Uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Longevidade (PPGNL) da UNIFAL-MG propôs a criação de um teste olfatório formulado com óleos essenciais com aromas comuns à população do Sul de Minas, tornando mais acessível os exames de acuidade olfativa.

O estudo é parte da dissertação de mestrado da pesquisadora Estéfany Chris Teodoro de Melo desenvolvida sob a orientação do professor Eric Batista Ferreira (Instituto de Ciências Exatas) e coorientação da professora Flávia Della Lúcia (Faculdade de Nutrição).
O trabalho analisa a acuidade olfativa de sujeitos hospitalizados e não hospitalizados comparando o desempenho olfativo sob aspectos como idade, sexo, doenças pregressas, tabagismo e exposição a poluentes, utilizando óleos essenciais com aromas mais comuns à população do Sul de Minas Gerais.
Os pesquisadores realizaram um estudo observacional e transversal, conduzido em duas etapas. Na primeira fase, o Teste Piloto, tinha como objetivo eleger os óleos essenciais mais familiares aos habitantes do Sul de Minas, para isso, foram selecionados dez óleos essenciais: alecrim, canela cássia, laranja doce, limão-siciliano, eucalipto globulus, menta piperita, orégano, palma rosa, funcho e café verde. O teste foi realizado com 31 voluntários saudáveis em que se identificou os cinco aromas mais comumente reconhecidos: menta, limão, funcho, laranja e canela.
Para a fase seguinte, foi realizado o Teste Principal com dois grupos: 50 pacientes da ala clínica do hospital Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Muzambinho-MG e 50 estudantes ou trabalhadores da UNIFAL-MG em Alfenas. Cada participante de ambos os grupos realizaram um teste de identificação de aromas utilizando os óleos essenciais selecionados no Teste Piloto (funcho, menta, canela, laranja e limão).


Como resultado, os pesquisadores observaram que houve uma diferença significativa na percepção sensorial dos aromas estudados, entre o grupo hospitalizado, o déficit é maior. Esse resultado pode ser justificado por fatores como a idade, a presença de dor ou o uso contínuo de medicamentos, corroborando estudos prévios que afirmam que o olfato diminui com a idade devido a alterações nas estruturas olfativas do cérebro. O mesmo acontece com sujeitos que apresentam condições gripais, rinite ou sinusite.
Os testes para sensibilidade olfativa são importantes para identificar alterações do olfato, um problema que pode comprometer a qualidade de vida visto que está relacionado ao sistema gustativo, memória e identificação de perigo, mas os testes e equipamentos necessários são registrados e licenciados na Europa ou nos Estados Unidos, o que torna os kits caros e apresentam aromas distantes da cultura nacional.

Ao propor o desenvolvimento de um teste olfatório formulado com óleos essenciais aderentes à cultura dos habitantes do Sul de Minas, mais barato, de fácil aplicação e acessível, os pesquisadores acreditam na possibilidade de ampliar o atendimento e a economia nos custos para a produção dos kits de teste. Além disso, a proposta de utilizar aromas culturalmente mais próximos das pessoas tende a gerar resultados mais precisos.
Apesar de promissor, o trabalho desenvolvido não tem previsão de continuidade, segundo o professor Eric Ferreira. “Para a produção do kit de testes para uso pela população, precisaria haver interesse de empresas parceiras. Mas falta o meio de contato com esses possíveis parceiros”, salienta.
O estudo pode ser conferido na íntegra na dissertação intitulada Proposta de teste acuidade olfatória baseado em óleos essenciais disponível na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações, neste link.

Lice Pinho Gonçalves é acadêmica do curso de Gestão Ambiental e Sustentabilidade (EaD) na UNIFAL-MG, campus Poços de Caldas, e bolsista do projeto +Ciência, cuja proposta é fomentar a cultura institucional de divulgação científica e tecnológica. A iniciativa conta com o apoio da FAPEMIG por meio do Programa Comunicação Pública da Ciência e da Tecnologia para desenvolvimento. Lice é também técnica em Meio Ambiente, licenciada em Pedagogia e especialista em Neuropsicopedagogia e em Teatro e Educação.
*Texto elaborado sob supervisão e orientação de Ana Carolina Araújo