Acompanhamento multiprofissional eleva taxa de aleitamento materno exclusivo em Alfenas-MG acima da meta da Organização Mundial da Saúde para 2030

Além de monitorar a amamentação, estudo da UNIFAL-MG analisa o desenvolvimento neuropsicomotor das crianças e fortalece ações locais de promoção à saúde
Imagem ilustrativa. (Foto: Reprodução/Canva Education)

Ao promoverem à atenção integral ao aleitamento materno entre puérperas, pesquisadoras da UNIFAL-MG identificaram que a taxa de aleitamento materno exclusivo aos seis meses de vida em Alfenas-MG ultrapassou a prevalência do Brasil no ano de 2019 e à meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) para 2030.

Gabriela Vieira – doutoranda e autora da pesquisa. (Foto: Arquivo Pessoal)
Larissa Torres – professora e orientadora do estudo. (Foto: Arquivo Pessoal)

O estudo intitulado Atenção integral ao aleitamento materno – impacto para o desenvolvimento da criança no primeiro ano de vida é parte da tese de doutorado da pesquisadora Gabriela Itagiba Aguiar Vieira, discente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas (PPGCF), desenvolvida sob a orientação da docente Larissa Helena Lobo Torres, e coorientação dos docentes Clícia Valim Côrtes Gradim e Murilo César do Nascimento.

 

A pesquisa consiste em um estudo de coorte prospectivo, visto que a doutoranda, que também é médica, acompanha desde agosto de 2023 puérperas e crianças nascidas na Santa Casa de Misericórdia de Alfenas e residentes em Alfenas acompanhamento que deve se estender até outubro de 2025. A primeira etapa do estudo envolveu a realização de visitas às mães na maternidade, com a finalidade de orientar, aconselhar e apoiar o aleitamento materno.

Registro do primeiro atendimento feito em parceria com Programa de Apoio à Gestante e ao Recém-Nascido (PAGE). Na foto, a médica e pesquisadora Gabriela segura a bebê Antonella enquanto orienta Gislene – a mãe dos gêmeos – que amamenta Antony. (Foto: Arquivo/Gabriela Vieira)

Nas etapas seguintes, foram realizadas visitas domiciliares aos dez dias, um, três, seis e 12 meses de vida dos bebês. Nesses encontros, foram coletados dados sociodemográficos, de saúde e de hábitos de vida, além de terem sido efetuadas avaliações da mamada e do desenvolvimento infantil.

Além disso, Gabriela Vieira analisou o desenvolvimento neuropsicomotor das crianças, que foram subdivididas em filhos(as) de mães não fumantes e fumantes. A avaliação do desenvolvimento neuropsicomotor foi feita pelo Teste de Triagem de Desenvolvimento Denver II, o qual avalia o desenvolvimento pessoal, social, motor fino, de linguagem e motor grosseiro. Para este estudo a equipe contou com mais de 40 alunos de graduação, especialmente do curso de Medicina.

A coleta de dados da pesquisa ainda está em andamento, mas os resultados parciais já são animadores. A taxa de aleitamento materno exclusivo aos seis meses na população estudada foi de 80,40%, ultrapassando a prevalência do Brasil em 2019 (45,8%), as metas do Ministério da Saúde para 2025 (50%) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) para 2030 (70%). O aleitamento materno aos 12 meses foi mantido em 75% dos bebês do estudo.

Segundo as pesquisadoras, os achados do estudo revelam a efetividade das ações de acompanhamento longitudinal das mães e dos bebês por uma equipe multiprofissional. “Alcançamos índices de aleitamento materno que superam as metas da OMS para 2030. O aleitamento materno melhora a saúde da mãe e do bebê, além de ser uma prática natural, econômica e sustentável”, enfatizam.

Arte divulgada pelo projeto Ape’ga. (Imagem: Reprodução/Instagram Ape’ga)

Ao comentar os impactos observados na pesquisa, a doutoranda Gabriela Vieira afirma que os dados obtidos reforçam evidências já descritas em estudos anteriores. “A importância do aleitamento materno está bem fundamentada na literatura e este trabalho mostrou como a atenção ao aleitamento materno por profissionais da saúde colabora para o aumento dos índices”, argumenta.

Para as autoras, este trabalho iniciou uma nova linha de pesquisa, a qual deve perdurar por muitos anos. “Continuaremos acompanhando o desenvolvimento das crianças do projeto. Além disso, há vários desdobramentos dessa pesquisa, como o fortalecimento do projeto de extensão Ape’ga, que mantém a Sala de Apoio ao Aleitamento e oferece atenção integral ao aleitamento materno para mães e bebês do nosso município”, afirmam.

Este estudo foi realizado com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG) e com o apoio da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEC) da UNIFAL-MG.

O grupo mantém um perfil no Instagram, no qual oferece informações baseadas em evidências científicas para mulheres de Alfenas e de outros municípios. Confira: @apega_oficial

 

Vitoria Gabriele Souza Geraldine é acadêmica do curso de Medicina da UNIFAL-MG e bolsista do projeto +Ciência, cuja proposta é fomentar a cultura institucional de divulgação científica e tecnológica. A iniciativa conta com o apoio da FAPEMIG por meio do Programa Comunicação Pública da Ciência e da Tecnologia para desenvolvimento.

*Texto elaborado sob supervisão e orientação de Ana Carolina Araújo

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