O professor Cláudio Viegas Júnior, do Instituto de Química (IQ); e a professora Olga Luisa Tavano, da Faculdade de Nutrição (FANUT), foram elencados entre os cientistas mais influentes do mundo em suas áreas de atuação. Ambos estão na lista de 2023, divulgada no mês de outubro, pela Universidade de Stanford (Estados Unidos), em parceria com a editora holandesa Elsevier BV, que aponta também os pesquisadores visitantes da Universidade: Pedro Luiz Rosalen, professor ligado à Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF), e Walter Filgueira de Azevedo Júnior, professor visitante do Instituto de Ciências Exatas (ICEx).
Publicado anualmente, o levantamento avalia o impacto e a relevância dos pesquisadores e dos trabalhos científicos, reunindo o grupo de 2% dos cientistas mais influentes do mundo. O ranking analisa as citações da base de dados Scopus — a maior base de dados de resumos e citações de literatura revisadas por pares. O resultado é separado em duas perspectivas: uma em que avalia os profissionais pelo impacto de citações ao longo da carreira, e a outra, por referências no período do último ano.
Cláudio Viegas Júnior aparece na lista referente aos pesquisadores mais influentes, quando se avalia o impacto das pesquisas durante toda a carreira acadêmica. Nos anos de 2021 e 2022, o professor já havia aparecido na mesma lista e também entre os mais citados no último ano, que na atualização com dados de 2022, nessa edição 2023 aparece também a professora Olga Luisa Tavano. A docente é a primeira pesquisadora mulher da UNIFAL-MG a entrar no ranking, figurando entre as poucas pesquisadoras brasileiras que aparecem na lista.
“Para a UNIFAL-MG ter dois pesquisadores citados entre os mais influentes do mundo é muito significativo porque além de ser um reconhecimento da qualidade das pesquisas desenvolvidas por eles na Universidade, também impacta na visibilidade da UNIFAL-MG internacionalmente”, comenta o pró-reitor adjunto de Pesquisa e Pós-Graduação, o professor Luiz Felipe Leomil Coelho. “O resultado comprova a excelência e o impacto da produção acadêmica da nossa Universidade ao mesmo tempo em que ressalta a importância da ciência produzida em nossa Instituição”, acrescentou.
A lista reúne 210.198 nomes, entre os quais aparecem 1.294 pesquisadores brasileiros, representando 0,61% do total, o que posiciona o Brasil na 25ª colocação mundial.
Quem são os pesquisadores da UNIFAL-MG no levantamento
O professor Cláudio Viegas Júnior é graduado em Química Industrial, mestre em Química na área de Síntese Orgânica, doutor em Química na área de Química de Produtos Naturais/Química Medicinal e pós-doutor em Química Medicinal. É professor no Instituto de Química da UNIFAL-MG, atuando na graduação dos cursos de Farmácia, Biotecnologia e Bacharelado em Química e na pós-graduação dos programas de Ciências Farmacêuticas e Química.
Também é o coordenador científico do Laboratório de Pesquisa em Química Medicinal (PeQuiM), desenvolvendo pesquisas na área de Química Medicinal, com foco no planejamento, na síntese e na avaliação farmacológica de novos candidatos a fármacos analgésicos, anti-inflamatórios, antimicrobianos, antiparasitários, antiproliferativos, neuroativos e contra a covid-19 e anti-SARS-COV-2.
É líder do grupo de pesquisa “Planejamento, síntese, bioprospecção e caracterização de substâncias bioativas”, o qual visa identificar novos ligantes com modo de ação multialvo, numa estratégia recente e inovadora de busca por novas entidades químicas contra doenças crônicas, neurodegenerativas, inflamatórias e distúrbios psíquicos.
Cláudio Viegas Júnior é autor e coautor de mais de 80 artigos científicos, quatro capítulos de livros, mais de 100 trabalhos e resumos em anais de eventos científicos, quatro patentes sob registro nacional e internacional (PCT), com três concessões nacionais e três internacionais.
Ao comentar o que representa para sua carreira figurar no ranking mundial em um grupo seleto de pesquisadores pela terceira vez consecutiva, o professor disse ser uma “grata surpresa” e uma “enorme honra”. “Confesso que, diante das dificuldades que experimentamos no dia a dia, com todo o tipo de carências em termos de recursos e infraestrutura, além de uma carga enorme de atividades administrativas, conseguir ser competitivo no contexto científico mundial ainda me surpreende”, compartilhou.
