativa, mapeamento e manejo de risco, divulgação à comunidade e educação ambiental”, foi aprovado pelo Comitê Gestor da Conta do programa e será executado com recursos da Eletrobras, responsável pelas contratações e aquisição de equipamentos. Do valor aprovado, R$ 3,6 milhões são destinados a compra de equipamentos e R$ 591 mil para outras ações.

Segundo o Ministério de Minas e Energia, a iniciativa combina tecnologia de ponta, pesquisa científica e ações de educação ambiental, com foco no uso sustentável dos recursos hídricos e na preservação do ecossistema local. “A ação representa uma iniciativa essencial para a gestão sustentável dos recursos hídricos e a preservação ambiental na região do lago de Furnas, combinando tecnologia de ponta, pesquisa científica e ações de educação ambiental, em especial para fomentar a qualidade da água e a saúde dos ecossistemas”, afirmou o ministro Alexandre Silveira.
Coordenado pelo professor Eduardo Figueiredo, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNIFAL-MG, o projeto prevê a instalação e o aprimoramento de um centro analítico avançado na Universidade, voltado à detecção de substâncias que representam riscos ao meio ambiente e à saúde pública, como agrotóxicos, antibióticos, metais pesados e resíduos de produtos de higiene e limpeza.
“O impacto desse projeto para a comunidade é muito grande”, afirma o coordenador. Segundo ele, pela primeira vez a UNIFAL-MG contará com uma estrutura laboratorial capaz de realizar análises detalhadas dessas substâncias nas águas da Represa de Furnas. “Esses contaminantes incluem agrotóxicos e fármacos, especialmente antibióticos que em baixas concentrações podem contribuir para a resistência bacteriana, além de metais e outros compostos tóxicos que afetam tanto o ecossistema quanto a saúde da população.”

De acordo com o professor, os sistemas tradicionais de tratamento de esgoto e de água potável não são capazes de eliminar completamente esses poluentes. “Em vários locais do mundo, já foi detectada a presença dessas substâncias até mesmo em águas de abastecimento. No Sul de Minas, há apenas projetos pontuais sobre esse tema. Um projeto abrangente como este, que envolva toda a bacia hidrográfica de Furnas, nunca foi executado por falta de infraestrutura.”
A parceria com o MME viabiliza a aquisição de equipamentos de última geração, somados aos que já existem na Universidade. “Nossa capacidade analítica hoje se equipara à dos grandes centros de pesquisa do país”, ressalta o coordenador. “Esse tipo de investimento dificilmente seria viabilizado pelas agências de fomento convencionais e vai trazer avanços significativos para o Sul de Minas. Com a estrutura que estamos montando, a pesquisa na região poderá avançar sobremaneira”, conclui.
Além de ampliar a produção científica e a atuação em projetos ambientais, o laboratório será um importante espaço de formação para alunos da graduação e da pós-graduação. No local, os estudantes poderão desenvolver estágios curriculares, realizar pesquisas e prestar serviços à comunidade, contribuindo diretamente para o desenvolvimento de teses e dissertações.
Pesquisa e Extensão
Além da criação do laboratório, o projeto prevê a realização de diagnóstico e monitoramento de contaminantes emergentes para identificar pontos críticos e implementar ações de educação e mitigação de impactos. A pesquisa tem como foco o reservatório da Usina Hidrelétrica de Furnas, que abrange os municípios de São João Batista do Glória e São José da Barra, com 1.440 km² de lago formado pelos rios Grande, Sapucaí, Verde, Jacaré, Santana e Machado. O reservatório impacta cerca de 50 municípios e uma população de aproximadamente 1 milhão de pessoas, fornecendo água, energia, suporte à piscicultura e irrigação. O Braço Sapucaí será a principal área de estudo, com foco na análise de água e sedimentos.
A equipe de pesquisa utilizará técnicas de georreferenciamento, imagens de satélite e drones para mapear fontes de poluição e superar dificuldades de acesso. Amostras de água e sedimentos serão coletadas a cada dois meses, ao longo de 12 meses, para análise de metais e compostos orgânicos. Os dados serão tratados estatisticamente para avaliação de risco ambiental, e medidas de manejo serão propostas.

