Fãs da obra de Machado de Assis, um dos escritores brasileiros considerado por muitos críticos como o maior nome da literatura do Brasil, não podem deixar de conferir o último livro lançado por Eloésio Paulo, professor do curso de Letras da UNIFAL-MG: “Questões abertas sobre O Alienista”.
Ao longo de 168 páginas, o autor faz uma revisão dos principais textos escritos sobre a obra de Machado de Assis, apontando lacunas importantes para uma reflexão analítica.
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“À medida que fui me tornando mais íntimo desse texto e da obra de Machado como um todo, tive uma percepção crescente de que falta muito a ser dito sobre ‘O alienista’”, afirma professor Eloésio Paulo. (Foto: arquivo pessoal)[/perfectpullquote]
No decorrer dos 12 capítulos que compõem o livro, Prof. Eloésio também disserta sobre acertos da crítica, para em seguida fazer sua própria análise, mais próxima de um texto de ficção do que de pressupostos teóricos geralmente aceitos sobre a obra machadiana. “Isso deságua numa síntese do ‘estado da arte’ a respeito do problema da loucura na época em que o relato foi escrito, estabelecendo conexões entre as ideias dominantes na psiquiatria daquele momento e o pensamento de Machado sobre o tema, muito mais afim à tragédia do que ao cientificismo que dava o tom naquele momento de constituição da especialidade psiquiátrica”, explica.
Segundo o autor, o protagonista do relato, Simão Bacamarte, é muito mais do que uma sátira ao cientificismo ou à psiquiatria: é também um personagem trágico. “Na esteira do que John Gledson propôs a respeito de ‘Casa velha’, sugiro a possibilidade de que ‘O alienista’ seja na verdade um romance inacabado e não uma novela, como normalmente se afirma, apesar de o relato ter sido colocado pelo autor num livro de contos, ‘Papeis avulsos’”, enfatiza.
“Questões abertas sobre O Alienista” é resultado do segundo pós-doutorado de Eloésio realizado na UFMG, cumprido entre outubro de 2017 e setembro de 2018. “Reelaborei e ampliei um capítulo de minha tese de doutorado, mas o interesse por essa narrativa de Machado de Assis vem muito longe”, conta, revelando que leu a obra 25 vezes ao longo da vida, tendo sido a primeira vez aos 13 anos.
“À medida que fui me tornando mais íntimo desse texto e da obra de Machado como um todo, tive uma percepção crescente de que falta muito a ser dito sobre ‘O alienista’”, afirma.
Para Prof. Eloésio, continuará faltando muito ainda a ser dito a respeito da obra mesmo depois do seu livro, de forma que ele mesmo não descarta a possibilidade de retomar o tema em outro estudo. “Pode ser que no futuro eu amplie o estudo já feito, porque, como diz o título, na minha opinião a maioria das questões sobre ‘O alienista’” ainda está muito aberta. Creio que meu trabalho pode contribuir para o reconhecimento desse relato como um ponto privilegiado no caminho que levou Machado de Assis de seus primeiros romances, ainda bastante convencionais, para a revolução formal até hoje mal compreendida, também, que foram as ‘Memórias póstumas de Brás Cubas’.”
O livro foi publicado pela editora Dubolsinho, de Sabará-MG, e devido à pandemia, ainda não aconteceu o lançamento presencial em Belo Horizonte, conforme previsto.
Apesar de o livro ainda não estar nas livrarias, pedidos podem ser feitos por correio eletrônico para elo.paulo@uol.com.br.