Ao avaliar a capacidade de a reflexologia podal gerar efeitos na atividade elétrica dos músculos da panturrilha de pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2) e, desse modo, influenciar a contração muscular, pesquisadoras da UNIFAL-MG encontraram evidências de que a massagem pode aliviar a dor, reduzir contrações musculares e diminuir a rigidez articular.
Isso é o que apresenta o estudo intitulado Efeito da reflexologia podal na atividade elétrica muscular, pressão, distribuição plantar e oscilação corporal em pacientes com diabetes mellitus tipo 2: um ensaio piloto randomizado controlado, em tradução livre, desenvolvido como parte da dissertação de mestrado da pesquisadora Thais Gebin Toledo, discente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Reabilitação (PPGCR) da UNIFAL-MG.

O artigo resultante foi publicado em Língua Inglesa no periódico científico International Journal of Environmental Research and Public Health, em 2022, e contou com a colaboração da discente de graduação Larissa Alves Moreira Freire e das docentes Luciana Maria dos Reis, Andréia Maria Silva Vilela Terra e Adriana Teresa Silva Santos, vinculadas ao PPGCR.
Antes de prosseguir, é interessante esclarecer do que se trata reflexologia podal. Conforme explicam as pesquisadoras, é a técnica que consiste em executar uma leve pressão em regiões específicas dos pés, as chamadas zonas reflexas, que desencadeiam respostas funcionais no corpo.

Na pesquisa, houve a participação de voluntários com diagnóstico clínico de DM2, os quais foram recrutados por contato telefônico entre setembro de 2019 e fevereiro de 2020, com base na lista de pacientes das Unidades Básicas de Saúde e do Ambulatório de Fisioterapia da UNIFAL-MG. Os participantes foram selecionados conforme critérios de elegibilidade específicos. Ao todo, 17 pacientes participaram do estudo, sendo aleatoriamente divididos entre o grupo controle, que não recebeu a intervenção, ou o grupo intervenção, que realizou a massagem de reflexologia podal durante dez dias consecutivos, executada por uma pesquisadora treinada.
Para a avaliação da atividade elétrica dos músculos da panturrilha – músculos gastrocnêmio medial e lateral – na contração isométrica máxima e na contração isotônica, foi utilizada a eletromiografia de superfície. A contração isométrica máxima é aquela na qual há aumento da tensão e manutenção do comprimento muscular, ou seja, sem movimento articular, ao passo que a contração isotônica representa o inverso: nela, há movimento articular, ocorrendo relaxamento e contração. Já para a análise da descarga, da distribuição do peso plantar e da oscilação corporal, foram utilizadas a baropodometria, exame que avalia a pressão do corpo sobre a planta dos pés, e a estabilometria, exame que analisa o equilíbrio postural.
Com base na investigação estatística, os resultados demonstraram que, dentro dos grupos, houve diferença significativa (p ≤ 0,05) para as variáveis a seguir: pico máximo de atividade elétrica dos músculos gastrocnêmios medial (p = 0,03) e lateral (p = 0,04) esquerdos (na contração isotônica) e frequência mediana do músculo gastrocnêmio medial (p = 0,03) esquerdo (na contração isométrica máxima). Entre os grupos, também houve diferença estatisticamente significativa para as seguintes variáveis da distribuição de peso nos pés: área de superfície total do lado direito (p = 0,04) e área de superfície do antepé do lado esquerdo (p = 0,02). De acordo com a literatura, esses efeitos podem ser explicados pelo fato de a massagem ativar receptores sensitivos de pressão, temperatura e nocicepção, além de promover o aumento do fluxo de sangue no local e o relaxamento muscular dos pés.
Segundo as pesquisadoras, há evidências científicas de que a massagem seria capaz de modular a percepção da dor, além de reduzir contrações musculares e minimizar a rigidez das articulações, o que vai ao encontro dos possíveis desdobramentos dos achados desta pesquisa. “As implicações clínicas do presente estudo estão sendo apontadas como uma técnica de baixo custo e de fácil aplicação por profissionais da rede pública de saúde”, enfatizam.
“Para fortalecer as descobertas desses experimentos, são necessários trabalhos futuros com um número maior de participantes, a fim de que sejam obtidos resultados estatisticamente significativos, e com um acompanhamento dos pacientes por períodos mais longos”, afirmam as autoras.
Técnicas de massagem podal. (Fotos: Arquivo/Autoras)
Este estudo foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), por meio do PPGCR da UNIFAL-MG, e da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG).
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Vitoria Gabriele Souza Geraldine é acadêmica do curso de Medicina da UNIFAL-MG e bolsista do projeto +Ciência, cuja proposta é fomentar a cultura institucional de divulgação científica e tecnológica. A iniciativa conta com o apoio da FAPEMIG por meio do Programa Comunicação Pública da Ciência e da Tecnologia para desenvolvimento.
*Texto elaborado sob supervisão e orientação de Ana Carolina Araújo