Abril Indígena: Materiais e Literatura Indígena para Conhecer

(Montagem de capas de livros feita pela autora)

Ao longo dos três textos anteriores, dediquei-me à reflexão sobre as realidades indígenas no Brasil. Este e o próximo texto têm como principal objetivo apresentar materiais e produções indígenas ao público leitor. No caso deste texto, materiais didáticos e literatura. As recomendações aqui reunidas podem ser trabalhadas em salas de aula, processos formativos e espaços de diálogo comprometidos com a descolonização dos saberes.

Nas últimas décadas, a produção de materiais didáticos, livros, artes, músicas e outras expressões têm sido ocupada por pessoas indígenas de maneira potente, plural e afirmativa, constituindo um convite à diversidade e ao reconhecimento de múltiplas formas de pensar e habitar no mundo.

A Indígenateca – Biblioteca Virtual Indígena é um material de grande relevância, desenvolvido por Sineide Albuquerque do Nascimento sob orientação de Débora Costa-Maciel, como resultado da pesquisa de mestrado de Sineide. A Biblioteca reúne 53 livros disponíveis em formato PDF de acesso gratuito, com obras literárias de diversos povos indígenas, além de produções de pesquisadores comprometidos com a causa indígena. Destaco os livros voltados ao público infantil, como Curumim e Curumimzice, de Thiago Hakiy; A Formiguinha Indígena Surda, de Marina Teles; e Apuka, de Maria Júlia Maltese. Essas obras são ótimas para introduzir as crianças a um universo de respeito às questões indígenas, distante dos estereótipos ainda presentes no imaginário social brasileiro.

Além disso, a Biblioteca conta com livros que abordam a realidade de povos em diferentes locais, como o Nordeste, o Oiapoque e Roraima, bem como textos sobre a presença indígena na formação do Estado brasileiro, a diversidade linguística, o protagonismo das mulheres indígenas, os contextos urbanos e os cuidados com a terra.

Outro espaço de referência é o site da Organização Thydêwá, onde é possível encontrar diversas produções de autoria indígena, abordando temáticas já citadas e outras, como o livro 11.645 Indígenas e Diversidade para a Paz e a Cartilha para Educadores, referente ao livro 11.645, voltada a professoras e professores que desejam abordar a diversidade indígena em sala de aula, com orientações sobre práticas respeitosas e o que evitar ao tratar do tema. O site também reúne produções de povos indígenas da América Latina, sendo uma rica fonte de conhecimento em diferentes idiomas e contextos.

Entre os nomes de destaque na literatura indígena contemporânea, estão: Daniel Munduruku, Auritha Tabajara, Eliane Potiguara, Cristino Wapichana, Trudruá Dorrico, Márcia Wayana Kambeba, Eva Potiguara, Yaguarê Yamã, Tiago Nhandewa e Ailton Krenak, entre muitos outros autores e autoras que têm contribuído para a ampliação dos conhecimentos indígenas no campo das artes, da literatura, da educação e da cultura.

Este texto faz parte da série “Abril Indígena”, um convite a todas as pessoas, dentro e fora da academia, a olhar para as questões levantadas por sujeitos indígenas e a compreender o papel que temos, enquanto sociedade, na garantia dos direitos dos povos indígenas, que vêm sendo atacados desde sempre no Brasil. Ao longo do mês de abril, semanalmente, serão compartilhados textos sobre essa temática. Fica o convite para a leitura do próximo!

Maria Carolina Arruda Branco é egressa do curso de Ciências Sociais (Bacharelado e Licenciatura) da UNIFAL-MG. Doutoranda em Antropologia Social pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar/SP), é também mestre em Antropologia pelo Programa de Pós-Graduação em Antropologia Sociocultural da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD/MS). Desde 2020, desenvolve pesquisas com o povo Kiriri do Acré, no Sul de Minas Gerais. Durante o mestrado, estudou questões de liderança feminina junto a esse povo, e no doutorado, pesquisa a relação entre Mulheres, Plantas e Encantados no Toré do povo Kiriri do Acré. É pesquisadora vinculada aos seguintes grupos de pesquisa: Humanimalia – Antropologia das Relações Humano-Animais (UFSCar), Etnografia, Linguagem e Ontologia – ELO (UFSCar), Etnologia e História Indígena (UFGD), Grupo de Estudos em Antropologia: Modos de Existência e suas Variações (UEMS) e OIRO – Observatório de Inovações, Redes e Organizações (UFOP).  

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