Pesquisa destaca as violências presentes no cotidiano das mulheres em situação de vulnerabilidade no Sul de Minas

Estudo da UNIFAL-MG problematiza os diferentes tipos de violência aos quais as mulheres acolhidas no CRAS de Varginha-MG estão expostas
Imagem ilustrativa. (Foto: Reprodução/Canva Pro)

Os diferentes tipos de violência cometidos contra mulheres acolhidas no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) de Varginha-MG foram objetos de análise no estudo “‘Se você levou dois tapas, eu vou te dar só um… Você já levou dois e aguentou’: o ciclo da violência na vida das mulheres em situação de vulnerabilidade socioeconômica”.

Autoras do estudo: Amanda Marques Brito de Souza, Leticia da Silva Matias dos Santos, Jady Oliveira Borges e professora Cilene Margarete Pereira. (Fotos: Arquivo Pessoal)

De autoria da docente Cilene Margarete Pereira, professora visitante no Instituto de Ciências Sociais Aplicadas (ICSA) entre 2021 e 2023, e das estudantes Amanda Marques Brito de Souza, Leticia da Silva Matias dos Santos e Jady Oliveira Borges, a pesquisa foi apresentada no 48º Encontro da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração (ANPAD), ocorrido no mês de setembro de 2024, na Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, oportunidade em que o trabalho foi agraciado com menção honrosa.

Na pesquisa, foram utilizados referenciais da Teoria da Reprodução Social (TRS) para analisar as violências presentes no cotidiano das mulheres atendidas pelo CRAS. A análise tem como materialidade o relato de “Patrícia” (nome fictício), uma das 15 mulheres que participaram dos encontros promovidos pelo projeto de extensão “‘Escrevivências’ femininas: traçando linhas em educação, direitos humanos e políticas públicas em Varginha-MG” da UNIFAL-MG, durante os meses de outubro e novembro de 2023.

O estudo tipifica as violências contra as mulheres em cinco grandes grupos, sendo eles a violência psicológica, intrafamiliar, moral, patrimonial e física, e os discute. “A violência psicológica é a precursora de outras formas de violência”, afirmam as autoras. Segundo elas, isso ocorre porque destrói a autoestima das vítimas e distorce a realidade, tornando as mulheres incapazes de reagirem. Além disso, são discutidas formas não materiais de violência, tais como a violência simbólica, o silenciamento e o ciclo da violência, e a sua contribuição para legitimar a materialização dos atos violentos. As pesquisadoras enfatizam que “a identificação das violências pelas mulheres não cria, por si só, os recursos materiais necessários para romper esse ciclo”.

De acordo com as pesquisadoras, os resultados obtidos podem incentivar a “criação de mecanismos para coibir a violência contra as mulheres, tais como instituições como os CRAS e os Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), além das casas de acolhimentos às vítimas de violência, as delegacias especializadas no atendimento às mulheres e todo aparato legal”.

A expectativa das autoras é de que o processo de rompimento do ciclo de violência não se limite à consciência histórica de sua existência, mas também envolva ações transformadoras na prática.

O trabalho foi realizado com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG) e do Grupo de Pesquisa Gênero pela Não Intolerância (GENI/UNIFAL-/MG).

Para ler o resumo do trabalho, acesse aqui.

Vitoria Gabriele Souza Geraldine é acadêmica do curso de Medicina da UNIFAL-MG e bolsista do projeto +Ciência, cuja proposta é fomentar a cultura institucional de divulgação científica e tecnológica. A iniciativa conta com o apoio da FAPEMIG por meio do Programa Comunicação Pública da Ciência e da Tecnologia para desenvolvimento.

*Texto elaborado sob supervisão e orientação de Ana Carolina Araújo

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