UNIFAL-MG estreia programa “Brasil 365°” na Rádio Federal FM (101.3)

Os programas serão transmitidos diariamente, durante um ano, e visam sintetizar e divulgar a música brasileira do século XX
Wellington Ferreira Lima e Anna Luiza Sposito durante gravação do programa de rádio "Brasil 365°" (Fotos: Arquivo Pessoal)
Arte feita pela professora Flaviane Faria Carvalho, coordenadora do projeto

O projeto de extensão “Brasil 365°”, da UNIFAL-MG, estreia no próximo domingo, 06 de julho, na Rádio Federal FM (101.3). A programação vai ao ar diariamente, durante um ano, às 7h30, com reprise às 17h30, e 30 minutos de duração. A ação visa apresentar a multiplicidade da música brasileira do século XX em seus diversos gêneros.

De acordo com o professor Wellington Ferreira Lima, do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) da UNIFAL-MG, e um dos coordenadores do projeto, o programa objetiva apresentar parte dos artistas que fizeram da música brasileira, uma das mais ricas e reconhecidas do mundo. “É fazer com que o ouvinte da Rádio Federal FM saiba que o autor de ‘samba de verão’ é também o autor de ‘Evidencias’”, ressalta.

Os programas buscam difundir um recorte da cultura presente na música brasileira e, segundo o docente, é importante saber que existiu Jackson do Pandeiro, Tito Madi, Assis Valente, Orlando Silva e muitos outros nomes cujas canções são cantadas e ouvidas, mas não se sabe ou não se lembra de quem são. “Chiquinha Gonzaga, por exemplo, é a patronesse da música popular brasileira. O dia do seu nascimento é, também, o Dia da Música Popular Brasileira. E quantas pessoas sabem cantar canções de Chiquinha Gonzaga, considerando a importância que ela tem para a nossa história?”, provoca Wellington Lima.

Os programas irão abordar artistas da música brasileira dos mais diversos gêneros, com representações regionais do Norte ao Sul do país, como a bossa nova, o rock anos 80, o samba-canção, o caipira, o rap, as marchinhas, as  músicas dos festivais e as músicas cristãs, por exemplo. “A ideia é realmente fazer um panorama do que foi a música brasileira no século XX sem grandes preconceitos, sem eixos de escolha, mas com uma dose de aleatoriedade de cada artista”, ressalta o docente.

O projeto é coordenado também pelas professoras Flaviane Faria Carvalho e Amanda Naves Berchez, do ICHL, e conta com a colaboração do técnico-administrativo em educação (TAE) Diego Duarte e de Anna Luiza Sposito, da Diretoria de Comunicação Social (Dicom) da Universidade. A iniciativa envolve ainda discentes da UNIFAL-MG e a Fundação de Apoio à Cultura, Ensino, Pesquisa e Extensão de Alfenas (FACEPE), responsável pela administração da rádio, além de colaboradores externos que atuam, igualmente, na produção de roteiros e participam das gravações.

Discentes do curso de Letras da UNIFAL-MG com o professor Wellington Ferreira Lima durante gravação do programa de rádio “Brasil 365°”

“A proposta é relevante por várias razões. Primeiro, porque estimula os alunos a pesquisar, conhecer e valorizar o nosso riquíssimo acervo musical brasileiro. Segundo, porque os incita a compartilhar essas descobertas com os ouvintes da Rádio Federal FM. Terceiro, porque permite que os discentes aprendam e exercitem, na prática, as técnicas e o estilo da linguagem radiofônica”, salienta Flaviane Carvalho. O professor Wellington Lima destaca também a importância dos discentes aprenderem a escrever roteiros.

“São 365 artistas… muito trabalho, que precisa de muitas mãos e vozes. Ainda pode receber mais colaborações, pois sempre se acha uma ou um fã de um artista inusitado”, enfatiza o docente. Os roteiros apresentam a vida, a obra e a trajetória do artista brasileiro que irá receber a homenagem no dia de seu nascimento ou falecimento.  “Sobretudo, é um projeto de memória cultural, como o trabalho do anjo do Gustave Doré: olhar para as ruínas do passado e tentar reagrupar alguma coisa e recuperar talvez um pouco do que a gente já não tem mais”, complementa o professor.

As locuções dos programas também vão se alternar entre os participantes do projeto. O docente destaca ser interessante que pessoas da comunidade externa, fãs de determinados artistas, tragam essa paixão e conhecimento para o programa. “Para um fã da comunidade externa que participa do projeto, o objetivo é fazer com que o seu artista favorito seja também ouvido por outras pessoas e toque na rádio. Então, nós temos professoras da rede municipal de ensino falando sobre Paulinho Mosca, Chico Buarque, Rita Lee. Nós temos músicos da cidade falando sobre outros artistas, como Vila Lobos, Dilermando Reis e até um podcaster falando sobre Os Mutantes e Tom Zé”, salienta o docente.

“Acredito que, em momentos como este em que os conhecimentos (e os desconhecimentos também) se pulverizam e circulam por uma miríade de vias, um espaço dedicado à valorização da herança nacional da música popular acaba investido de uma dimensão simbólica ainda mais significativa e potente”, ressalta Amanda Berchez. A docente destaca que, à vista do peso das instituições e das tradições, é uma escolha que a academia faz em não se enclausurar, donde se escancare a importância de um projeto que escanteia as noções fatalistas de inacessibilidade e elitismo, apostando na premissa de que outras conexões podem e devem ser feitas.

De acordo com Wellington Lima, pensadores como Wilde ou Hegel defendiam que a arte não precisa de um propósito, ela, por si só, é um objetivo, “mas enquanto universidade, nosso estatuto estabelece que a criação e a difusão da cultura para desenvolver o desenvolvimento do homem e do meio ambiente em que ele vive, é parte dos nossos objetivos”, finaliza.

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