O Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA) da UNIFAL-MG realiza análise das águas da bacia hidrográfica do Córrego Ariranha, próximo ao campus de Poços de Caldas. As atividades fazem parte da disciplina de Ciências Ambientais (CAO029), ministrada pelo professor Diego de Souza Sardinha, do Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT) e estão previstas para ocorrer entre os dias 03/09 e 29/10.
As ações, articuladas à matriz curricular da disciplina, objetivam compreender o uso e a ocupação do solo na região escolhida, além de refletir sobre processos que possibilitem a identificação e a solução de problemas relacionados às ciências ambientais. Nas aulas, a fim de estudar a ação antrópica na bacia, a água foi coletada em quatro pontos previamente escolhidos: próximo à nascente (ponto 1), açude/intermediário entre a nascente e o exutório (ponto 2), Rodovia BR-267, km 533 (ponto 3) e na zona mais baixa da bacia hidrográfica, na qual as águas superficial e subterrânea convergem e são descarregadas na represa Bortolan (ponto 4). Uma vez coletadas, as amostras passarão por análise laboratorial.

De acordo com o responsável, no campo, são desenvolvidas múltiplas atividades, dentre as quais destacam-se a observação e análise da ocupação da terra e dos processos ecológicos (como vegetação, fauna e flora) da bacia hidrográfica, coleta de água por meio de sonda multiparâmetro, análise das amostras, coleta e descrição de resíduos sólidos jogados ao longo do percurso estudado, reflexões sobre a relação entre a sociedade e natureza e produção de relatório com os resultados alcançados.
Além disso, a ação propõe, por meio do campo, ampliar e consolidar conhecimentos, habilidades e competências dos discentes na construção coletiva de aparatos experimentais ou protótipos de experimentação. Para o professor Diego Sardinha, a estratégia pedagógica contribui para a consolidar a concepção do meio ambiente em sua totalidade, isto é, da interdependência entre o meio natural, o socioeconômico e o cultural sob o enfoque da sustentabilidade. “Trata-se de um trabalho coletivo que incorpora o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas na perspectiva inter, multi e transdisciplinar com um enfoque humanista, holístico, democrático e participativo, conforme preconiza a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei n ] 9795/1999)”, afirma.
Segundo o docente, “o estudo do uso e ocupação do solo na bacia do Córrego da Ariranha justifica-se, pois a pesquisa permite estudar a biodiversidade, os equilíbrios ecológicos e as complexas interações entre os seres vivos e o ambiente, revelando os impactos da ação humana nos ecossistemas, o que impulsiona o avanço científico e tecnológico e gera novos conhecimentos e ferramentas para monitorar e controlar a qualidade ambiental.”
“Como professor da disciplina Ciências Ambientais, ressalto a importância das aulas teórico/práticas em campo para o desenvolvimento de competências e habilidades dos discentes relacionadas à análise, monitoramento e avaliação de impactos ambientais, coerentes aos fundamentos da pesquisa científica e essenciais à compreensão do uso da terra e processos que possibilitem a identificação e solução de problemas concernentes ao objeto de estudo da disciplina Ciências Ambientais”, aponta Diego Sardinha.
Depoimentos

“O trabalho multidisciplinar realizado durante as atividades, com a coleta de dados e amostras, me fez perceber a complexidade dos impactos humanos sobre o ambiente, além de me engajar ativamente em ações que podem ajudar a mitigar esses efeitos. Senti que o aprendizado foi muito mais além do técnico; ele foi também transformador, pois nos conectou com as questões socioambientais que afetam diretamente a comunidade de Poços de Caldas e a região” (Marcos Vinícius Furtado Perucci, Técnico em Mineração, Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais)

“Eu vejo que as atividades desenvolvidas na disciplina são de suma importância para o próprio sustento dos pilares de uma instituição federal. Realizar o monitoramento ambiental e analisar as propriedades das águas em diferentes pontos de coleta possui, além de seu viés científico, também o social. Portanto, além de aprendermos na prática o funcionamento desta ciência ambiental, cooperamos na elucidação de dados ambientais da bacia e o integramos para promoção do bem-estar social.” (Raphael Guarda Cavalcante, mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais)