[perfectpullquote align=”right” bordertop=”false” cite=”” link=”” color=”” class=”” size=”16″]”Confesso que, diante das dificuldades que experimentamos no dia a dia, com todo o tipo de carências em termos de recursos e infraestrutura, além de uma carga enorme de atividades administrativas, conseguir ser competitivo no contexto científico mundial ainda me surpreende”, compartilhou o professor Cláudio Viegas.[/perfectpullquote]
Segundo ele, o reconhecimento mostra o quanto os pesquisadores brasileiros são capazes, uma vez que vários outros pesquisadores, sobretudo de instituições públicas de ensino e pesquisa, têm se destacado no mesmo levantamento, o que, para o professor, reforça a capacidade inventiva, criativa dos brasileiros na geração de conhecimento novo, abertura de horizontes e contribuição ao desenvolvimento científico mundial. “É digno de nota que a profissão de cientista não existe regulamentada no Brasil, o que torna nossa militância um ato de puro amor e dedicação à ciência e ao saber, na maioria das vezes invisíveis e com pouco reconhecimento governamental e social. Entretanto, o trabalho precisa ser feito, e bem feito, trazendo inspiração e segurança às novas gerações, fortalecendo nossa resiliência e nossa capacidade de criar soluções aos problemas e desafios que nos mantêm em estado de alerta permanente, em todos os segmentos humanos e tecnológicos”, comentou.
“Pessoalmente, estar nesta seleta lista é, sobretudo, motivo de agradecimento a todos que trilharam e trilham este caminho ao meu lado, dos mestres e exemplos que tive e que me inspiraram, despertaram a vocação científica, que me ensinaram a trabalhar de forma ética, focada e resiliente, aos inúmeros colegas, gestores, parceiros e estudantes, brasileiros e estrangeiros, que acreditaram e acreditam em nossas ideias, que se deixam levar pelos caminhos do ainda desconhecido, e que continuam apostando que desta união em prol da ciência, podemos escrever algo diferente. E seguimos em frente, sempre”, finalizou.
A professora Olga Luisa Tavano é graduada em Farmácia Bioquímica (modalidade de Alimentos), mestre. em Alimentos e Nutrição, e doutora em Biotecnologia, com parte do doutoramento realizado no Laboratório de Biocatálisis/ICP, do Consejo Superior de Investigaciones Cientificas/ Madrid/ Espanha. É professora da Faculdade de Nutrição da UNIFAL-MG, sendo atualmente coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Longevidade da Universidade. Atualmente integra a equipe de pesquisadores do projeto Rede para Elaboração de Produtos Alimentícios a partir de Subprodutos dos Sistemas Alimentares do Sul de Minas Gerais (REPASSA), cujo principal objetivo é a promoção da saúde, a partir da redução da insegurança alimentar, do desperdício e do desenvolvimento sustentável dos sistemas alimentares do Sul de Minas.
Entre os projetos de pesquisa em andamento, a professora desenvolve o estudo “Proteínas de leguminosas para promoção da longevidade humana: avaliações nutricionais e nutracêuticas”, junto ao grupo de pesquisa “ProtHea – Research Group on Proteins for Health Promotion”. Tal projeto inclui etapa de pesquisa de consumo alimentar, entre adultos e em particular idosos, para levantamento de quantidade e formas de consumo; e avaliação da qualidade das preparações citadas e participação das leguminosas na dieta, como avaliação de perfil de aminoácidos e dosagens de inibidores de proteases.
Olga Tavano é autora e coautora de cerca de 50 artigos científicos, dois capítulos de livros e de mais de 60 trabalhos e resumos em anais de eventos científicos.
Conforme a pesquisadora, a notícia que havia sido elencada no ranking não era esperada, o que tornou a informação mais surpreendente. “Tive a alegria de receber a notícia do meu querido amigo e respeitadíssimo pesquisador, o professor Adriano Aguiar Mendes (Instituto de Química), e me surpreendi, foi bastante inesperado”, conta. “Mas depois foi interessante dar atenção à forma como eles traçam essa métrica, pois confesso que me frustra ver essa corrida por número de publicações, onde muitas vezes o quantitativo se sobressai à qualidade do que se publica”, complementa.
