Felicidade retroativa

Apesar de ser um livro de memórias, Feliz ano velho (1982) cabe, em termos, na definição de romance-reportagem, um tipo de livro muito comum naquela época. Grande sucesso de vendas, projetou Marcelo Rubens Paiva como escritor aos 22 anos, por meio de uma fórmula em que o estilo narrativo ágil se solda à tragédia do … Ler mais

Fagundes indica

A ser verdade – e deve ser – que os livros citados na telenovela Bom sucesso, transmitida em 2019 pela Rede Globo, tinham suas vendas aumentadas, a publicação de Tem um livro aqui que você vai gostar (2020) terá tido efeito semelhante. O título do volume repete a frase que o personagem Alberto, interpretado por … Ler mais

Almas Penadas F.C.

Alfredo Bosi assegura, a páginas tantas de sua monumental História concisa da literatura brasileira, que o romance de Cornélio Pena é “um conjunto absolutamente coeso e verossímil”. Opinião excessivamente generosa: A menina morta (1954), lido com o vagar devido e até obrigatório – pois é muito enfadonho –, revela-se, isso sim, uma narrativa que perdeu, … Ler mais

Mesmo que tardia

O que faz de Tropical sol da liberdade (1988) representativo de uma época é sua evocação dos momentos mais dramáticos da ditadura militar que se abateu sobre o Brasil em 1964. Afinal, como profetiza um de seus personagens, “Quando tudo isso passar, todo mundo vai esquecer” e “quem falar nisso ainda vai passar por mentiroso”: … Ler mais

Maria Moura e as brotoejas morais

Apesar de seu volume algo assustador, 600 páginas, Memorial de Maria Moura (1992) é um livro de leitura leve. O estilo da autora de O Quinze (1930) continuava, seis décadas depois de sua estreia na ficção, pautado pela fluência e pela clareza que a fizeram tão popular. Entretanto, se nesse tempo Rachel de Queiroz avançou … Ler mais

E os piolhos dos decapitados, para onde vão?

Com As horas nuas (1989), Lygia Fagundes Telles parece ter encerrado sua experiência no romance – se não deixou, é claro, algo inédito. E terá feito muito bem, pois o livro indica um projeto romanesco esgotado, tanto que consiste, em boa medida, numa reciclagem de personagens e situações das três narrativas longas que a escritora … Ler mais

Divertida aula de história e política

Não fosse o excesso de didatismo, Erico Verissimo talvez tivesse feito sua obra-prima em Incidente em Antares (1971), conseguindo a difícil proeza de superar Caminhos cruzados (1935). Mas o último romance do escritor gaúcho – autor de uma das obras mais significativas da ficção brasileira moderna – é muito marcado pela preocupação de esclarecer politicamente … Ler mais

Outro de Pagu

Em certo sentido, toda autobiografia é precoce, exceto a de Brás Cubas, que escreveu depois de morto. Enquanto a vida existe, ao menos em teoria é sempre possível a descoberta de um novo sentido para si e para o mundo. Assim, o título desse livro de Patrícia Galvão (1910-1962) é um pleonasmo, assim como o … Ler mais

Depois, vêm a anta e o curupira

Sorte que não havia, entre os arquitetos do recente surto neofascista brasileiro, ninguém mentalmente apto como Plínio Salgado, líder do movimento integralista, que foi a versão local do fascismo de Mussolini. O escritor modernista (sic), nascido em São Bento do Sapucaí (SP), terminou seus dias como deputado da ARENA, o partido da ditadura militar cujos … Ler mais

Tempo de suaves desatinos

Um adjetivo que Humberto Werneck não recusa ao texto alheio é o melhor para definir o seu próprio: delicioso. É assim, da primeira à última página, O desatino da rapaziada (1992), sua pequena história do jornalismo em Belo Horizonte. O subtítulo “Jornalistas e escritores em Minas Gerais” amplia um pouco demais o escopo dessa história, … Ler mais

A civilização pelo corno

Mesmo quem não é grande admirador de Jorge Amado precisa reconhecer-lhe uma qualidade: o escritor baiano foi capaz de notável evolução desde seus primeiros romances, apoiados sobre bisonhos esquemas ideológicos atrelados ao realismo socialista ditado pela política “cultural” de Stálin e de seu ministro Jdanov, o congênere soviético de Goebbels. Recordemos que Amado, mesmo tendo … Ler mais

Bicentenário da Independência do Brasil, por Mário Danieli Neto

No Bicentenário da Independência do Brasil, convidamos para uma reflexão acerca de um dos personagens mais marcantes de nossa História: José Bonifácio de Andrada e Silva. Nascido em Santos (SP) em 1763, estudou na Universidade de Coimbra, onde formou-se em filosofia e direito e, posteriormente, formou-se em mineralogia pela Universidade de Freiburg. Faleceu em Niterói … Ler mais