“As aulas de campo têm sido essenciais na formação para as atividades de pesquisa, além de proporcionar o contato direto com o objeto e ambiente de estudo e permitir a aplicação prática dos conhecimentos, esse tipo de atividade pedagógica promove a observação, a formulação de hipóteses e a aplicação de metodologias de pesquisa, e ainda, estimula a integração entre alunos e professor, que compartilham contribuições ricas e diversas devido a pluralidade de formações, o que contribui para a busca de soluções eficientes para questões socioambientais.” (Isadora Figueiredo Bazílio, Arquiteta e Urbanista, mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais)

“As aulas de campo da disciplina Ciências Ambientais, ministradas pelo Prof. Diego Sardinha, são relevantes no processo de construção do conhecimento, pois o contato direto com a natureza aliado a recursos visuais, como mapas, infográficos e fotografias potencializam o aprendizado ao ativar o processamento cognitivo de imagens mentais e símbolos. Tal abordagem integra a teoria à prática, tornando os conceitos mais concretos e memoráveis para nós estudantes. Ressalta-se que os mapas utilizados pelo professor nos permitem localizar e entender a distribuição de ecossistemas e fenômenos ambientais, complementados pelos infográficos, os quais apresentam dados complexos de forma visual, facilitando a compreensão das relações entre diferentes fatores ambientais. As fotografias panorâmicas e as aéreas feitas durante as aulas, por todos nós estudantes, constituem ferramentas importantes, as quais documentam e comunicam problemas ambientais, facilitam a conexão emocional com a natureza e fornecem dados visuais para análises científicas e educacionais, complementando a observação direta e servindo como um registro para estudo posterior. Na sistematização do processo, o professor nos orienta na interpretação do que observamos, conectando as informações visuais com os conhecimentos teóricos e a experiência do campo. (Marlene Lima Temponi – Pedagoga/Mestre em Educação, doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais, aluna especial da disciplina)

“A disciplina de Ciências Ambientais proporcionou uma vivência essencial para a compreensão integrada das relações entre os sistemas naturais e as atividades humanas. As aulas de campo permitiram observar in loco os processos de degradação e as formas de uso e ocupação do solo, possibilitando um diagnóstico mais realista sobre os impactos ambientais regionais. Essa abordagem prática acrescentou de forma significativa os conteúdos teóricos, reforçando a importância da análise interdisciplinar e da gestão sustentável dos recursos naturais para a construção de soluções ambientais efetivas. (Ícaro Hissao Rocha Mandai, doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais, aluno especial da disciplina)

“O trabalho de campo é fundamental para a compreensão do meio ambiente e ecossistemas que estudamos e que vivemos. Muito além da teoria, ele mostra como a atividade humana impacta o ambiente mesmo em atividades simples, como o trânsito de veículos e a agropecuária. Nesta matéria, as formações complementares dos alunos permitem ainda que possamos discutir com diversas bases teóricas diferentes e se complementar. No meu caso, que já trabalho na área, é ainda possível ampliar a visão dos impactos existentes na bacia hidrográfica assim como propor melhorias. Em cada aula, temos um novo cenário que pode variar com a pluviometria, temperatura e atividades antrópicas.” (Karla Brandão Franco, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais”

“As aulas de campo no mestrado em Ciências Ambientais, realizadas nos trechos do córrego do Ariranha, têm sido de grande importância na nossa formação acadêmica, pois possibilitam a integração entre teoria e prática e permitem a observação direta dos processos ecológicos, hidrológicos e sociais que ocorrem no território. Essa vivência in loco permite, além da coleta de material a ser analisado, a observação e a reflexão crítica sobre as dinâmicas ambientais e os impactos antrópicos sobre os recursos hídricos, favorecendo a proposição de soluções efetivas a desafios reais relacionados ao ecossistema.” (Elaine Cristina Cardozo, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais)
*Luana Bruno é estagiária da Diretoria de Comunicação Social da UNIFAL-MG.