Deus e o espantalho é o nome do mais novo livro de haicais do poeta e escritor Eloésio Paulo, professor do curso de Letras da UNIFAL-MG, que combina poesia, arte visual e boa dose de provocação.

Publicado pela editora Sic Edições, a obra reúne haicais e epigramas organizados em alternância, em uma espécie de diálogo entre o humano – simbolizado pelo espantalho, e o divino – representado por Deus. “Ao longo dos milhares de haicais que tenho escrito, fui percebendo que havia muitos sobre Deus e muitos sobre espantalhos. Como já pensava o espantalho como metáfora da condição humana, achei que seria possível criar um diálogo entre as duas séries”, detalha o autor, que já tem um acervo de aproximadamente 7 mil haicais.
Segundo Eloésio Paulo, a composição do livro foi sendo imaginada aos poucos, em um processo cuidadoso de escrita, seleção, ordenamento dos versos e idealização visual. “Selecionei cerca de 30 de cada e estabeleci uma ordem”, explica. “No meio do processo, tive a ideia de conseguir ilustrações que associariam o espantalho ao ideograma, numa alusão à origem oriental da forma poética”, acrescenta.
Essa proposta gráfica apresenta nas páginas pares, apenas os haicais “divinos”, sem ilustrações, para refletir a intangibilidade da figura de Deus; nas páginas ímpares, os haicais sobre espantalhos são acompanhados por desenhos que fundem ideogramas e silhuetas humanas.
As ilustrações foram produzidas por Malbec Lacaz, estudante do curso de História na UNIFAL-MG. “Ele fez uma para cada página ímpar, onde vão os haicais sobre os espantalhos. Detalhe importante: em uma delas, que se repete na capa, o ‘ideograma’ é sobreposto a uma citação do quadro Corvos num trigal, de Van Gogh, que talvez seja a minha pintura predileta”, comenta o professor.

Quem assina o prefácio intitulado “O espanto em poesia” é Samuel Rezende, um ex-aluno de Eloésio Paulo, que hoje é professor de Literatura da Universidade Federal de Uberlândia. Ao comentar a obra, o prefaciador descreve a poesia de Eloésio Paulo como um cultivo da simplicidade formal aliada a um olhar profundo sobre a condição humana.
“O espanto aqui acontece pela capacidade potente de condensar o dizer a tal ponto próximo do silêncio que a elipse abre, na compressão formal, a projeção imaginativa do não dito. Portanto, há nisso uma técnica, cuja lógica crítica, para separar e reunir, exige uma inteligência natural”, pontua.
A obra será lançada, inicialmente, em Areado-MG, terra do autor, e também em Alfenas-MG. Em Areado, haverá lançamentos no dia 8 de agosto, na Escola Municipal Joaquim Ribeiro Pereira e na Escolha Estadual João Lourenço. Já em Alfenas, o lançamento será no dia 23 de agosto, no espaço cultural da Cascafina.
Interessados em adquirir o livro, poderão encontrá-lo na Cascafina e, em breve, na página da Livraria Martins Fontes.