E os piolhos dos decapitados, para onde vão?

Com As horas nuas (1989), Lygia Fagundes Telles parece ter encerrado sua experiência no romance – se não deixou, é claro, algo inédito. E terá feito muito bem, pois o livro indica um projeto romanesco esgotado, tanto que consiste, em boa medida, numa reciclagem de personagens e situações das três narrativas longas que a escritora … Ler mais

Divertida aula de história e política

Não fosse o excesso de didatismo, Erico Verissimo talvez tivesse feito sua obra-prima em Incidente em Antares (1971), conseguindo a difícil proeza de superar Caminhos cruzados (1935). Mas o último romance do escritor gaúcho – autor de uma das obras mais significativas da ficção brasileira moderna – é muito marcado pela preocupação de esclarecer politicamente … Ler mais

Outro de Pagu

Em certo sentido, toda autobiografia é precoce, exceto a de Brás Cubas, que escreveu depois de morto. Enquanto a vida existe, ao menos em teoria é sempre possível a descoberta de um novo sentido para si e para o mundo. Assim, o título desse livro de Patrícia Galvão (1910-1962) é um pleonasmo, assim como o … Ler mais

Depois, vêm a anta e o curupira

Sorte que não havia, entre os arquitetos do recente surto neofascista brasileiro, ninguém mentalmente apto como Plínio Salgado, líder do movimento integralista, que foi a versão local do fascismo de Mussolini. O escritor modernista (sic), nascido em São Bento do Sapucaí (SP), terminou seus dias como deputado da ARENA, o partido da ditadura militar cujos … Ler mais

Tempo de suaves desatinos

Um adjetivo que Humberto Werneck não recusa ao texto alheio é o melhor para definir o seu próprio: delicioso. É assim, da primeira à última página, O desatino da rapaziada (1992), sua pequena história do jornalismo em Belo Horizonte. O subtítulo “Jornalistas e escritores em Minas Gerais” amplia um pouco demais o escopo dessa história, … Ler mais

A civilização pelo corno

Mesmo quem não é grande admirador de Jorge Amado precisa reconhecer-lhe uma qualidade: o escritor baiano foi capaz de notável evolução desde seus primeiros romances, apoiados sobre bisonhos esquemas ideológicos atrelados ao realismo socialista ditado pela política “cultural” de Stálin e de seu ministro Jdanov, o congênere soviético de Goebbels. Recordemos que Amado, mesmo tendo … Ler mais

Como não ser senhor de engenho, por Eloésio Paulo

O título de Banguê (1934), que no futuro será fatalmente pronunciado errado pela maioria das pessoas, graças à estupidíssima extinção do trema em nossa mais recente reforma ortográfica, também desfiguradora de belas palavras devido à bagunça que fez com o hífen, não deve atrair muitos leitores para o livro de José Lins do Rego. Afinal, … Ler mais

Lá ao longe, uma ditadura, por Eloésio Paulo

As meninas são três: Lia, Lorena e Ana Clara. Esta, também chamada Ana Turva pelas colegas, devido a seu modo de viver, mais para a escuridão do que para a claridade. Elas são, ou foram, estudantes que moram num pensionato de freiras em São Paulo. A época, os anos mais trevosos do regime militar imposto … Ler mais

“Do americanismo ao interamericanismo: uma história transnacional da constituição de mundos modernos no Brasil” – Walter Francisco Figueiredo Lowande

Fruto da tese de doutorado do professor Walter Francisco Figueiredo Lowande, do Instituto de Ciências e Letras (ICHL), defendida no Programa de Pós-Graduação em História da Unicamp, a obra, Do americanismo ao interamericanismo: uma história transnacional da constituição de mundos modernos no Brasil, parte de um desentendimento ocorrido entre o escritor Mário de Andrade e … Ler mais