Equipe da UNIFAL-MG integra iniciativa para promover cuidado integral às mães de crianças com TEA e deficiência

Projeto CACTO alia a Ciência do Cuidado Unitário à abordagem humanizada, ampliando e fortalecendo a rede de apoio do SUS
Professor Paulo Roberto Lima Falcão do Vale, da UFRB, em atividade do programa Cacto no Instituto TEAbraço (Foto: arquivo Programa Cacto)

A UNIFAL-MG integrou a equipe do Programa CACTO, uma iniciativa pioneira coordenada por professores da Escola de Enfermagem e do Programa de Pós-graduação em Enfermagem. Com execução prevista para as cinco regiões brasileiras, o projeto busca oferecer suporte integral às mães de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e/ou deficiência, reconhecendo a sobrecarga emocional, física e social enfrentada por essas mulheres.

Paulo Roberto Lima Falcão do Vale (Foto: arquivo pessoal)

O CACTO – cuja proposta completa é “Implementação do CACTO: programa de cuidado unitário às mães de crianças com Transtorno do Espectro Autista e/ou deficiência” – surgiu da aprovação do edital “Chamada nº21/2023 – Estudos Transdisciplinares em Saúde Coletiva” do CNPq, que destinou R$ 435.254,80 para o projeto, obtendo a expressiva nota de 9,47. A Coordenação Geral encontra-se sob a responsabilidade do professor Paulo Roberto Lima Falcão do Vale, do Centro de Ciência da Saúde da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.

Em meio à campanha de conscientização sobre o autismo realizada em abril, que enfatizou a importância do diagnóstico precoce, do respeito às diferenças e do suporte contínuo às famílias, os professores da UNIFAL-MG ressaltam a necessidade de ir além dos cuidados voltados somente para a criança. Segundo o professor Denis da Silva Moreira, coordenador do projeto na Região Sudeste III , “essas mães muitas vezes se anulam para cuidar de seus filhos. O Programa não visa substituí-las, mas sustentá-las.” Para a equipe, essa afirmação reforça a relevância de um olhar que desmistifica a romantização da maternidade, revelando as dores, angústias e desafios enfrentados diariamente.

Amanda Gonçalves Borges (Foto: arquivo pessoal)

No âmbito da pós-graduação, a enfermeira e mestranda Amanda Gonçalves Borges desenvolverá um projeto de pesquisa com mães de crianças com TEA vinculadas ao Centro Municipal do Autismo de Alfenas,  atualmente coordenado pela pedagoga Sônia Maria de Faria. Amanda destaca que, ao focar no cuidado unitário, o CACTO não só reconhece a sobrecarga enfrentada por essas mulheres, mas também oferece um espaço de escuta, acolhimento e valorização. “A necessidade de cuidar de quem cuida é um gesto de humanidade que tem como meta promover um ambiente de suporte emocional e fortalecer a rede de apoio, indo de encontro com as demandas reais da comunidade”, afirma a mestranda. Ela ressalta ainda que o projeto, inspirado por um movimento ético e humanista, possibilitará a produção de conhecimento e a avaliação dos níveis de estresse, fadiga e sobrecarga do cuidador, utilizando instrumentos validados e adaptados à realidade brasileira.

Adriana Olímpia Barbosa Felipe (Foto: arquivo pessoal)

Para a orientadora da pesquisa, professora Adriana Olímpia Barbosa Felipe, a partir de uma escuta e cuidado qualificado, é possível ampliar o olhar da enfermagem para além da dimensão clínica e incorporar aspectos do cuidado centrado na família e na saúde mental materna. “Os resultados desta investigação poderão subsidiar a elaboração de protocolos de cuidado, intervenções educativas e políticas públicas que fortaleçam a rede de apoio a essas mães, contribuindo para a formação de enfermeiros mais sensíveis às vulnerabilidades sociais e emocionais que permeiam o cotidiano das famílias de crianças com TEA”, destaca a professora da Escola de Enfermagem da UNIFAL-MG.

Adicionalmente, a psicóloga Sabrina Braga Serafim, bolsista do CNPq e cuidadora das mães no CACTO, enfatiza que o referencial teórico do projeto – baseado na Ciência do Cuidado Unitário, proposta pela enfermeira Jean Watson – propicia um exame aprofundado das dimensões afetivas e emocionais, além de promover o autocuidado e a autonomia das mães. “Com um olhar compassivo e relacional, as oficinas do CACTO proporcionarão encontros terapêuticos, rodas de conversa e atividades integrativas que permitirão às mães manejar suas emoções e resgatar todas as dimensões do ser mulher, não se limitando apenas à maternagem”, explica Sabrina.

Sabrina Braga Serafim, Denis da Silva Moreira e Sônia Maria de Faria (Foto: arquivo pessoal)

Segundo a equipe, o projeto, que será conduzido por uma intervenção quase-experimental com pré e pós-testes e medição dos níveis de cortisol salivar, visa a replicação do modelo em mais nove Centros de Apoio à criança com autismo e/ou deficiência em todo o país. “Essa estratégia não só contribui para a produção científica e tecnológica, mas também para o desenvolvimento de intervenções integradas e efetivas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), exercendo um papel transformador na vida das famílias”, afirmaram.

No cenário da Região Sudeste III, especialmente no município de Alfenas, o Programa CACTO integra esforços com o Núcleo de Apoio a Projetos Estratégicos (NAPE), sob a coordenação de Crébia Teixeira. Segundo ela, “esta iniciativa representa uma ação potente de acolhimento e visibilidade, proporcionando espaço para que as mães possam expressar suas experiências de forma singular e participar ativamente na transformação social”.

As atividades do Programa CACTO em Alfenas iniciaram em fevereiro deste ano, com a abertura do processo seletivo para a bolsista responsável pelo cuidado das mães. Inicialmente, a equipe envolvida participou de um treinamento intensivo para se aprofundar na Ciência do Cuidado Unitário e nas diversas ações de apoio que serão implementadas ao longo de 12 meses. Paralelamente, o espaço destinado ao atendimento está sendo cuidadosamente adaptado para receber o público-alvo no Centro Municipal de Autismo, situado na Rua Governador Valadares, 1262 – Jardim São Carlos. Está prevista a seleção das mães a serem atendidas em julho, com os atendimentos tendo início em agosto de 2025.

Em caso de dúvidas ou para mais informações, entre em contato com o coordenador regional do programa por meio do e-mail: denis.moreira@unifal-mg.edu.br

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