
Pesquisadores e professores da UNIFAL‑MG lançaram a coletânea “Democracia: História política e impasses sociais contemporâneos”. Organizada por Elisa Zwick, Lucas Magalhães Costa, Lidia Noronha Pereira e Janaína de Mendonça Fernandes, a obra reúne estudos elaborados no âmbito do projeto de extensão Curso de Filosofia Política, desenvolvido desde 2019 no campus de Varginha. O volume é o terceiro resultado do curso — os anteriores foram publicados em 2020 e 2022 — e conta com apoio do edital PDPG Emergencial da Capes. Com 217 páginas, a coletânea foi publicada pela Editora Cajuína e já disponível para compra no site.
A nova coletânea é dividida em três partes. A primeira, intitulada Da democracia nascente ao controle político atual, traz textos que dialogam com a origem da democracia ateniense e suas limitações no mundo contemporâneo. O capítulo de abertura, assinado por Lucas Magalhães Costa, revisita personagens como Sólon, Clístenes e Péricles para discutir a construção e as idiossincrasias do modelo grego. Na sequência, Elisa Zwick investiga como a psicologia das massas e a manipulação da subjetividade afetam a participação democrática. Fechando esta seção, Vanessa Tavares Dias utiliza a obra de Ellen Wood para refletir sobre a incompatibilidade entre democracia e sistema capitalista, destacando o papel do agronegócio e dos empresários rurais nos impasses da democracia brasileira.

A segunda parte da obra, Mulheres, laços de resistência e combate ao racismo, concentra-se na luta das mulheres diante das desigualdades históricas. Paula Gontijo Martins conecta o passado das perseguições às bruxas ao presente de mulheres negras como Luzia, mostrando como a ordem patriarcal transformou o corpo feminino em máquina de (re)produção e sustento. Já Janaína de Mendonça Fernandes analisa as intersecções de gênero, raça e classe que marcam a experiência das mulheres negras no Brasil, denunciando estigmas e hiperssexualização impostos a elas. O bloco se encerra com o capítulo de Geovania Lúcia dos Santos e Luiz Carlos Felizardo Junior, que aborda a cidadania e a educação sob a perspectiva da interseccionalidade, destacando as insurgências negras surgidas nos programas de Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Por fim, a terceira parte, Credibilidade nas instituições públicas: o (des)cuidado e a (des)informação, apresenta estudos sobre políticas públicas e comunicação. Lidia Noronha Pereira e Patrick Gadben de Macedo Rocha avaliam dados do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e demonstram que o Brasil oferece poucas instituições de longa permanência adequadamente reguladas para idosos, defendendo a priorização dessa agenda pelo poder público. Em outro artigo, Ana Paula Silva dos Santos, Fernando Batista Pereira, Ana Márcia Rodrigues da Silva e Larissa Lemos Dias investigam como a disseminação de fake news e do fenômeno da pós‑verdade afeta a confiança da população sul‑mineira nas instituições públicas, ressaltando a importância de políticas de informação e da participação social.
Segundo os organizadores, a coletânea materializa debates travados ao longo de sete anos de atividades do Curso de Filosofia Política, que propõe uma abordagem dialógica inspirada por Paulo Freire. “A iniciativa, que já havia sido apresentada em 2023 nas comemorações dos 40 anos da democracia na Argentina, demonstra como a universidade pública pode articular ensino, pesquisa e extensão para aprofundar a reflexão sobre temas centrais da vida em sociedade. A expectativa é que o livro sirva de ferramenta para a formação cidadã e para o estímulo a políticas públicas que promovam equidade e justiça social”, afirmam.
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