Um projeto desenvolvido em parceria entre a alimentação escolar de Alfenas, o CEMEI Maria Conceição Carvalho (Dona Zinica) e a UNIFAL-MG foi reconhecido em nível nacional durante a Jornada de Educação Alimentar e Nutricional do Fundo de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O projeto, que concorreu com mais de 1.700 relatos de experiências inspiradoras de todo o Brasil, ficou entre os 20 premiados.
A premiação ocorreu durante o Encontro Nacional do PNAE, em 4 de fevereiro de 2025, em Brasília, com a participação do presidente Lula. A nutricionista da Alimentação Escolar de Alfenas e aluna do Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Longevidade (PPGNL) da UNIFAL-MG, Alexandra Vieira Gonçalves, e a professora da rede municipal, Adriana Ribeiro, representaram a equipe e receberam o prêmio.

“É muito gratificante ver o meu trabalho e o de toda a equipe serem reconhecidos nacionalmente. Enfrentamos muitos desafios diariamente, então este prêmio traz um novo fôlego para continuar na luta em prol da segurança alimentar e nutricional e da promoção da alimentação adequada e saudável”, compartilhou Alexandra, emocionada com o reconhecimento. “Foi muito emocionante dividir o palco com representantes de todo o Brasil que estão nessa mesma sintonia e especialmente receber o prêmio do presidente Lula.”
Agroecologia na Escola

O projeto, implementado ao longo de 2023, focou em promover práticas agroecológicas no cotidiano escolar, envolvendo os 19 alunos de 5 anos do CEMEI Dona Zinica. As atividades, cuidadosamente alinhadas à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), abordaram desde o diagnóstico do desperdício de alimentos até a prática da compostagem e o cultivo de hortas.
“O projeto foi desenvolvido ao longo de todo o ano de 2023 a partir dos 4 temas indicados pelo FNDE”, explica Alexandra. “Nosso relato premiado se encaixou no tema ‘Agroecologia é o caminho para a saúde da humanidade e do planeta’ e foi desenvolvido de maio a julho de 2023, com os 19 estudantes das turmas do pré. O planejamento e a execução das ações foram realizados de maneira coletiva, envolvendo diferentes atores sociais do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), como nutricionista, diretora, equipe pedagógica e cozinheiras, além da parceria fundamental com a UNIFAL-MG.”

Para colocar em prática a proposta, o projeto se dividiu em seis etapas. Inicialmente, foi feito um diagnóstico do desperdício, pesando as sobras dos pratos dos alunos. Em seguida, rodas de conversa conscientizaram sobre a importância de reduzir o desperdício no ambiente escolar. Conforme explica Alexandra, a terceira etapa foi crucial: “A etapa foi direcionada à utilização da horta escolar e da composteira semanalmente enquanto ferramentas pedagógicas. Para que essa etapa fosse possível de ser realizada, o projeto Reforsse, da UNIFAL-MG, doou as composteiras e ofereceu uma formação para os gestores do CEMEI e de mais 5 escolas de como a composteira deveria ser utilizada”.

Dando continuidade, a distribuição das refeições foi adaptada para o modelo self-service, promovendo a autonomia alimentar e a redução do desperdício. As crianças participaram de um intercâmbio agroecológico na horta da UNIFAL-MG, assistiram vídeos educativos e participaram de dinâmicas sobre reciclagem, finalizando com um lanche com torta de talos de couve e suco de abacaxi com hortelã. Por fim, foi elaborado um gráfico para ilustrar o empenho dos estudantes na redução do desperdício, e as crianças criaram desenhos representando o que aprenderam.
A UNIFAL-MG foi uma parceira essencial nesta jornada, através do Programa Semeando Ideias, coordenado por Julieta Aparecida Moreira, do projeto Nutrir Arte, coordenado por Flávia Della Lucia, e do projeto ReFoRSSE, coordenado por Bruno Martins Dala Paula. “A parceria com a UNIFAL-MG e a integração dos membros da comunidade escolar fortaleceram o vínculo entre a escola e a comunidade, criando um ambiente mais colaborativo e engajado”, ressaltou Alexandra.
O resultado? Alunos mais conscientes e engajados com a alimentação saudável e a sustentabilidade. “Percebemos que as atividades desenvolvidas foram efetivas para despertar nos alunos maior interesse pelo cuidado com os alimentos desde o plantio, o consumo, até a destinação dos resíduos de maneira autônoma, buscando a redução do desperdício”, comemorou a nutricionista. “Foi possível perceber que houve aumento da aceitabilidade de alguns alimentos e uma redução do volume de alimentos desperdiçados.”

Alexandra também compartilhou os desafios enfrentados: “Apesar de apenas o CEMEI Dona Zinica ter sido premiado, desenvolvemos as mesmas atividades em outros dois CEMEIs da rede. Isso representou um desafio pois eles possuem realidades distintas. As ações demandaram muito diálogo com as equipes e adaptações para a realidade e interesse de cada unidade. Também foi desafiador engajar as crianças nas atividades.” No entanto, ela destaca a importância da Jornada para estimular a continuidade das ações de EAN, utilizando uma abordagem crítica, criativa e lúdica.
E os planos para o futuro já estão em andamento: “O Setor de alimentação escolar participa desde 2022 dessa iniciativa do FNDE, a Jornada de Educação Alimentar e Nutricional. Em cada ano realizamos um novo projeto com algumas escolas a partir dos temas do FNDE”, conta Alexandra. “Fomos selecionados pela terceira vez consecutiva para receber o prêmio, desta vez em relação ao projeto de 2024 do EMEI Raios de Sol e iremos receber a premiação em breve.”
Para Alexandra, este prêmio é um incentivo para continuar trilhando o caminho da educação alimentar e nutricional. “A Educação Alimentar e Nutricional é um dos pilares do PNAE e tem papel fundamental para a construção de hábitos alimentares saudáveis desde a infância, que podem ter repercussões importantes a longo prazo na qualidade de vida e na longevidade”, finaliza. “O diálogo e a construção coletiva, envolvendo diferentes membros da comunidade escolar e parcerias, tais como a Universidade, são essenciais para o avanço dessas práticas de forma efetiva e significativa.”
O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – código de financiamento 001.