Abril Indígena: Artistas Indígenas na Música para Conhecer

Brô MC’s. (Foto: Divulgação/Goldemberg Fonseca)

O texto da semana passada apresentou alguns materiais de literatura indígena como forma de conhecer e se engajar na luta Indígena por direitos por meio da educação. Neste texto, que encerra a série Abril Indígena, o foco recai sobre artistas indígenas da música, como um convite a conhecer suas vozes, seus ritmos e suas mensagens. O formato deste texto é diferente dos anteriores, com o objetivo de incentivar o público a ouvir e refletir a realidade indígena a partir das músicas.

Início a primeira indicação com o Brô MC’s, o primeiro grupo de rap formado por indígenas no Brasil. O grupo é composto por quatro jovens Guarani e Kaiowá das aldeias Bororó e Jaguapiru, no Mato Grosso do Sul. Suas músicas mesclam português e guarani e abordam a realidade de seus territórios, a violência contra seus povos e o orgulho da identidade indígena.

Solto MC é um artista indígena de São Paulo que vem resgatando suas raízes indígenas. Em suas composições, destaca temas como a resistência dos povos originários, as vivências no contexto urbano, o racismo estrutural e a importância da retomada das tradições e da oralidade.

Katu Mirim é uma rapper e ativista indígena urbana, do povo Tupinambá. Suas letras são marcadas pela crítica ao colonialismo, às violência de gênero e ao racismo. É também uma das vozes mais potentes do movimento indígena LGBTQIA+ no país.

Oz Guarani é um duo de rap formado por jovens da Terra Indígena Jaraguá, em São Paulo. Suas músicas tratam do cotidiano nas aldeias urbanas, da luta por território, da cultura Guarani e do enfrentamento ao apagamento das identidades indígenas em contextos metropolitanos.

Kaê Guajajara é uma cantora, compositora e ativista do povo Guajajara. Sua música mistura rap e espiritualidade indígena. Com letras fortes, Kaê denuncia o racismo, a violência contra as mulheres indígenas e celebra a ancestralidade e a cura.

Wera MC, indígena Guarani Mbya da aldeia Tenondé Porã (SP), é referência no rap indígena contemporâneo. Suas canções transitam entre o guarani e o português, e têm como foco a valorização da cultura, o fortalecimento da juventude indígena e a denúncia às violações de direitos.

Por fim, destacou também o álbum musical da Aldeia Ibiramã Kiriri do Acré que reune algumas músicas rituais e tradicionais do Toré que é um dos principais rituais de diversos povos no Nordeste e Leste indígena.

As músicas desses e de outros artistas indígenas expressam não apenas diferentes estilos musicais, diferentes composições de elementos tradicionais e experiências sonoras, mas também realidades sociais marcadas por múltiplas formas de resistência, denúncia e afirmação identitária. Cada letra, cada batida e cada voz revela aspectos das vidas e das lutas dos povos indígenas em seus diversos territórios e contextos — rurais, urbanos, escolares, espirituais e políticos.

Encerramos, assim, a série de textos do Abril Indígena de 2025, que ao longo das últimas semanas abordou diferentes dimensões da presença indígena no Brasil. Refletimos sobre o significado do dia 19 de abril e suas disputas; sobre os povos indígenas em Minas Gerais, suas territorialidades e invisibilizações; sobre os esforços de revitalização das línguas indígenas; sobre materiais e literatura indígena acessível para escolas e espaços de formação; e, agora, sobre a música como instrumento de resistência e expressão artística. Que estas reflexões permaneçam vivas e inspirem práticas pedagógicas, políticas e afetivas comprometidas com a escuta, o reconhecimento e a valorização dos povos indígenas.

Maria Carolina Arruda Branco é egressa do curso de Ciências Sociais (Bacharelado e Licenciatura) da UNIFAL-MG. Doutoranda em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar/SP), é também mestre em Antropologia pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Sociocultural da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD/MS). Desde 2020, desenvolve pesquisas com o povo Kiriri do Acré, no Sul de Minas Gerais. Durante o mestrado, estudou questões de liderança feminina junto a esse povo, e no doutorado, pesquisa a relação entre Mulheres, Plantas e Encantados no Toré do povo Kiriri do Acré. É pesquisadora vinculada aos seguintes grupos de pesquisa: Humanimalia – Antropologia das Relações Humano-Animais (UFSCar), Etnografia, Linguagem e Ontologia – ELO (UFSCar), Etnologia e História Indígena (UFGD), Grupo de Estudos em Antropologia: Modos de Existência e suas Variações (UEMS) e OIRO – Observatório de Inovações, Redes e Organizações (UFOP).  

Leia também:

:: Abril Indígena: Materiais e Literatura Indígena para Conhecer

:: Abril Indígena: As Línguas Indígenas
:: Abril Indígena: Povos Indígenas em Minas Gerais
:: Abril Indígena: Povos Indígenas no Brasil e o dia 19 de abril

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