Desafios de acessibilidade e limpeza em praças de Varginha identificados pelo projeto Observatório dos Espaços Públicos da UNIFAL-MG serão discutidos em evento na terça, 4 de novembro

O diagnóstico, que busca apoiar políticas locais de inclusão e sustentabilidade, será apresentado no auditório do campus Varginha, a partir das 19h
Levantamentos foram realizados entre outubro e novembro de 2024. (Foto: Arquivo/Pedro Freitas Ramos Grande)

O projeto de extensão Observatório dos Espaços Públicos de Varginha divulgou dois relatórios que trazem um diagnóstico detalhado sobre as condições das praças e parques da cidade. Realizados entre outubro e novembro de 2024, os levantamentos mostram que a cidade ainda enfrenta grandes desafios no que diz respeito à acessibilidade urbana e à manutenção da limpeza dos espaços públicos.

Esses dados serão apresentados na terça-feira, 4 de novembro, no evento “Os Espaços Públicos do Sul de Minas Gerais: Varginha-MG”, no auditório do campus da UNIFAL-MG em Varginha, das 19h às 22h30. A programação inclui mesas temáticas com docentes, gestores públicos e representantes da sociedade civil, em um debate sobre temas como acessibilidade, planejamento urbano, educação ambiental e ações climáticas locais. Acesse aqui a programação

Observatório dos Espaços Públicos de Varginha

José Roberto Porto de Andrade Júnior – professor e coordenador do projeto. (Foto: Arquivo Pessoal)
Pedro Freitas Ramos Grande – geógrafo e mestrando, responsável pela vistoria dos espaços. (Foto: Arquivo Pessoal)

Coordenada pelo professor José Roberto Porto de Andrade Júnior, do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) do campus Varginha da UNIFAL-MG, a iniciativa alia pesquisa e extensão, com a participação de estudantes de graduação e pós-graduação, na busca por gerar dados concretos a fim de subsidiar políticas públicas locais.

O roteiro para levantamento dos espaços foi elaborado pelo coordenador, em parceria com os professores, Everton Rodrigues da Silva (Tom), também do ICSA, e Francisco José Cardoso, do Instituto de Ciência e Tecnologia, do campus Poços de Caldas. Quem trabalhou na vistoria das praças e parques em Varginha foi o geógrafo Pedro Freitas Ramos Grande, atualmente mestrando em Ciências Ambientais na Universidade.

Registro do professor José Roberto Andrade Júnior com o filho, Cauê, cujo momento de descontração em parque, motivou a ideia do projeto. (Foto: Arquivo/José Roberto Andrade Júnior)

“A origem do projeto está, sobretudo, na minha experiência enquanto usuário dos espaços públicos”, explica o coordenador. “Tenho um filho pequeno, o Cauê, e as praças e parques fazem parte do nosso cotidiano. Essa vivência, somada ao entendimento da importância social e ambiental desses espaços, me motivou a olhar para eles com mais atenção”, compartilha o professor José Roberto de Andrade Júnior.

Segundo ele, os espaços públicos cumprem funções que vão muito além do lazer. “Do ponto de vista social, esses espaços são fundamentais para a população de baixa renda, que tem menos condições econômicas de arcar com outras formas de diversão”, observa.

No que diz respeito ao aspecto ambiental, o professor comenta: “As praças e os parques cumprem diversas funções essenciais de promoção de biodiversidade, de escoamento e infiltração de água das chuvas, de sombreamento em contextos, por exemplo, de ondas de calor – que vão ser intensificadas nesse novo regime climático, de oferta de espaços de conforto térmico, chamados ‘oásis urbanos’.”

Menos de 40% das praças possuem rampas

O levantamento contou com visitas a 96 praças e parques de Varginha. (Foto: Arquivo/Pedro Freitas Ramos Grande)

No primeiro relatório, a equipe do projeto analisou a questão da acessibilidade de 96 praças e parques do município. O levantamento revelou que apenas 37,5% dos locais oferecem acesso por rampas ou pavimento no mesmo nível da rua, enquanto 62,5% ainda apresentam desníveis ou degraus que dificultam o acesso de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida.

Além disso, menos de um terço (29,2%) dos espaços têm pavimento firme e desobstruído, condição considerada essencial para a circulação segura, e apenas 38,5% contam com equipamentos plenamente acessíveis, como bancos e brinquedos sem barreiras.

