Entre os meses de fevereiro e março, a UNIFAL-MG conquistou três novas patentes junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), as quais marcam o reconhecimento do ineditismo e da aplicabilidade de tecnologias desenvolvidas por pesquisadores da Universidade nas áreas de medicamentos, cosméticos e higiene pessoal. As invenções abrangem desde nanossistemas micelares voltados à limpeza e hidratação da pele, sistemas dispersos e nanodispersos com potencial antimicrobiano até composições fitoterápicas para transtornos de ansiedade. Todas as três invenções contaram com a orientação do professor e pesquisador Mateus Freire Leite, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF).
Cosmético multifuncional com ação antimicrobiana

A primeira patente concedida envolve Sistemas micelares para remoção de maquiagem, limpeza e hidratação cutânea, cuja criação possibilita a remoção de maquiagem, limpeza e hidratação da pele de maneira eficiente e sem causar ressecamento.
Essa inovação é fruto de uma pesquisa orientada pelo professor Mateus Freire Leite e desenvolvida pelas pesquisadoras: Alessandra Ferreira dos Santos, Ananda Pulini Matarazzo, Daniela Mayra de Oliveira Figueiredo, Isabelly Fernanda Ferraz de Souza, Lilian Pereira Franco e Rayssa Araujo dos Santos.

A tecnologia utiliza tensoativos biocompatíveis que promovem a higienização da pele ao mesmo tempo em que preservam sua hidratação natural. “O produto, ao combinar três funções em um só sistema, simplifica a rotina de cuidados e atende à crescente demanda por preparações mais eficazes e suaves para a pele, especialmente de pessoas com maior sensibilidade cutânea”, explica o professor Mateus Leite.
A pesquisa, cujo patenteamento ocorreu entre agosto de 2020 e fevereiro de 2025, apresenta um tipo de tecnologia que utiliza micelas em escala nanométrica, pequenas estruturas compostas por moléculas que, neste caso, removem impurezas, oleosidade e resíduos de maquiagem da pele de forma eficaz e suave, sem agredir ou ressecar a pele e ainda com o benefício de manter a pele hidratada.
De acordo com o pesquisador, o produto foi gerado a partir de uma disciplina voltada à criação de cosméticos inovadores na UNIFAL-MG, e integra empreendedorismo, tecnologia e viabilidade de mercado. “Além dos benefícios diretos ao consumidor, essa inovação também representa um avanço importante para a indústria cosmética e o cenário educacional brasileiro”, comenta. “A iniciativa está alinhada aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como Saúde (ODS 3), Consumo Responsável (ODS 12), Educação de Qualidade (ODS 4) e Inovação (ODS 9) ao estimular práticas sustentáveis, reduzir desperdícios, formar profissionais com visão empreendedora e aproximar a academia do setor produtivo”, acrescenta.
O professor Mateus Leite revela que essa tecnologia já está em processo de licenciamento para o mercado.
Solução tópica desenvolvida durante a pandemia

Outra patente aprovada diz respeito a Sistemas dispersos e nanodispersos ozonizados para aplicação tópica na pele e mucosas, desenvolvidos durante a pandemia de Covid-19, como alternativa aos antissépticos convencionais. Tais sistemas contêm óleo vegetal ozonizado, preferencialmente o de girassol em formulações emulsionadas.
Com processo de patenteamento iniciado em julho de 2021 e concessão da patente em fevereiro de 2025, a invenção foi desenvolvida no âmbito do projeto de iniciação científica da estudante Andressa Reis Passos, sob orientação do professor Mateus Leite, e contou com apoio de colaboradores do Laboratório de Microbiologia, professor Luiz Carlos do Nascimento e Patrícia Lunardelli Negreiros de Carvalho.
A invenção envolve sistemas cosméticos estabilizados por tensoativos contendo ativos para procedimentos de limpeza facial, remoção de maquiagem e hidratação cutânea a partir de sistemas nanométricos emulsionados.

Para Andressa Passos, o processo de desenvolvimento foi desafiador. “A combinação de ambas condições (óleo vegetal + ozônio) traz para a formulação um aumento de sua densidade e, consequentemente, um sensorial pegajoso. Porém, a combinação apesar de pouco aceita sensorialmente, apresenta significativa ação microbiana. Para nossa invenção, diante da pouca abordagem sobre o assunto, trazemos a invenção de uma formulação contendo componentes estáveis com sensorial adequado para o uso tópico, dotado de óleo de girassol ozonizado, com ação antimicrobiana”, relata.
Além disso, a acadêmica lembra que o processo de desenvolvimento da invenção foi realizado durante a pandemia, o que levou a equipe a enfrentar obstáculos para aquisição dos insumos necessários e execução do estudo. “O desafio enfrentado foi de suma importância para o conhecimento/necessidades de nossa invenção e também para o desenvolvimento como pesquisadores”, reconhece, dizendo que na falta dos insumos, o grupo precisou se reinventar e testar componentes viáveis.

