A UNIFAL-MG oficializou, no dia 14 de abril, a política institucional de cultura. O evento ocorreu no Museu da Memória e Patrimônio da Instituição e marcou a assinatura da resolução que estabelece diretrizes para as ações culturais da universidade. O documento da Política de Cultura foi aprovado no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe), pela Resolução nº 90, de 22 de outubro de 2024.
“Ter uma política cultural na universidade é uma condição necessária, mas não suficiente. Ela é essencial para que a cultura ocupe seu espaço na universidade, mas é preciso mais para que ela realmente aconteça”, destacou o reitor da UNIFAL-MG, Prof. Sandro Amadeu Cerveira, no evento. De acordo com ele, além de criar um documento norteador da atuação da Universidade no campo da cultura é necessário investir e refletir sobre a importância da cultura para a humanidade.

Conforme a resolução, a Política de Cultura da UNIFAL-MG foi estabelecida em princípios que reconhecem a cultura em sua abrangência como fenômeno social e humano. Entre os fundamentos que norteiam as ações da Universidade na área, destaca-se o compromisso com o incentivo à participação ativa da comunidade acadêmica, especialmente dos estudantes, bem como da sociedade em geral, nos processos de construção e aprimoramento das iniciativas culturais. As ações culturais são guiadas por uma perspectiva inclusiva e de democratização do acesso, considerando as especificidades de todas as faixas etárias e das pessoas com deficiência. Além disso, a valorização da diversidade, da inclusão, da equidade e da sustentabilidade é central na formulação e execução das atividades culturais promovidas pela instituição.
“Para nós, a cultura é essencial, porque é o que nos humaniza. Sem a cultura, não somos humanos. A cultura, em seu sentido mais profundo, é aquilo que nos conecta com a nossa identidade e a nossa humanidade. E a universidade tem que ser um espaço central para a produção cultural, pois isso implica estudo, investimento, reflexão, trabalho e orçamento. Se a universidade não desempenhar esse papel, empobrecemos nossas cidades, nosso estado e nosso país”, analisa o reitor.

Durante a cerimônia de assinatura, a professora Daniela Aparecida Eufrásio, coordenadora de Cultura da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec), destacou a importância da oficialização da Política de Cultura da Instituição e ressaltou que a construção do documento é fruto de um processo coletivo, construído com ampla participação de servidores, alunos e de representantes da sociedade civil. “Isso fortalecerá as ações culturais da nossa Universidade. Assim, este momento de assinatura pública e simbólica da Política de Cultura pelo nosso reitor representa, de fato, o início de um novo desafio”, destacou.

A pró-reitora adjunta de extensão e cultura, Profa. Giovana de Fatima Lima Martins, destacou a importância simbólica e institucional da aprovação da política cultural da universidade, especialmente em um ano marcado por comemorações. Ela ressaltou que a cultura é um elemento fundamental para promover a diversidade, pluralidade e trocas de saberes. Segundo ela, a nova política cultural fortalece a integração entre ensino, pesquisa e extensão, ao mesmo tempo em que valoriza a riqueza dos povos, a vitalidade dos estudantes e a intergeracionalidade. “É isso que queremos provocar aqui: fortalecer ainda mais essas conexões dentro da universidade”, ressalta.
A pró-reitora adjunta também enfatizou a importância de ampliar os espaços de vivência cultural na Universidade e de promover a presença da comunidade nos ambientes acadêmicos. “Sabemos o quão longe chegam nossas ações de pesquisa e de parceria com a sociedade. Mas queremos também trazer mais cultura, mais espaços para que a comunidade possa ocupar. Hoje estamos aqui em um espaço que é o museu, pensado com muito carinho, e que em diversos momentos representa a cultura. Queremos que, nos espaços da universidade, haja mais vivência da sociedade”, completa Giovana Martins.
Impacto regional da Política de Cultura da UNIFAL-MG
Além de integrantes da Reitoria e da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da UNIFAL-MG, o evento de oficialização da Política de Cultural contou com a participação de representantes dos órgãos públicos de cultura das cidades de Alfenas, Poços de Caldas e Varginha.

