UNIFAL-MG é destaque no Programa Compete Minas com três projetos inovadores selecionados pela FAPEMIG

Projetos nas áreas de mineração, tecnologia automotiva e cosmética foram aprovados para financiamento, reforçando a parceria entre Universidade e setor industrial em Minas Gerais

Atualizado em 9 de setembro de 2024 às 14:15

Lançamento do Programa Compete Minas na UNIFAL-MG, com a presença de Bruno Araújo – subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação de Minas Gerais, em registro feito em janeiro de 2024. (Foto: Arquivo/Dicom)

A UNIFAL-MG conquistou destaque na recente chamada da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) para o Programa Compete Minas – Linha Tríplice Hélice. Dos 66 projetos submetidos na chamada 07/2024, 40 avançaram para a segunda etapa de avaliação e, ao final, 20 foram aprovados para contratação. Entre esses, três projetos de destaque da UNIFAL-MG foram selecionados.

Entre os pesquisadores que tiveram os seus projetos aprovados estão os professores Guilherme José Ramos Oliveira e Gustavo do Amaral Valdiviesso, ambos do Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT); e Mateus Freire Leite, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF), da UNIFAL-MG.

O desenvolvimento dos projetos tem previsão de início nos próximos meses e contam com a colaboração de instituições parceiras conhecidas, como Standard, Luxparts e CMR cosméticos. Sob a coordenação de pesquisadores da UNIFAL-MG, as iniciativas visam promover avanços tecnológicos em suas respectivas áreas, contribuindo para o progresso científico e industrial de Minas Gerais.

Os projetos aprovados incluem:

  • Desenvolvimento de Estratégia de Concentração para Areia de Baixo Teor de SiO2
    Coordenador: Guilherme José Ramos Oliveira
    Instituição Parceira: Standard
    Valor Aprovado: R$ 260.048,60
  • Desenvolvimento de Faróis Automotivos Adaptativos com Uso de Inteligência Artificial Embarcada
    Coordenador: Gustavo do Amaral Valdiviesso
    Instituição Parceira:  Luxparts
    Valor Aprovado: R$ 2.374.720,20
  • Tecnologias Cosméticas Nanodispersas Inovadoras para Aplicação na Pele: Comprovação de Claim e Aumento dos Níveis de Prontidão
    Coordenador: Mateus Freire Leite
    Instituição Parceira: CMR cosméticos
    Valor Aprovado: R$ 251.618,00

Compete Minas

O Compete Minas é um programa de financiamento promovido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) que tem como objetivo estimular a inovação e o desenvolvimento tecnológico no Estado. Por meio do programa, a FAPEMIG apoia projetos que promovem a colaboração entre instituições de ciência e tecnologia (ICTs), empresas, startups e cooperativas, visando a criação de soluções tecnológicas que atendam às necessidades do mercado.

Dentro do Compete Minas, a Linha Tríplice Hélice é uma das modalidades de financiamento que se baseia no modelo de inovação conhecido como Tríplice Hélice. Esse modelo propõe o estreitamento entre três setores-chave: o acadêmico, o empresarial e o governamental, com o objetivo de que a parceria entre os setores promova a troca de conhecimento, gerando inovações que beneficiem a sociedade e impulsionem o desenvolvimento econômico.

Projetos financiados e pesquisadores
Professor Gustavo Valdiviesso dentro do ProtoDUNE, dos nossos experimentos no Centro Europeu para a Pesquisa Nuclear (CERN). (Foto: arquivo pessoal/Gustavo Valdiviesso)

Em 2017, o professor Gustavo do Amaral Valdiviesso passou 13 meses no Fermilab, nos Estados Unidos, com o objetivo de contribuir para o experimento SBND e aprofundar seus conhecimentos em instrumentação científica. Após retornar ao Brasil, em 2018, o docente iniciou o Projeto CAIPORA, que utiliza inteligência artificial para detectar supernovas. Segundo ele, a falta de recursos dificultou a criação de um laboratório de instrumentação científica.

Ele contou que a oportunidade surgiu com a empresa Luxparts, interessada em desenvolver faróis automotivos inteligentes, utilizando a mesma tecnologia do Projeto CAIPORA. “Um dos meus orientados de pós-graduação, Rodrigo Congio, me falou sobre um projeto interessante que a empresa para a qual ele trabalha, a Luxparts, tinha interesse em desenvolver: faróis automotivos que se adaptem de forma autônoma e inteligente às condições de luminosidade e à dinâmica das rodovias. Em uma reunião com os representantes da empresa vimos ali uma sinergia entre o Projeto CAIPORA e os faróis inteligentes: o mesmo cérebro virtual capaz de enxergar e reagir à explosões em outras galáxias deveria ser capaz de desviar o farol do rosto do motorista à sua frente, ou de focar em um objeto que entre repentinamente na frente do veículo em movimento”, contou.

Essa “sinergia” resultou em um projeto aprovado pela FAPEMIG, com um financiamento de R$ 2,3 milhões, que visa desenvolver um protótipo nos próximos três anos. “Este projeto mostra como podemos levar novas tecnologias direto dos laboratórios de ciência básica para a indústria, quando há condições para isso”, afirmou.

