
A Coreia do Sul tem ganhado cada vez mais atenção no cenário global por sua cultura. Nos últimos anos, o país se destacou com feitos, como Bong Joon-ho, que venceu o Oscar de Melhor Filme com Parasita; o grupo musical BTS, indicado ao Grammy; e a série da Netflix Round 6, que se tornou a mais assistida da plataforma. Esse protagonismo também se estende à literatura, com Han Kang, a mais recente vencedora do Prêmio Nobel de Literatura, representando o país. O livro Kim Jiyoung, Nascida em 1982 (2016) também se destacou entre leitores internacionais, tornando-se um best-seller e, assim como os outros feitos mencionados, revela um lado pouco exposto da Coreia do Sul.
Kim Jiyoung, como nos é informado no título, é uma mulher nascida em 1982. Quando a trama se inicia, em 2015, juntamente com seu marido e sua filha, ela possui uma vida normal na cidade coreana Seul. Isso muda quando, um dia, Jiyoung começa a se comportar de maneira estranha: ela personifica vozes de outras mulheres em sua vida, tanto vivas quanto mortas.

O livro acompanha a trajetória da protagonista de maneira cronológica, desde sua infância até a maternidade, revisitando momentos marcantes na vida de Jiyoung. A narrativa aborda situações como o desfavorecimento em relação ao irmão mais novo dentro de casa, a discriminação por ser menina na escola, onde professores impõem rígidos uniformes apenas às alunas, e as limitações profissionais no trabalho, que favorecem os homens. Além disso, Jiyoung enfrenta o assédio sexual de colegas de trabalho, incluindo a instalação de câmeras escondidas no banheiro feminino.
Cho Nam-joo, autora da obra Kim Jiyoung, Nascida em 1982, através da ficção, expõe de uma maneira incisiva os desafios enfrentados por mulheres em sociedades patriarcais, aqui, especificamente a Coreia do Sul. Utilizando uma linguagem sem floreios e com complementos de dados e estatísticas ao longo da história, Cho Nam-joo consegue reforçar a veracidade das situações descritas pelas quais a personagem principal passa.
Jiyoung, de longe, é uma personagem extraordinária, possui o nome mais comum entre as meninas coreanas – ela poderia ser qualquer mulher. A autora, mesmo com uma escrita direta e objetiva, consegue nos fazer ter empatia por sua protagonista. Sem se preocupar com suavizar os fatos, de maneira bem verossímil, ela consegue expor o problema da desigualdade de gênero, algo que é ressoado não só na Coreia, mas em todo o mundo.
Paratexto editorial Resenha Crítica, produzido no âmbito da disciplina “Introdução à Editoração”, ministrada pela professora Flaviane Faria Carvalho, em parceria com os projetos +Ciência (FAPEMIG/UNIFAL-MG) e Laboratório de Estudos Editoriais (PROEC/UNIFAL-MG).

Sabrina Oliveira é estudante do 6° período do curso de Letras/Bacharelado em Línguas Estrangeiras da UNIFAL-MG. Apaixonada por idiomas, literatura e atualmente consome um pouco de cultura coreana.
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