Bicentenário da Independência do Brasil, por Mário Danieli Neto

No Bicentenário da Independência do Brasil, convidamos para uma reflexão acerca de um dos personagens mais marcantes de nossa História: José Bonifácio de Andrada e Silva. Nascido em Santos (SP) em 1763, estudou na Universidade de Coimbra, onde formou-se em filosofia e direito e, posteriormente, formou-se em mineralogia pela Universidade de Freiburg. Faleceu em Niterói … Ler mais

Retornando a um genocídio, por Eloésio Paulo

Os que desejam apagar a história recente do Brasil têm razão. Sim, pois uma razão pervertida continua a ser – ao menos na superfície – razão. Veja-se, a propósito, o mais recente livro de Frei Betto: ele recupera, com base em farta documentação, um episódio que os apologistas do nosso capitalismo caboclo prefeririam deixar no … Ler mais

A importância de não ser Franz, por Eloésio Paulo

Não é que o escritor conte uma história sem pé nem cabeça. É que os pés e a cabeça, como num quadro cubista, talvez não estejam nos lugares previstos. O agressor (1943) já foi comparado também a Beckett e Dostoiévski, mas seu parentesco mais evidente no tronco da literatura ocidental é Kafka. Há mesmo um … Ler mais

O absolutismo pobre da Cidade de Deus, por Eloésio Paulo

O estilo de Paulo Lins contém impurezas e tropeços, como os continham os de Balzac e Dostoiévski. Mesmo um leitor entusiasmado da primeira hora, o crítico marxista Roberto Schwarz, não deixou de notar certas “desigualdades literárias” em Cidade de Deus (1997), tratando, no entanto, de conferir a elas um status de funcionalidade estética. Houve também … Ler mais

Crônicas de vidas erradas, por Eloésio Paulo

Resumo de Ana (1998), de Modesto Carone, é composto de duas narrativas que se entrelaçam e espelham. A Ana do título e Ciro, protagonista da outra história, são mãe e filho. Se lidas superficialmente, os textos revelam-se como o relato objetivo de uma história real: Ana foi a avó materna do autor; Ciro foi seu … Ler mais

O zênite de Graciliano, por Eloésio Paulo

  Infância (1945) é, em geral, considerado um livro de memórias. Mas essa catalogação plana deixa de observar várias pistas de propósito incluídas nele, como a declaração de que o menino Graciliano muito cedo ganhou “afeição às mentiras impressas”. O volume é dividido em capítulos intitulados um pouco à maneira de Vidas secas; no início … Ler mais

Com a palavra, o verme, por Eloésio Paulo

  Quem está à beira do corpo? Inicialmente se pensa que é o verme, estranho narrador da primeira parte desse romance estranho. Mas, na segunda parte, o outro narrador nos dirá que é Vicente. A história propriamente é boa: o relato de um adultério e da vingança do “conje” traído. De novo, a velha obsessão … Ler mais

Teve azul, mas faltou ouro, por Eloésio Paulo

É sintomático que o único personagem muito interessante de Ouro sobre azul (1875), romance hoje um pouco esquecido, seja o celibatário convicto e globetrotter folgazão Adolfo Arouca. Ele se enquadra muito mal no figurino romântico, a ponto de o estranharmos quando afivela ao rosto a máscara do burguês cheio de respeito às conveniências. Adolfo é … Ler mais

Macabro, patético e risível, por Eloésio Paulo

  A trilha sonora era Radiohead, mas bem que podia ser Twisted Sister. Em 2006 a Rede Globo, dando uma de Record, produziu aquele caso policial baseado no episódio conhecido como “crimes do Arvoredo”, em referência à rua de Porto Alegre onde, no ano de 1864, um improvável casal foi autuado pela polícia por matar … Ler mais

Um “fazendeiro do ar”, por Eloésio Paulo

Francesco Petrarca (1304-1374), um dos grandes escritores renascentistas, queixou-se num poema por sua amada, por ele tornada arquifamosa, não apenas o haver deixado para casar-se com outro, mas ter dado a este “undici figlioli” (onze filhos). Maior razão teria Constança, a prima de Alphonsus de Guimaraens (1870-1921), celebrada pelo poeta em seus sonetos simbolistas, alguns … Ler mais

“Por diversão, para divertir”, por Eloésio Paulo

 Já ninguém lê livros de bolso, aqueles que a gente comprava na banca de jornal: de faroeste e de espionagem, principalmente. Um brasileiro chamado José Carlos Inoue certa vez concedeu ao Estadão interessantíssima entrevista revelando ter escrito, ao longo de vários anos, nada menos que três desses livrecos por dia. Mesmo com enredos e personagens … Ler mais

“Neurastenia ao telefone”, por Eloésio Paulo

Ainda bem que Dulce, a protagonista de A voz submersa (1984), tem um marido rico, metido em falcatruas governamentais propiciadas pela sociedade com um oficial do Exército. A chamada telefônica transcrita pelo narrador do romance de Salim Miguel custaria uma fortuna, e as 105 páginas que ela ocupa são a medula do livro: não se … Ler mais

“Um Alencar atualíssimo”, por Eloésio Paulo

José de Alencar é um grande “vilão” quando se considera esta de muitas tragédias do ensino básico no Brasil: a incapacidade da escola de estimular, entre crianças e jovens, o hábito da leitura. É que os principais livros do escritor romântico, classificados como romances indianistas e urbanos, são, o mais das vezes, empurrados goela abaixo … Ler mais

“Vida de juiz era bem outra”, por Eloésio Paulo

A cidade sul-mineira de Carmo de Minas, que até 1953 se chamava Silvestre Ferraz, produziu uma improbabilidade estatística: dois escritores relevantes no mesmo século, número desusado em relação ao contingente populacional do município, que hoje não chega a 15 mil habitantes. Não será o caso de especular as causas do fenômeno, tarefa atribuível a alguém … Ler mais

Hilda Furacão: Memória 4 x 1 Ficção, por Eloésio Paulo

O leitor que assistiu à série feita pela Globo sentirá falta de algumas coisas no romance Hilda Furacão (1991), que a inspirou. Não só de Ana Paula Arósio e Rodrigo Santoro, mas de boa parte da história de amor que eles encarnam. O livro de Roberto Drummond, como costuma ocorrer nesses casos, foi reescrito para … Ler mais

“A volúpia da prolixidade”, por Eloésio Paulo

Você está lendo um livro de 500 e tantas páginas, o que já é um ato de coragem nestes tempos tão pouco convidativos ao dispêndio inteligente de tempo e energia. Então, depara com palavras que nunca imaginou que existissem: cebolórios, javevó, verecúndia, sincipúcio, folastria. Vai ao dicionário e constata, surpreso, que todas elas existem na … Ler mais