“Ape’ga” é o nome da sala de apoio ao aleitamento materno que acaba de ser inaugurada no campus sede da UNIFAL-MG para atender gestantes e puérperas da comunidade universitária e também de Alfenas. Localizada na sala L-307, a sala foi inaugurada durante a programação da 1ª Semana do Aleitamento Materno Ape’ga realizada entre os dias 5 e 7 de agosto, junto à Semana Mundial de Aleitamento Materno, que na edição de 2025 trabalhou o tema “Priorize a amamentação: crie sistemas de apoio sustentáveis”.
A criação do espaço é fruto do projeto Atenção integral ao aleitamento materno – impacto para o desenvolvimento da criança no primeiro ano de vida, desenvolvido pela médica doutoranda Gabriela Itagiba Aguiar Vieira, sob a coordenação da professora Larissa Helena Lobo Torres Pacheco, junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas (PPGCF). Também integra a proposta, a coorientadora Clícia Valim Côrtes Gradim, professora aposentada da Escola de Enfermagem.
O estudo acompanhou 183 binômios mãe/bebê ao longo do primeiro ano de vida, por meio de visitas domiciliares programadas. Os resultados parciais indicam prevalência de 80,4% de aleitamento materno exclusivo aos seis meses, o que supera a média nacional (45,8% em 2019), a meta do Ministério da Saúde para 2025 (50%) e a meta da OMS para 2030 (70%).
A atuação do grupo levou à readequação orçamentária aprovada pela FAPEMIG, o que permitiu a aquisição do mobiliário para a nova sala. “Tais resultados resultaram no apoio da FAPEMIG para alteração no orçamento do projeto, permitindo que mobiliários fossem adquiridos. Além do apoio da FAPEMIG, temos apoio constante da PRPPG [Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação] e da PROEC [Pró-Reitoria de Extensão e Cultura], que disponibilizou o espaço”, conta a professora Larissa Pacheco.
Segundo a coordenadora, o objetivo do Ape’ga é apoiar o aleitamento materno e aumentar seus índices na região. “Atualmente, temos colaborado com o Programa de Apoio à Gestante e ao Recém-Nascido (PAGE) da Prefeitura Municipal de Alfenas, que tem como público-alvo mulheres em situação de vulnerabilidade social, especialmente gestantes de médio e alto risco e puérperas”, explica, acrescentando que também são atendidas gestantes e puérperas do município que entram em contato pelas redes sociais.
Mais que um espaço, uma rede de apoio
Durante a inauguração, a professora Larissa Pacheco apresentou as filhas gêmeas, Bárbara e Tarsila, amamentadas por mais de quatro anos, que a inspiraram a criar o projeto. “Esse projeto nasceu nas madrugadas de privação de sono, quando eu percebi o quão privilegiada eu era por conseguir amamentar. Porque amamentar não depende só da vontade da mãe. Amamentar depende de uma estrutura familiar, depende de uma rede de apoio, depende de educação em saúde, depende de profissionais da saúde comprometidos com o aleitamento, depende do apoio social e nisso eu incluí as creches e escolas e os locais de trabalho das mães”, relatou.
A partir da experiência, a docente passou a pensar em ações de ensino, pesquisa e extensão que envolvessem desde a formação de estudantes até atividades em creches e escolas. Em 2021, quando a médica Gabriela Vieira procurou a professora com a proposta de fazer doutorado, Larissa Pacheco identificou a oportunidade de colocar as ideias em prática, proposta que se consolidou com a participação da professora Clícia Gradim, em 2023. “Com a inauguração da sala, entramos em uma nova fase porque nós temos mais um sonho: transformar Alfenas em uma cidade Amiga da Criança”, anunciou.
Gabriela Vieira reforçou que a inauguração do espaço é a concretização de um sonho. “Eu amo sonhar, especialmente quando estou por perto de pessoas que alimentam os meus sonhos”, afirmou, emocionada, ao relembrar a trajetória do projeto e os vínculos afetivos que o impulsionam. “Apesar de ter nascido em Brasília, eu me sinto alfenense de coração. Posso correr o mundo que, ao chegar a Alfenas, sinto que este é o meu lugar. Sonho com famílias felizes, crianças saudáveis, capazes de amar, criar, inovar e sonhar. Quando ajudamos uma mãe a amamentar, contribuímos para um mundo melhor”, enfatizou.
Ao comentar a sua participação no projeto, a professora aposentada Clícia Gradim, referência em enfermagem obstétrica, lembrou emocionada da longa trajetória dedicada às mulheres e a importância de iniciativas como essa.
“A orientação é tudo. Eu faço consultoria em aleitamento há 40 anos e me sinto honrada por estar aqui, contribuindo com essa nova geração de profissionais da saúde”, disse.
O pró-reitor de Extensão e Cultura, o professor Francisco Xarão, ressaltou o caráter interdisciplinar do projeto: “Ele é ensino, pesquisa e extensão ao mesmo tempo, transborda os muros da Universidade, mobiliza o espaço público e fortalece políticas de cuidado.”
Representando o reitor no evento, a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, a professora Vanessa Bergamin Boralli Marques, destacou emocionada que o Ape’ga é exemplo de como a Universidade pode transformar a realidade local. “Se as pesquisas e as atividades que a gente desenvolve aqui não servirem para tornar essa nossa região melhor, estamos fazendo pesquisa para nós mesmos e isso não é legal”, ressaltou.
A professora Vanessa Marques também falou do apoio da Instituição que ajuda a promover ações como a do projeto Ape’ga. “Na pandemia, quando a Universidade pediu os servidores voltarem ao trabalho presencial, as servidoras que amamentavam puderam ficar mais um tempo. O reitor deixou as mulheres calmamente em casa. O professor Sandro não está aqui, mas ele estimula as ações com as mulheres e estimula a gente”, disse.
Na sequência, a pró-reitora agradeceu a iniciativa. “Em nome dos meus colegas de gestão, das minhas colegas, em nome do professor Sandro, eu só tenho a agradecer que tenham sempre pessoas que estão dispostas a mudar as coisas. Eu desejo vida longa, toda estrutura, todo conforto, muito dinheiro de financiamento e investimento dos empresários da cidade que possam favorecer e criar espaços nesses locais. Parabéns a vocês.”
Ao fim da solenidade, as idealizadoras do projeto conduziram o público à inauguração simbólica da sala, oportunidade em que a professora Larissa Pacheco, a médica Gabriela Vieira e a professora Vanessa Marques descerraram a placa alusiva.
Além da inauguração, o evento contou com apresentações de trabalhos e workshops sobre aleitamento materno, além da palestra “Ape’ga: a caminho de uma cidade amiga da criança”. As atividades aconteceram na sala L-307, no hall do prédio V, na sala R-101 e também na Clínica de Especialidades Médicas (CEM), na Unidade Santa Clara.