Em sua análise sobre os critérios do levantamento, a professora destaca que chamou a atenção o fato de a classificação considerar os trabalhos individuais dos pesquisasores. “Sempre nos sentimos honrados com esses reconhecimentos recebidos, mas particularmente gostei de perceber a valorização dada ao trabalho individual, por exemplo. Não sei se todos conhecem a métrica, mas um dos pontos que pesaram foram as citações em trabalhos científicos de autoria única. Além dos de primeiro e último autor”, disse.
“Fico feliz de representar nesse ranking a UNIFAL-MG, a Faculdade de Nutrição (FANUT), o Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Longevidade (PPGNL) e nosso querido ProtHea (Research Group on Proteins for Health Promotion), pois certamente os artigos valorizados foram aqueles que representam a essência desse nosso grupo de pesquisa”, compartilhou.
[perfectpullquote align=”left” bordertop=”false” cite=”” link=”” color=”” class=”” size=”16″]
“Tive a alegria de receber a notícia e me surpreendi, foi bastante inesperado. Mas depois foi interessante dar atenção à forma como eles traçam essa métrica, pois confesso que me frustra ver essa corrida por número de publicações, onde muitas vezes o quantitativo se sobressai à qualidade do que se publica”, comentou a professora Olga Tavano. [/perfectpullquote]
Em sua visão, um pesquisador não deve trabalhar visando alcançar indicações como essa, proporcionada pelo ranking desenvolvido pela Universidade de Stanford, em parceria com a editora Elsevier. “O importante é colocar o coração no caminho que se tem”, afirma, acrescentando: “Isso sempre nos repete o professor Sinézio (Faculdade de Ciências Farmacêuticas), meu companheiro, e um dos primeiros pesquisadores que conheci e me inspiraram nessa trajetória que depende de muita dedicação e um tanto de sorte de encontrar pessoas inspiradoras e que nos ensinem a levar com seriedade o trabalho, em especial o nosso, servidores públicos, pagos pelo povo brasileiro.”
Lembrando os professores com quem conviveu ao longo de sua carreira, a professora Olga Tavano fala que teve sorte por encontrar os orientadores com quem conviveu e por trabalhar com o que gosta. “Essa sorte eu tive, como na figura dos orientadores, professor Valdir Augusto Neves e professor Rubens Monti (UNESP-FCFAr), e professor Roberto Fernandez-Lafuente (ICP/CSIC/Espanha). Levo muito a sério o que faço e respeito muito quem me paga. E tive sorte: hoje trabalho com o que eu gosto e com quem eu gosto e principalmente respeito, por igualmente respeitarem o trabalho sério e honesto, e esse ranking veio me indicar que estou num bom caminho”, resume sua trajetória.
O professor aposentado da Unicamp, Pedro Luiz Rosalen, pesquisador visitante da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, também apareceu entre os mais citados no ano anterior, assim como nos anos de 2020, 2021 e 2022.
Pedro Rosalen atua nas áreas de Farmacologia, Terapêutica Odontológica, Cariologia, Fitoquímica, Ética e Boas Práticas em Pesquisa, na temática de Bioprospecção de ativos naturais (própolis, plantas medicinais, óleos essências, resíduos agroindustriais e outros) com alvos nas doenças biofilme dependentes e processos inflamatórios.
Além do professor Pedro Rosalen, o docente Walter Filgueira, vinculado à PUCRS, que está no Instituto de Ciências Exatas como pesquisador visitante, também foi listado entre os pesquisadores mais influentes. O professor aparece tanto na relação dos pesquisadores mais influentes – quando se avalia o impacto das pesquisas durante toda a carreira acadêmica – quanto na lista dos mais citados no último ano.
O pesquisador é referência na área de bioinformática e desenvolve estudos sobre aprendizado de máquina, sistemas complexos e biologia de sistemas computacionais, sendo responsável pelo conceito de Scoring Function Space. Walter Filgueira criou diversos softwares livres para explorar esta hipótese.
Para acessar a lista completa do ranking, acesse neste link a base de dados publicada.