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Projeto Death Cafe Alfenas promove diálogos abertos sobre a morte em encontros informais e acolhedores na UNIFAL-MG

O Brasil celebra em 19 de junho o Dia Nacional do Luto, data que busca promover reflexões junto à sociedade sobre os sentimentos de perda causados pelo rompimento de um vínculo significativo. Na UNIFAL-MG, um projeto de extensão traz à tona uma abordagem diferenciada sobre esse tema muitas vezes evitado. O Death Cafe Alfenas, coordenado pela professora Ana Cláudia Mesquita Garcia, da Escola de Enfermagem, vem criando um espaço acolhedor para discussões sobre a morte e o morrer.

Estudantes que participam do projeto com as coordenadoras: a professora Aline Danaga (primeira da esquerda para direita) e a professora Ana Cláudia Garcia (segunda da direita para esquerda). (Foto: Arquivo/Projeto Death Cafe Alfenas)

“A iniciativa do Death Cafe trata-se de um movimento global que promove encontros informais onde as pessoas se reúnem para conversar sobre a morte”, explica Ana Cláudia Garcia. “A ideia é criar um espaço seguro e acolhedor para discutir um tema que, muitas vezes, é considerado tabu na sociedade”, acrescenta.

O projeto Death Cafe foi fundado por Jon Underwood no Reino Unido em 2011, inspirado pelos encontros “cafés mortels” do sociólogo suíço Bernard Crettaz. A ideia central é simples e poderosa: ao falar abertamente sobre a morte, podemos viver de forma mais plena e consciente. Essa proposta rapidamente se espalhou pelo mundo, incluindo Alfenas, onde encontros são realizados mensalmente, tanto presencialmente quanto on-line.

Entre os diferenciais da proposta, o Death Cafe Alfenas promove encontros realizados em ambientes informais e acolhedores, como cafés e espaços universitários, os quais são abertos à participação por qualquer pessoa interessada, sem necessidade de pré-requisitos. Tais encontros focam em conversas livres, sem roteiros ou palestras predefinidas. “Os facilitadores ajudam a iniciar e manter a conversa, garantindo que todos os participantes tenham a oportunidade de falar e ouvir”, detalha a coordenadora.

Conforme a coordenadora, os participantes têm chances de expor seu ponto de vista e suas experiências sobre o assunto, o que no contexto universitário favorece o desenvolvimento de competências interpessoais, como empatia, comunicação e escuta ativa, bem como uma complementação da formação para carreiras na área de saúde e serviços humanos. Além disso, as atividades fomentam a resiliência, uma vez que discutir a morte pode ajudar os estudantes a desenvolver uma maior resiliência emocional, entendendo e aceitando a morte como parte da vida.

“Discutir a morte de maneira aberta e sem tabus pode preparar melhor esses futuros profissionais para lidar com pacientes e com doenças graves e em situações de fim de vida”, observa a coordenadora. “Não é um grupo de terapia ou um espaço para doutrinação, mas sim um lugar para compartilhar e refletir”, enfatiza.

Os encontros são gratuitos e realizados sob a perspectiva de manter uma atmosfera de respeito e confidencialidade, para garantir que todos se sintam seguros para compartilhar suas experiências.

Além de Ana Cláudia Mesquita Garcia, a equipe conta com a professora Aline Danaga, do Instituto de Ciências da Motricidade (ICM), como coordenadora adjunta, e estudantes de diversos cursos da UNIFAL-MG, como Medicina, Nutrição, Biomedicina, Fisioterapia, Enfermagem e Odontologia, além de uma voluntária do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Para integrar a equipe, os envolvidos passam por uma capacitação específica a fim de atuarem como facilitadores durante os encontros. A capacitação segue as orientações do site da iniciativa.

Registro feito no início das atividades do projeto em 2020. (Foto: Arquivo/Projeto Death Cafe Alfenas)

Desde o início em 2020, o Death Cafe Alfenas tem mostrado impactos significativos. Segundo a coordenadora, ao final dos encontros, os facilitadores pedem aos participantes que preencham um formulário de avaliação do evento. O retorno sobre a experiência demonstra o valor e a necessidade de espaços como o Death Cafe, que proporcionam um ambiente de conforto, aprendizado e acolhimento.

“Foi bom saber que outras pessoas têm pensamentos parecidos com os meus sobre a morte”, relatou um participante. Outro comentou: “Confortável, enriquecedor e proveitoso”. “O evento trouxe informações e pontos de vista diferentes que fazem refletir”, manifestou um terceiro.

Quem tiver interesse em participar pode se inscrever pelo CAEX neste link e acompanhar as divulgações sobre as atividades presenciais do projeto pelo Instagram da Liga Interdisciplinar de Cuidados Paliativos (LICP) da UNIFAL-MG.

Acesse também o vídeo feito em referência ao Dia do Luto, produzido pela equipe do projeto em parceria com a LICP neste link.

(Imagem em destaque: Registro feito durante o encontro presencial realizado no dia 6 de junho de 2024 –  Foto: Arquivo/Projeto Death Cafe Alfenas)

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