No âmbito da extensão universitária, o projeto realizará atividades de educação ambiental em escolas e eventos para sensibilizar a comunidade sobre os resultados e práticas de manejo. A equipe também fará visitas a agricultores, piscicultores, pecuaristas e empresas próximas aos pontos de coleta, para levantamento de informações e demandas. Os dados do projeto serão divulgados por meio de um site e eventos públicos, e os resultados serão apresentados em publicações científicas.
“Essa conquista representa uma iniciativa estratégica voltada à preservação ambiental, promoção da saúde pública e desenvolvimento sustentável”, destaca a professora Giovana de Fátima Lima Martins, pró-reitora adjunta de Extensão e Cultura e integrante da equipe do projeto. Ela explica que a iniciativa aprovada articula pesquisa, extensão e responsabilidade social, promovendo a troca de saberes com a comunidade e a construção de soluções participativas para os desafios ambientais da região.
“Para além do impacto social, da interação com os diferentes atores locais, do levantamento de dados e das ações de mitigação, a proposta impulsiona a produção científica, possibilita a capacitação de estudantes em tecnologias de ponta, fomenta oportunidades de estágio e fortalece a inserção da extensão nos currículos acadêmicos. Alinhada às demandas concretas da sociedade, a iniciativa amplia o alcance e a relevância da ciência e da universidade pública no território em que atua”, destaca Giovana Martins.
Sobre o impacto do projeto na comunidade, a presidente do Circuito Lago de Furnas e secretária adjunta do CBH Furnas GD3, Thayse de Castro, reforçou o apoio do Comitê de Bacia e do Ministério de Minas e Energia para aprovação do recurso. Segundo ela, a importância do laboratório na região é imensa, pois abre um horizonte de oportunidades para a melhoria da qualidade da água. “As ações realizadas pelo laboratório beneficiarão não apenas a região do Lago de Furnas, mas, posteriormente, também os rios afluentes e toda a Bacia do Rio Grande. Essa é uma grande conquista para o turismo, o meio ambiente e, principalmente, a saúde da nossa população”, conclui.
Potência Institucional

Para o professor Francisco Xarão, Pró-Reitor de Extensão e Cultura da UNIFAL-MG, A viabilização do projeto “Contaminantes emergentes na bacia hidrográfica de Furnas: avaliação quali e quantitativa, mapeamento e manejo de risco, divulgação à comunidade e educação ambiental”, com intervenção social no mapeamento de riscos e de educação ambiental para mitigação de impactos representa a maior conquista da história da extensão da UNIFAL-MG. “Nunca antes na história dessa pró-reitoria uma ação captou tanto investimento. Por óbvio, essa conquista será compartilhada, pois fazer extensão é estabelecer indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão. Nunca antes recebemos um volume que representasse cinco anos de orçamento da Proec”, finaliza.
O reitor da UNIFAL-MG, professor Sandro Amadeu Cerveira, destacou a importância da iniciativa como demonstração do papel estratégico das universidades públicas para o desenvolvimento científico do país. “Quando as pessoas ouvem que mais de 90% da pesquisa feita no nosso país ocorre nas e com as universidades federais e públicas de forma geral, isso às vezes pode parecer apenas um número. Este projeto, entretanto, faz com que esse número se torne realidade, se torne concreto”, afirmou.
Segundo o reitor, ao atuar com excelência na pesquisa e na extensão, a Universidade cumpre sua função de enfrentar problemas concretos que afetam a vida das pessoas e das comunidades. “Nossa Universidade precisa comemorar essa conquista porque ela é, mais uma vez, um atestado da qualidade das nossas colegas pesquisadoras e pesquisadores, e extensionistas, e do esforço da Universidade como um todo no sentido de se inserir na nossa região de maneira potente e resolutiva.”
Além do coordenador, Prof. Eduardo Costa de Figueiredo, a equipe é formada pelos docentes Giovana de Fátima Lima Martins, Mariane Gonçalves Santos e Pedro Orival Luccas, do Instituto de Química, e pelas professoras Isarita Martins Sakakibara e Vanessa Bergamin Boralli Marques, ambas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas.
Com informações da coordenação do projeto e da assessoria do Ministério de Minas e Energia, do Governo Federal.