“Participar de um estudo que segue para um pedido de patente e, posteriormente, para o deferimento no INPI, é de um sentimento de gratificação e de que a ‘busca por inovação’ se mantém viva no ambiente acadêmico”, compartilha.
Segundo o professor Mateus Leite, o diferencial da invenção está na combinação do poder antimicrobiano do óleo de girassol ozonizado com formulações estáveis, agradáveis ao toque e seguras para uso diário. “Essa solução surgiu como alternativa aos antissépticos convencionais, especialmente frente à escassez de álcool em gel, durante a pandemia de Covid-19, e seus efeitos indesejados, como o ressecamento e irritação da pele”, diz.
O orientador lembra que o produto também se alinha a vários Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) ao oferecer proteção segura contra infecções; estimular a inovação industrial (ODS 9) com o uso de tecnologia em emulsões nanométricas; promover o consumo consciente e sustentável (ODS 12) por utilizar matérias-primas naturais; e valorizar os recursos naturais de forma ecologicamente responsável (ODS 15).
“A tecnologia, além de promissora para a indústria cosmética e farmacêutica, representa um avanço acessível, sustentável e eficiente para a sociedade”, completa.
Fitoterápico para transtornos de ansiedade

A terceira invenção patenteada foi desenvolvida em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e envolve Composições farmacêuticas fitoterápicas sólidas contendo extrato seco de Lippia alba”. A planta é conhecida por suas propriedades ansiolíticas, sedativas, antiespasmódicas e anti-inflamatórias. O produto foi formulado em comprimidos para facilitar o acesso a tratamentos naturais e seguros.
Essa invenção é fruto do trabalho de mestrado de Maiara Prates de Almeida, discente do Programa de Pós-Graduação (PPG) em Biociências da UFBA, sob orientação do professor Mateus Leite, também credenciado naquele PPG. Na UFBA, a pesquisa contou ainda com a colaboração dos professores Juliano Geraldo Amaral e Angélica Ferraz Gomes, além da discente Lorena Alves de Oliveira Silva.
Na UNIFAL-MG, o insumo vegetal padronizado, por tecnologia de secagem por atomização, foi obtido por meio da colaboração com os professores Geraldo Alves da Silva e Marcelo Aparecido da Silva. Esta etapa foi fundamental para o cumprimento em um dos requisitos de patenteabilidade, o da aplicação industrial, para a obtenção adequada dos comprimidos de Lippia alba.


Conforme o professor Mateus Leite, a patente representa um avanço significativo no desenvolvimento de medicamentos fitoterápicos a partir da biodiversidade brasileira. “A invenção propõe uma formulação farmacêutica estável e eficaz na forma de comprimidos, utilizando extrato seco de Lippia alba, planta conhecida por suas propriedades ansiolíticas, sedativas, antiespasmódicas e anti-inflamatórias”, explicca. “Essa composição contribui para ampliar o acesso a tratamentos naturais e seguros, fortalece a cadeia produtiva de fitoterápicos no Brasil e incentiva o uso sustentável dos recursos naturais, promovendo a bioeconomia no país”, complementa.
Essa tecnologia também está alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma vez que contribui para a saúde e bem-estar (ODS 3), promove inovação e sustentabilidade na indústria farmacêutica (ODS 9), e valoriza o uso responsável dos recursos naturais (ODS 12 e 15).
O pedido de patente foi realizado em dezembro de 2020 e o deferimento ocorreu em março de 2025.
Processo de patenteamento
A Agência de Inovação em Empreendedorismo da UNIFAL-MG participou ativamente do processo de patenteamento das pesquisas. Conforme a professora Izabella Carneiro Bastos, diretora da Agência, as cartas-patente são documentos que conferem o monopólio de determinadas tecnologias a seus respectivos titulares ou criadores. “Investir em determinadas pesquisas e/ou projetos, em um mundo cada vez mais globalizado, também envolve a necessidade de se proteger e de firmar a responsabilidade sobre essas”, explica.
Para ela, a conquista das patentes confirma a excelência das pesquisas que geraram as invenções, bem como o trabalho da equipe da Agência na articulação do processo de patenteamento. “Esse processo de concessão de patentes para pesquisas da UNIFAL-MG, por meio da Agência de Inovação e Empreendedorismo, reforça a seriedade e o compromisso das investigações realizadas, pois elas atendem a todos os requisitos exigidos para a obtenção da patente. Com a proteção legal das pesquisas, é possível impulsionar a inovação e a transferência de tecnologia, ao mesmo tempo em que se dá maior visibilidade aos projetos desenvolvidos na Universidade Federal de Alfenas”, argumenta.
“Esperamos, com mais esse resultado positivo, poder ampliar cada vez mais nossos trabalhos e o nosso alcance, e que as pesquisas da UNIFAL-MG tenham cada vez mais credibilidade”, finaliza.
Para saber detalhes sobre como solicitar o depósito de pedido de patente na UNIFAL-MG, acesse aqui.