Pela Fundação Cultural de Varginha, órgão responsável pela gestão cultural municipal da cidade, o jornalista Agnaldo Montesso, expressou gratidão pelo convite e parabenizou a Universidade pela construção de sua Política Cultural. Em sua fala, ressaltou a importância da parceria da UNIFAL-MG com a Fundação Cultural e da institucionalização de uma política cultural dentro da universidade, especialmente para os agentes culturais da região, como os de Varginha, Poços de Caldas e Alfenas, que mantêm uma relação direta com artistas e produtores. “Estamos sempre de portas abertas para a universidade e é uma honra para Varginha ter um campus da Universidade Federal de Alfenas”, reforçou.
A diretora de políticas culturais da Secretaria de Cultura de Poços de Caldas, Marianna Gonçalves de Carvalho Leite, parabenizou a iniciativa da UNIFAL-MG de institucionalizar uma política cultural. De acordo com ela, é uma forma efetiva de fazer política pública para o setor cultural. “Quero também dizer que nós, da Secretaria de Cultura de Poços de Caldas, estamos de braços abertos. Já temos algumas parcerias com a UNIFAL-MG. E essa parceria entre o poder público e a Universidade é de extrema importância”.
Para o secretário de cultura de Poços de Caldas, Luiz Fernando Gonçalves, a cultura tem um papel fundamental na aproximação entre a universidade e as pessoas que, por diferentes razões, não tiveram acesso à educação formal. Para essas pessoas, afirmou, a cultura pode ser um elo de contato com o ambiente acadêmico. “Eu fui um estudante universitário que tentou ao máximo levar a cultura para dentro da faculdade, e sei o quanto isso fez diferença. A cultura é aquilo que une todas as pessoas, é o que conta a nossa história”, disse.
A Secretaria de Cultura de Alfenas, foi representada pela diretora de políticas culturais, Isabelle Medeiros.De acordo com ela. Ela, em nome do prefeito Fábio Florêncio e do secretário de Cultura, Robson Carvalho, afirmou que a Política de Cultura da UNIFAL-MG vai servir como referência para o município. “Contamos muito com a Universidade para que possamos, enfim, implementar o nosso tão esperado Plano Municipal de Cultura. Essa é uma das grandes tarefas que temos na nossa gestão até o final dela, e com certeza vamos precisar do apoio de todos”, enfatizou.
Desafios para a implementação da Política Cultural na UNIFAL-MG

Após a assinatura oficial da Política Cultural da UNIFAL-MG, foi realizada a mesa-redonda “Desafios para a implementação da Política Cultural da UNIFAL-MG”, com a participação de Isabelle Medeiros, do servidor público e articulador cultural Danilo de Abreu, da UNIFAL-MG Campus Poços de Caldas, e do artista visual Ronaldo Auad, docente da UNIFAL-MG. A mesa teve a mediação da professora Daniela Eufrásio. Os convidados discutiram caminhos e obstáculos para a efetivação das diretrizes culturais na universidade, destacando aspectos estruturais, pedagógicos e sociais.
Em sua exposição, Isabelle Medeiros destacou que a Política Cultural da UNIFAL-MG foi construída coletivamente durante a pandemia e serve como instrumento científico para organizar ações culturais, promover reflexões críticas e integrar territórios. Enfatizou o papel da cultura na economia criativa, na saúde mental, no desenvolvimento territorial e na geração de empregos, especialmente em regiões do interior como Alfenas. Defendeu a criação de cursos de graduação em artes, a valorização de saberes populares e projetos comunitários, e apontou desafios como barreiras físicas, financeiras e burocráticas. Ressaltou ainda a importância da formação continuada em artes para educadores e a necessidade de previsão orçamentária para garantir a continuidade das ações culturais.
Já o professor Ronaldo Auad abordou a ausência de uma galeria na UNIFAL para exposições de diferentes áreas do conhecimento, sugerindo sua utilização como espaço formativo em curadoria e montagem. Propôs programações culturais contínuas e a criação de espaços que possam abrigar artistas e servir como campo de estágio para estudantes. Destacou o papel da universidade na valorização da cultura popular e sugeriu a integração de tradições locais aos projetos acadêmicos, especialmente no curso de pedagogia.

O servidor Danilo Abreu reforçou a importância de reconhecer e trabalhar com culturas populares, afro-brasileiras e indígenas nos territórios onde a Universidade atua. Com base em sua experiência com projetos de extensão no campus de Poços de Caldas, defendeu o diálogo com mestres culturais e a atuação do NEABI. Criticou os impactos dos cortes orçamentários sobre estudantes cotistas e trabalhadores terceirizados, e apontou a necessidade de estratégias para garantir sua permanência. Destacou o papel do fórum de cultura em pressionar pela garantia de orçamento para arte e cultura, sobretudo em contextos de vulnerabilidade como o vivido durante a pandemia.
O Papo de Cultura # 4 foi encerrado com um show da banda Sambalux, formada por ex-alunos da UNIFAL-MG, de Poços de Caldas. Conheça a banda em Sambalux.
Para acessar o evento completo assista: Papo de Cultura # 4
A Política de Cultura da UNIFAL-MG pode ser acessada na íntegra em: Resolução nº 90.
Com colaboração de Jenifer de Passos Aguiar, Coordenação de Cultura da Proec.