Boa prosa sul-mineira

Como diz o autor no prólogo, Por dentro do redemunho (1995) se compõe de “relatos orais de histórias passadas de boca em boca”, constituindo um “resgate da linguagem” falada outrora na microrregião que abrange as vizinhanças da cidade de Cabo Verde: Divisa Nova, Muzambinho, Campestre, Alfenas e Areado. Observadas essas dimensões, a obra de Victor … Ler mais

Não é tudo isso, gente

Só mesmo na confusão mental que ultimamente tomou conta, no Brasil, do que deveriam ser as classes pensantes, um escritor de recursos técnicos tão limitados poderia ser celebrado como grande autor de ficção: Torto arado, que ganhou vários prêmios importantes (Leya, Oceanos e Jabuti), serviu para catapultar em poucos anos o baiano Itamar Vieira Junior … Ler mais

Projeto de extensão da UNIFAL-MG busca restituir a evolução urbana de Alfenas a partir de registros fotográficos

Você já parou para pensar sobre como eram os espaços urbanos da sua cidade? O que foi preservado e o que mudou? Estudantes e docentes do curso de Geografia da UNIFAL-MG estão buscando respostas para essas perguntas por meio do projeto de extensão “Retratos do tempo e do espaço: memória e evolução urbana de Alfenas”. … Ler mais

A página como lugar de encontro

Em seu primeiro terço, O leitor do trem das 6h27, premiado romance do francês Jean-Paul Didierlaurent que, poucos anos depois de sua primeira edição, já interessou a editoras de 25 países, parece previsível. Ao acompanharmos o dia a dia do operário Guylain Vignolles, temos a impressão de estar diante de uma narrativa distópica cujo protagonista, … Ler mais

Contrabando de poesia

Escritores criativos dificilmente fazem sucesso. A voltagem do texto de invenção é para poucos. De vez em quando, uma grande editora se engraça com um deles, ou porque precisa nobilitar seu catálogo excessivamente mercantil, ou porque pressente que o dito autor está em vias de tonar-se notório – ganhou, por exemplo, algum prêmio literário. Nenhum … Ler mais

A encarnação do intertexto

Mineiro de Cruzília, Caio Junqueira Maciel se define como um “escritorzinho das encruzilhadas” sempre atacado de “coceira peterpânica”, a qual lhe permite nunca deixar extraviar a criança que um dia foi. Seu livro mais recente, Dia das mãos (2022), evidencia as razões do escritor (o diminutivo é modéstia para cingalês ver) ao sublinhar sua consideração … Ler mais

Vacas a tiracolo, inclusive

Mostra-se pela espessura do volume, que chega perto de igualar-se à do Ulysses de James Joyce, a pretensão da autora de A república dos sonhos (1984). Nélida Piñon parece ter pensado, com esse romance, estar a produzir uma obra grandiosa, e não faltou quem lhe subscrevesse a hybris, tendo havido até um resenhista da Publishers … Ler mais

“Contra” a literatura, mas a favor

Primeiro dado importante: a publicação é gratuita e pode ser baixada em https://ielt.fcsh.unl.pt/contra-a-literatura/. O livro Contra a literatura (2021) resulta de um evento promovido em 2017, na Universidade Nova de Lisboa, para discutir as possibilidades do ensino de literatura à luz das recentes reformas no ensino básico português, um daqueles rearranjos periódicos que a burocracia … Ler mais

Felicidade retroativa

Apesar de ser um livro de memórias, Feliz ano velho (1982) cabe, em termos, na definição de romance-reportagem, um tipo de livro muito comum naquela época. Grande sucesso de vendas, projetou Marcelo Rubens Paiva como escritor aos 22 anos, por meio de uma fórmula em que o estilo narrativo ágil se solda à tragédia do … Ler mais

Almas Penadas F.C.

Alfredo Bosi assegura, a páginas tantas de sua monumental História concisa da literatura brasileira, que o romance de Cornélio Pena é “um conjunto absolutamente coeso e verossímil”. Opinião excessivamente generosa: A menina morta (1954), lido com o vagar devido e até obrigatório – pois é muito enfadonho –, revela-se, isso sim, uma narrativa que perdeu, … Ler mais

Mesmo que tardia

O que faz de Tropical sol da liberdade (1988) representativo de uma época é sua evocação dos momentos mais dramáticos da ditadura militar que se abateu sobre o Brasil em 1964. Afinal, como profetiza um de seus personagens, “Quando tudo isso passar, todo mundo vai esquecer” e “quem falar nisso ainda vai passar por mentiroso”: … Ler mais

Maria Moura e as brotoejas morais

Apesar de seu volume algo assustador, 600 páginas, Memorial de Maria Moura (1992) é um livro de leitura leve. O estilo da autora de O Quinze (1930) continuava, seis décadas depois de sua estreia na ficção, pautado pela fluência e pela clareza que a fizeram tão popular. Entretanto, se nesse tempo Rachel de Queiroz avançou … Ler mais