Durante duas semanas, estudantes e profissionais de diferentes áreas da saúde da UNIFAL-MG foram integrados nas atividades da disciplina optativa Educação Interprofissional no contexto dos cuidados em Terapia Intensiva. Diferentemente de outras iniciativas acadêmicas, a disciplina optativa agregou um componente prático aos participantes: a vivência na terapia intensiva.

A iniciativa faz parte da tese de doutorado da enfermeira técnica administrativa em educação Roberta Garcia Gomes e conta com a orientação da professora Silvana Fava e coorientação dos professores Rogério Lima e Namie Sawada, da Escola de Enfermagem da Instituição, e Cristina Freitas Carvalho Sousa Pinto, da Escola Superior de Enfermagem do Porto (Portugal).
A primeira edição da disciplina beneficiou 24 estudantes, com dois representantes de cada curso da área da saúde. O formato proposto exigiu duas turmas consecutivas, cada uma com 12 alunos.
O grupo trabalhou conceitos relacionados ao trabalho interprofissional e sua aplicabilidade em setores críticos, como a Terapia Intensiva. Comunicação eficaz, liderança colaborativa e gerenciamento de conflitos foram alguns dos temas abordados.
“Segundo os participantes, a experiência foi enriquecedora, pois proporcionou contato direto com a atuação prática de cada uma das profissões envolvidas no cuidado intensivo”, afirma o professor Rogério Lima. “Os estudantes tiveram a oportunidade de assistir conjuntamente um paciente grave, sob a supervisão de profissionais da Santa Casa de Alfenas, o que tornou o aprendizado mais significativo”, acrescenta.

Para a professora Silvana Fava, a interprofissionalidade na formação acadêmica representa um avanço para a melhoria da assistência em saúde. “Historicamente, o trabalho na área da saúde tem sido caracterizado por uma divisão rígida entre as profissões, resultado de fatores históricos e culturais. Esse modelo fragmentado pode aumentar o número de iatrogenias e os custos assistenciais”, argumenta.
Conforme a professora, a educação interprofissional pode mudar esse contexto, visto que possibilita a troca de conhecimentos, bem como as funções e as responsabilidades de cada profissional. “A superação desse cenário passa pela educação interprofissional, que permite aos estudantes de diferentes áreas aprenderem uns com os outros sobre seus respectivos papéis na assistência à saúde”, reforça.
De acordo com Roberta Garcia, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGENF), um dos principais desafios é articular essa experiência como uma intervenção educacional dentro de sua pesquisa. “Essa proposta busca encontrar pontos de convergência entre a academia e os serviços de saúde, que nem sempre possuem uma integração efetiva”, pontua.

O professor Rogério Lima explica que a realização da disciplina “Educação Interprofissional no Contexto dos cuidados em Terapia Intensiva” representa um marco na formação interprofissional da UNIFAL-MG, uma vez que promove um novo olhar sobre a colaboração entre os diferentes campos da saúde. “A expectativa é que estratégias como essa sejam incorporadas ao currículo na UNIFAL-MG”, conclui.
Participaram da disciplina, os professores e profissionais de saúde: Liliana Batista Vieira e Tiago Marques (Farmácia), Carolina Kosour (Fisioterapia), Iara Baldim e Cristiano Trindade (Medicina), Eliane Garcia (Nutrição) e Leandro Lima e Daniela Barroso (Odontologia). Além dos docentes, preceptores do Centro de Terapia Intensiva da Santa Casa de Alfenas colaboraram na iniciativa, estreitando os laços entre a academia e os serviços de saúde.
(Fotos: Dicom/UNIFAL-MG)