A “Semana da África” é uma ação de extensão pensada pelos discentes africanos dos três campi da UNIFAL-MG em parceria com o Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) e a Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários e Estudantis (PRACE) da Universidade. O evento objetiva fortalecer os laços entre o Brasil e o continente Africano, por meio da troca de saberes e diálogos entre as diferentes culturas.

A atividade é coordenada pela professora Janaína de Mendonça Fernandes, do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) da UNIFAL-MG e presidenta do NEABI, e pelo técnico administrativo Júlio Cesar Barbosa, pró-reitor adjunto da Prace. “Temos que entender que um país que não conhece suas origens, não consegue olhar para o horizonte de seu futuro. A origem do Brasil também é Africana”, afirma a docente.
A iniciativa ocorre em comemoração ao Dia Mundial da África, data que celebra anualmente a fundação da União Africana. “Criada em 25 de maio de 1963, a organização se esforça para representar um continente vibrante de 1,2 bilhão de pessoas. Ao todo, são 54 países que compõem o continente Africano. Desse total, 48 são países continentais e seis insulares”, enfatiza Janaína Fernandes. A atividade foi realizada entre os dias 27 e 30 de maio, nos campi Sede e Varginha.

“Para mim, a África representa minhas raízes, minha identidade e minha história. Carrego comigo o orgulho de pertencer a um continente tão rico em cultura, diversidade, força e resiliência. A África é muito mais do que as histórias que são contadas. Ela é berço de civilizações antigas, de sabedoria, de inovação e de arte”, evidencia o moçambicano Simão Lucas Sibindy, discente do curso de Medicina da UNIFAL-MG.

Segundo ele, o Dia Mundial da África é uma data extremamente simbólica e importante, pois é celebrada a luta dos povos africanos pela sua liberdade, união e desenvolvimento. “É um momento de reflexão, de orgulho e de valorização da nossa história e da nossa cultura”, ressalta. O estudante relata que estar no Brasil lhe permite vivenciar a troca de culturas e, por meio da convivência com amigos (as) e professores (as), perceber como as histórias se conectam, as lutas se cruzam e, principalmente, como a troca de aprendizados enriquece a todos enquanto seres humanos. “Que o Dia da África sirva para lembrarmos a grandeza do nosso continente e a importância de fortalecer os laços culturais”, complementa.

A abertura oficial do evento foi realizada no dia 28 de maio, às 10h30, no Auditório do prédio R-101, no campus Sede da UNIFAL-MG, em Alfenas. A solenidade contou com a apresentação do coral da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC) do município. No repertório, foram interpretadas as músicas “Não chores mais (No woman no cry)”, na versão de Gilberto Gil e Paralamas do Sucesso, e um medley que reuniu “Olhos Coloridos”, de Sandra de Sá, e “Nego Drama”, do grupo de rap Racionais MC’s.
A mesa de abertura foi composta pelo vice-reitor da UNIFAL-MG, o professor Alessandro Antônio Costa Pereira; pela professora Janaína de Mendonça Fernandes; pelo professor Júlio Cesar Barbosa; pela pró-reitora adjunta de extensão, a professora Giovana de Fátima Lima Martins; e pelo guineense Rioma Mario da Silva, discente do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciências e Economia (BICE) da UNIFAL-MG. No evento, o estudante atuou como mestre de cerimônia no campus de Varginha e foi representante dos discentes africanos no campus de Alfenas.

“Essa data é muito importante porque a Universidade abriu portas para nós, nos acolheu e ficamos muito felizes também pela presença do coral do APAC”, afirma Mario da Silva. De acordo ele, o evento é de extrema necessidade, por promover um diálogo que possibilita aos estudantes africanos apresentarem seus ideais, seu povo, suas danças e seus princípios, de forma que as pessoas possam conhecê-los, assim como eles estão conhecendo o Brasil. “Essa luta contra o racismo e a xenofobia, é bem grande, (…) mas se unirmos forças, conseguiremos mais visibilidade, impacto, maior dimensão e expansão das nossas ideias, além de afirmar nossa presença e nossos valores à sociedade e apresentar também os nossos direitos e respeito que nos são devidos”, enfatiza o discente.

Em Varginha, a abertura aconteceu no dia 29, às 17h, no Auditório do campus. Em ambos campi, os espaços foram marcados por apresentações musicais, danças africanas e recitações de poemas, além de desfile com trajes tradicionais. A atividade promoveu o diálogo entre os estudantes africanos e as comunidades interna e externa, com apresentações dos aspectos culturais de seus países, suas histórias, gastronomia e experiências pessoais.
No campus Varginha, compuseram a mesa a diretora do campus, a professora Gislene Araújo Pereira; o diretor do ICSA, o professor Manoel Vitor de Souza Veloso; a representante da Pró-Reitora de Assuntos Comunitários e Estudantis, a assistente social Raquel Ferreira de Figueiredo; a professora Janaína de Mendonça Fernandes; e a representante dos estudantes do continente Africano no campus, Ester N. Iambé, discente guineense do curso de Administração Pública da UNIFAL-MG..

Para António Júnior Menezes, natural de São Tomé e Príncipe, discente estudante do curso de Ciências Contábeis da UNIFAL-MG, o evento possibilitou quebrar estereótipos que persistem sobre o continente africano e mostrar a diversidade, a força e a riqueza das culturas africanas. “Ter esse espaço dentro da Universidade nos faz sentir acolhidos e valorizados, mesmo estando longe das nossas casas e culturas de origem. Foi um momento de conexão, troca e reafirmação da nossa identidade”, afirma. Ele complementa que espera que eventos como esse continuem acontecendo, pois são essenciais para a construção de uma Universidade mais diversa, inclusiva e consciente do seu papel social”, destaca.
Em Alfenas, o evento prosseguiu nos dias 29 e 30. No dia 29, no hall do V, a música africana ambientou os espaços comuns da Universidade, com destaque também para exposição de cinema africano e apresentação de jogos e brincadeiras tradicionais. No dia 30, foram realizadas oficinas de tranças e turbantes. “Em um momento em que dezenas de estudantes africanos que não se conheciam antes do contato com a UNIFAL-MG, tiveram que se unir e trocar experiências, notamos que a comunidade acadêmica ainda desconhece nossos países. Por isso, pensamos nessa data como um momento oportuno para partilhar sobre nossas origens, nossas culturas e nossos costumes”, salienta o angolano Idalécio Hernani Caetano Sebastião, discente do curso de Administração Pública da UNIFAL-MG.

O discente ressalta que essa atividade foi mais do que uma comemoração, foi um espaço para desconstruir estereótipos e reafirmar que África não é limitada, como a mídia afirma, à fome, à pobreza, às guerras e às doenças, mas sim, um continente com culturas diferenciadas e riquezas naturais, científicas, artísticas e intelectuais. “Eu diria que nunca me senti tão orgulhoso de ser africano quanto me senti ao realizar esta atividade, e é algo que sempre que possível estarei disponível para colaborar com muito prazer. Eu sou de Angola, eu sou África”, finaliza.
(Fotos: Dicom/UNIFAL-MG e Arquivo Pessoal)