A aproximação entre meninas do ensino médio, calouras universitárias e cientistas mulheres tem se mostrado uma estratégia eficaz para transformar a forma como elas percebem a carreira científica. Essa é a principal constatação do projeto Ciência, coisa de menina, idealizado em 2022 pela docente e mentora Renata Piacentini Rodriguez, professora do Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT) da UNIFAL-MG Poços de Caldas.

O projeto acontece por meio da execução de um programa de mentoria mensal, realizado inicialmente em Poços de Caldas-MG, com estudantes do ensino médio e calouras da UNIFAL-MG. A equipe desenvolveu atividades voltadas a estimular a percepção dessas jovens sobre a carreira científica, ajudando-as a enxergar a universidade como um caminho possível para esse futuro. A proposta incluiu encontros regulares com cientistas mulheres, promovendo o contato direto com modelos inspiradores, e utilizou redes sociais para ampliar o alcance das ações (como o perfil no Instagram @cienciacoisademenina).
A partir dessa experiência inicial e de seus resultados positivos, a proposta foi expandida para atuação em âmbito nacional com a colaboração de outras instituições federais, como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o Instituto Federal da Bahia (IFBA) e o Instituto Federal de Alagoas (IFAL).
Segundo a professora, os resultados do projeto têm o potencial para mudar vidas ao ampliar horizontes e criar oportunidades reais para meninas que, muitas vezes, não se viam representadas na ciência. “Com o projeto, também se espera que o contato com a metodologia científica desperte o pensamento crítico e questionador das participantes, de forma a reduzir o impacto das fake news e da pseudociência ao longo de suas vidas. Entre os grandes resultados almejados, destaca-se a redução da desigualdade e da iniquidade de gênero na ciência brasileira”, completou a mentora.
Ciência, coisa de menina fortalece a autoestima, a confiança e o senso de pertencimento dessas jovens nos espaços acadêmicos e científicos. Isso contribui para aumentar a diversidade nas áreas STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) e formar uma nova geração de cientistas mais representativa e plural, o que, por sua vez, beneficia toda a sociedade.
Atualmente, o projeto tem atividades desenvolvidas nas cinco cidades-polo distribuídas por três regiões do Brasil: Penedo (AL), Salvador (BA), Poços de Caldas (MG), Florianópolis (SC) e Tramandaí (RS). Uma das demandas identificadas na etapa anterior foi a necessidade de promover o letramento científico entre professores do ensino médio, ação que integra as metas do ciclo atual. Além disso, a iniciativa prevê capacitações para as participantes em temas fundamentais como violência doméstica, assédio sexual e educação reprodutiva, ampliando significativamente seu escopo de atuação. Também estão previstos esforços de divulgação científica por meio de podcasts e vídeos no YouTube.

“As atividades nacionais começarão neste ano, com as primeiras oficinas do programa de mentoria marcadas para maio nas cinco cidades participantes. O curso de letramento científico está previsto para o segundo semestre de 2025, e ainda em 2025 serão realizadas mais três oficinas de mentoria. O projeto seguirá em desenvolvimento até o início de 2028. Estamos animadas com o alcance que o projeto vem tomando e confiantes de que ele será transformador”, afirma Renata Rodriguez.
O projeto inicial Ciência, coisa de menina teve financiamento da FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais). A nova proposta de expansão nacional foi submetida ao edital do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) para continuidade e ampliação das ações.
(Fotos: Arquivo/Projeto Ciência, coisa de menina)
Acompanhe o projeto pelo Instagram neste link e inspire-se com as trajetórias de quem está transformando a ciência no Brasil.

Mariana Cassiano Ribeiro é jornalista e bolsista do projeto +Ciência, cuja proposta é fomentar a cultura institucional de divulgação científica e tecnológica. A iniciativa conta com o apoio da FAPEMIG por meio do Programa Comunicação Pública da Ciência e da Tecnologia para desenvolvimento.
*Texto elaborado sob supervisão e orientação de Ana Carolina Araújo