
Quando uma pessoa vive de verdade, todos os outros também vivem…
O que reprime nossa percepção? O que impede de ser você? O que é ser sábia em tempos de redes sociais, onde tudo é perfeito e com filtros? No livro A Ciranda das mulheres sábias, da Editora Rocco, a autora, Clarissa Pinkola Estés, nos convida a ter um diálogo com nossos arquétipos interiores de uma mulher sábia. Por mais que o livro esteja na categoria de autoajuda, nós não o consideramos dessa maneira, mas como um conhecimento de nós mesmas. “… Venha, sente-se comigo um pouco. Pronto, vamos fazer uma pausa, deixando de lado todos os nossos “inúmeros afazeres”. Haverá tempo suficiente para todos eles mais tarde.” (Estés, 2007, p.1).

Na obra, a sabedoria não está relacionada ao seu QI, ou a quantas graduações, ou livros uma pessoa leu. A sabedoria vem da ancestralidade, de vivências compartilhadas ou da memória individual, ou coletiva. O conceito de sabedoria não é algo selado, mas uma descoberta em qualquer momento da vida, quando essa mulher que está adormecida dentro de nós se desperta em nossas lembranças.
Ao longo da vida, sentimos a necessidade de nos conectarmos a algo, voltar às velhas essências, costumes, a nossa velha identidade, de descomercializar a vida que temos e voltar a uma estabilidade de saúde integral. A todo momento somos bombardeadas de padrões que sufocam essa mulher oculta, de não nutrirmos aquilo com que já nascemos, que são nossas raízes, nossas Abuelitas – é como a autora chama essas avós e mulheres, a ponto de perdemos nossa capacidade de defesa contra os padrões que são impostos a todo o tempo em casa, trabalho, sociedade, vida acadêmica etc.
“Sem dúvida, uma ocasião especial é qualquer ocasião a qual a alma esteja presente.
Você já percebeu? “reservar” para outra hora é o jeito que o ego tem de dizer,
rabugento, que não acredita que a alma mereça prazer no dia a dia. Mas ela merece,
de verdade. A alma sem dúvida merece.” (Estés, 2007, p.8).
A autora, não apenas em A ciranda das mulheres sábias, mas também em Mulheres que correm com os lobos (1992), utiliza metáforas e arquétipos que dão vida às mulheres do livro. O livro é dividido em quatro contos e oito preces que vão da mitologia em relação com a natureza, a exemplo das árvores e o paralelo entre raízes a mulher oculta, mulher que busca pela vida e nutre nossos sentidos, um questionamento entre a relação humana, natureza e a psique. Clarissa consegue, com muita simplicidade, trazer essas mulheres em nossa mente ao longo da leitura do livro. É uma obra que nos dá vontade de ler várias e várias vezes em um único dia, é uma leitura devoradora, pois desde a primeira frase você se prende ao livro e não consegue sair até terminar.
Clarissa divide a obra em três partes: o convite a enxergar com o terceiro olho, reconhecer a mulher sábia e, por fim, a dança é cura. A dança acontece depois que nós libertamos a mulher sábia, renovamos nossos ciclos de vida e a deixamos conduzir e reivindicar nosso lugar na sociedade, seja qual for e qual caminho queremos seguir, deixando de ser um lugar imposto ou comprado e passando a ser nosso por natureza.
A obra é finalizada com oito preces que o leitor consegue facilmente ler como uma ladainha. O ritmo da escrita, nos permite essa percepção e é finalizado com o clássico Amém. Esse amém advém da simbologia do “assim seja”, para que possamos nos conectar com todas as mulheres interiores que estão sendo cultivadas e adormecidas dentro de nós, que essa prece possa despertar em todas nós as grandes mulheres que temos e somos.
“Por elas…
por todos nós,
Grande Avó e Grande Avô,
Grande Neto e Grande Neta, da mesma forma…
Que todos nós nos aprofundemos
e vicejemos, que criemos a partir das cinzas,
que protejamos aquelas artes, ideias
e esperanças que não podemos permitir
que desapareçam da face desta terra.
Por tudo isso, que vivamos muito,
e nos amemos uns aos outros,
jovens enquanto velhas, e velhas
enquanto jovens para todo o sempre.
Amém”(Estés, 2007, p.108)
Paratexto editorial Resenha Crítica, produzido no âmbito da disciplina “Introdução à Editoração”, ministrada pela professora Flaviane Faria Carvalho, em parceria com os projetos +Ciência (FAPEMIG/UNIFAL-MG) e Laboratório de Estudos Editoriais (PROEC/UNIFAL-MG).

Gabrielle Aparecida Gaborim é estudante do curso de Letras/Espanhol e Literaturas da Língua Espanhola da UNIFAL-MG. Gosta de séries como “The Big Bang Theory” e “Grey’s Anatomy”. Interessa-se por pesquisa nas áreas de tecnologia e educação.

Jéssica Luana Venâncio Pimenta é estudante do curso de Letras/Licenciatura em Inglês e Literaturas da Língua Inglesa na UNIFAL-MG. Criativa e multidisciplinar, estuda também design gráfico e fotografia na escola de artes e tecnologia Oi Kabum! É apaixonada por estudar áreas como linguística e sociolinguística voltadas para a educação, música, jogos, filmes e séries, conhecer e ter contato com outros idiomas, artes e criação. A acadêmica é mãe da pequena Luyara e natural de Belo Horizonte.
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