Sobre os próximos passos para a implementação da tecnologia no mercado, o professor destaca que ainda há um longo caminho a percorrer. “É um projeto fundamentalmente de pesquisa e nosso objetivo é chegar em um protótipo em 3 anos. Este protótipo deve ser capaz reagir à algumas condições específicas que fazem parte do comportamento que estamos tentando emular”, finalizou.

Professor Guilherme José Ramos Oliveira, coordenador adjunto do Grupo de Pesquisa em Processamento Mineral (GPPM) da UNIFAL-MG. (Foto: arquivo pessoal/ Guilherme Oliveira).

O professor Guilherme José Ramos Oliveira, coordenador adjunto do Grupo de Pesquisa em Processamento Mineral (GPPM) da UNIFAL-MG, está à frente de um projeto inovador que busca soluções sustentáveis para o setor mineral. A iniciativa, aprovada pela FAPEMIG, tem como objetivo transformar areia de baixo teor, atualmente acumulada em pilhas de estéril sem valor econômico, em produtos de alta qualidade como vidros, placas solares e fibra óptica.

Daniela Gomes Horta, docente do Instituto de Ciência e Tecnologia e coordenadora do GPPM. (Foto: arquivo pessoal/Daniela Horta)

Sob a liderança da professora Daniela Gomes Horta, docente do Instituto de Ciência e Tecnologia e coordenadora do GPPM, e com a colaboração de Guilherme Oliveira, o projeto busca enfrentar um dos maiores desafios enfrentados por potências mineradoras como o Brasil: o acúmulo de rejeitos e estéreis.

A parceria com a empresa Standard é, segundo ele, essencial para garantir o suporte técnico e estrutural necessário, permitindo o desenvolvimento de uma rota de processamento mineral capaz de gerar produtos nobres e valorizar materiais subutilizados. “A principal contribuição é a transformação de um material de baixa qualidade em produto nobre para indústrias de ponta, vindo ao encontro dos objetivos de desenvolvimento sustentável e uso racional dos recursos minerais. Para atingir esse objetivo, várias técnicas de concentração mineral serão estudadas e combinadas, significando avanços científicos na área de processamento mineral”, destacou.

Segundo o professor Guilherme Oliveira, a pesquisa não apenas propõe o reaproveitamento de recursos, mas contribui diretamente para os objetivos de desenvolvimento sustentável, promovendo o uso racional dos recursos minerais. De acordo com ele, o projeto conta com parcerias importantes com o Laboratório de Caracterização Tecnológica (LCT), coordenado pela professora Carina Ulsen, e com o Laboratório de Tratamento de Minérios (LTM), sob a liderança do professor Maurício Bergerman, ambos da Universidade de São Paulo (USP).
Mateus Freire Leite é docente da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNIFAL-MG. (Foto: arquivo/Dicom)

A proposta do professor Mateus Freire Leite, aprovada no âmbito do financiamento, tem como foco aumentar o nível de maturidade tecnológica – Technology Readiness Level (TRL) – de tecnologias cosméticas nanodispersas desenvolvidas no Laboratório de Tecnologia de Cosméticos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UNIFAL-MG.

“O objetivo é comprovar a eficácia dessas tecnologias e novos produtos cosméticos da empresa parceira para procedimentos estéticos e cuidados diários, com destaque para a prevenção do envelhecimento cutâneo, controle de melasma, esfoliação enzimática e hidratação”, explicou. Conforme mencionado pelo pesquisador, as nanotecnologias envolvidas, já patenteadas, são inovadoras, sustentáveis e utilizam ingredientes da biodiversidade brasileira.
Sobre a aprovação do projeto, o professor destacou: “Este financiamento representa uma excelente perspectiva para concretizar o processo de inovação. A colaboração entre a universidade, empresas e o governo, no modelo da Tríplice Hélice, é fundamental para impulsionar o desenvolvimento tecnológico e econômico.”
Ele acrescentou que a execução do projeto visa “transformar a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico da UNIFAL-MG em resultados concretos no mercado, promovendo o desenvolvimento socioeconômico de Minas Gerais e do Brasil, e incentivando a cultura da inovação e do empreendedorismo inovador por membros da comunidade acadêmica”, finalizou o docente.

Agência de Inovação e Empreendedorismo (I9)

Segundo a diretora da Agência de Inovação e Empreendedorismo (I9), professora Izabella Carneiro Bastos, desde o lançamento do Compete Minas em 2022, a UNIFAL-MG tem desempenhado um papel ativo na promoção e participação do programa. Em janeiro deste ano, a Instituição sediou o lançamento do Programa Compete Minas, organizado em colaboração com a I9.

“Nestes três anos, o número de projetos submetidos pela UNIFAL-MG ao Compete Minas cresceu significativamente. Este aumento pode ser atribuído aos esforços contínuos da Universidade em divulgar a chamada, tanto internamente quanto para empresas e startups, realizado inclusive dentro da Incubadora NidusTec, promovendo um ambiente de inovação e colaboração”, afirmou.

A diretora da I9 destacou a importância dessa conquista: “A aprovação desses projetos pelo Compete Minas é motivo de muito orgulho para nós. Acreditamos na integração entre os ambientes de inovação como um caminho essencial para o desenvolvimento do ecossistema de empreendedorismo na região. Esperamos que essas iniciativas fortaleçam ainda mais a inovação e a capacitação das entidades envolvidas.”

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