O professor explica que os dados já geraram diálogos com o poder público, uma vez que essa interlocução é o principal objetivo do observatório: produzir informações que orientem políticas públicas e melhorem a qualidade dos espaços urbanos. “O objetivo do projeto é melhorar a qualidade dos espaços públicos. Acreditamos que essas informações podem ajudar o poder público a adequar os espaços às necessidades sociais e ambientais. É uma iniciativa que congrega universidade, sociedade civil e poder público”, ressalta.

Lixo em mais de 80% dos espaços públicos

Os dados revelaram que 81,3% das praças e parques apresentavam lixo em volumes significativos durante as visitas. (Foto: Arquivo/José Roberto Andrade Júnior)

O segundo relatório revelou que 81,3% das praças e parques apresentavam lixo em volumes significativos durante as visitas, enquanto 42,7% não possuíam lixeiras comuns e nenhum dos espaços contava com lixeiras para coleta seletiva. “Esse é um dado realmente assustador”, afirma o professor. “Mesmo orientando os avaliadores a não considerar folhagem ou resíduos isolados, a presença de lixo foi muito significativa”, comenta.

Conforme José Roberto de Andrade Júnior, esse resultado mostra tanto um problema cultural, de mau uso comunitário dos espaços, quanto uma questão de infraestrutura urbana.

“Os nossos dados revelam que uma quantidade muito grande de praças não tem uma estrutura para descarte adequado de resíduos. Então mesmo o munícipe bem-intencionado, que quer dar um destino adequado para o lixo, se não tem a estrutura, fica mais difícil para ele esse processo. Além da estrutura, da lixeira, é preciso ter um processo de coleta periódica desse material e destinação correta desse material. Então tem essa dimensão social comunitária do problema e uma dimensão da política pública, da infraestrutura de resíduos”, detalha.

O coordenador do Observatório dos Espaços Públicos acrescenta que nas vistorias feitas em 2024, também não foi identificada a presença de lixeiras de coleta seletiva nas praças. “Essas lixeiras cumprem um papel educativo importante”, observa, ao indicar a necessidade de avanços em políticas de sustentabilidade urbana.

Integração entre ensino, pesquisa e extensão

O projeto faz parte do programa de extensão “Laboratório de Cidadania”, composto pelo projeto de extensão “Observatório dos Espaços Públicos de Varginha-MG”, pelo projeto “Observatório dos Espaços Públicos de Poços de Caldas-MG” e pelo projeto “Grêmios Estudantis: educação política nas escolas”, além do evento “Espaços públicos do Sul de Minas Gerais”.

Essas ações visam fortalecer a participação política e a integração entre instituições estatais, universidade e sociedade civil. As vistorias previstas no projeto do Observatório dos Espaços Públicos de Poços de Caldas foram concluídas e os relatórios estão sendo elaborados.

Equipe do projeto em Varginha

José Roberto Porto de Andrade Júnior – bacharel em Direito, doutor em Sociologia, professor e coordenador
Everton Rodrigues da Silva – bacharel e doutor em Administração, professor e coordenador adjunto
Francisco José Cardoso – bacharel e doutor em Arquitetura e Urbanismo, professor
Pedro Freitas Ramos Grande – geógrafo, mestrando em Ciências Ambientais
Anna Júlia Haidamus – bacharela BICT, graduanda em Engenharia Ambiental
Eduardo Gusmão Fachina – graduando em Geografia

Equipe do projeto em Poços de Caldas

Francisco José Cardoso – bacharel e doutor em Arquitetura e Urbanismo, professor e coordenador
Luciana Botezelli – bacharel e doutora em Engenharia Florestal, professora e coordenadora adjunta
José Roberto Porto de Andrade Júnior – bacharel em Direito, doutor em Sociologia, professor e coordenador
Everton Rodrigues da Silva – bacharel e doutor em Administração, professor e coordenador adjunto
Maria Julia Alves de Alcântara – Bolsista

Voluntários:

Adriane de Almeida Matthes – comunidade externa
Ana Beatriz Piva de Paula – discente graduação
Beatriz Carvalho Rodrigues – discente graduação
Louise Brandão Santos – discente graduação
Luna Pereira de Podesta – comunidade externa
Maria Carolina Nassif Mesquita de Paula – discente pós-graduação
Rafael de Souza Mendes da Silva – discente pós-graduação
Thais Souza da Silva – discente graduação
Vinicius Tomaz Alves – discente graduação
Welington de Paula Moraes Junior – discente graduação

Acesse os levantamentos:

:: Relatório sobre a situação dos espaços públicos (praças e parques) de Varginha quanto à acessibilidade para pessoas com deficiência
:: Relatório sobre a situação dos espaços públicos (praças e parques) de Varginha-MG quanto à presença de lixo e de lixeiras

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