Somente diversão, mas da boa, por Eloésio Paulo

Algum crítico literário dos anos 80 – teria sido José Paulo Paes? – reclamou que faltava literatura de entretenimento no Brasil. Sua tese era que, não havendo leitura por diversão em larga escala, dificilmente se formaria um público suficiente para o florescimento de uma literatura nacional vigorosa. O argumento é bem plausível, e, particularmente no … Ler mais

Lá ao longe, uma ditadura, por Eloésio Paulo

As meninas são três: Lia, Lorena e Ana Clara. Esta, também chamada Ana Turva pelas colegas, devido a seu modo de viver, mais para a escuridão do que para a claridade. Elas são, ou foram, estudantes que moram num pensionato de freiras em São Paulo. A época, os anos mais trevosos do regime militar imposto … Ler mais

A importância de não ser Franz, por Eloésio Paulo

Não é que o escritor conte uma história sem pé nem cabeça. É que os pés e a cabeça, como num quadro cubista, talvez não estejam nos lugares previstos. O agressor (1943) já foi comparado também a Beckett e Dostoiévski, mas seu parentesco mais evidente no tronco da literatura ocidental é Kafka. Há mesmo um … Ler mais

“Mulheres no Cristianismo Primitivo: poderosas e inspiradoras” – Cláudio Umpierre Carlan et al.

  O papel das mulheres nas dinâmicas primordiais do cristianismo é o tema do novo livro lançado pelo pesquisador Cláudio Umpierre Carlan, professor do curso de História do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL) da UNIFAL-MG. Organizada em parceria com os pesquisadores, Pedro Paulo Funari — professor de História Antiga da Unicamp e também … Ler mais

Oswald nos andaimes, por Eloésio Paulo

A primeira informação importante sobre Oswald de Andrade é que ele detestava ser chamado de “Ôswald”, o “horrível proparoxítono” (como o definiu Antonio Candido). Estabelecido isso, por que alguém leria Os condenados ou A trilogia do exílio, obra escrita entre 1917 e 1921? As três narrativas que se encadeiam para relatar a crise espiritual e … Ler mais

Médica hematologista desmistifica crenças populares sobre causas e tipos de anemia; confira entrevista com docente da Faculdade de Medicina

Em alguma época da vida, todo mundo já ouviu falar de anemia. Muitas pessoas nos dizem “come direito, senão vai te dar anemia” ou “cuida dessa anemia direito, senão ela vira leucemia”, mas será que essas afirmações tão populares têm fundamento? Para esclarecer informações como essas que muitos de nós crescemos ouvindo, a médica Iara … Ler mais

O absolutismo pobre da Cidade de Deus, por Eloésio Paulo

O estilo de Paulo Lins contém impurezas e tropeços, como os continham os de Balzac e Dostoiévski. Mesmo um leitor entusiasmado da primeira hora, o crítico marxista Roberto Schwarz, não deixou de notar certas “desigualdades literárias” em Cidade de Deus (1997), tratando, no entanto, de conferir a elas um status de funcionalidade estética. Houve também … Ler mais

Crônicas de vidas erradas, por Eloésio Paulo

Resumo de Ana (1998), de Modesto Carone, é composto de duas narrativas que se entrelaçam e espelham. A Ana do título e Ciro, protagonista da outra história, são mãe e filho. Se lidas superficialmente, os textos revelam-se como o relato objetivo de uma história real: Ana foi a avó materna do autor; Ciro foi seu … Ler mais

O zênite de Graciliano, por Eloésio Paulo

  Infância (1945) é, em geral, considerado um livro de memórias. Mas essa catalogação plana deixa de observar várias pistas de propósito incluídas nele, como a declaração de que o menino Graciliano muito cedo ganhou “afeição às mentiras impressas”. O volume é dividido em capítulos intitulados um pouco à maneira de Vidas secas; no início … Ler mais

Com a palavra, o verme, por Eloésio Paulo

  Quem está à beira do corpo? Inicialmente se pensa que é o verme, estranho narrador da primeira parte desse romance estranho. Mas, na segunda parte, o outro narrador nos dirá que é Vicente. A história propriamente é boa: o relato de um adultério e da vingança do “conje” traído. De novo, a velha obsessão … Ler mais

Teve azul, mas faltou ouro, por Eloésio Paulo

É sintomático que o único personagem muito interessante de Ouro sobre azul (1875), romance hoje um pouco esquecido, seja o celibatário convicto e globetrotter folgazão Adolfo Arouca. Ele se enquadra muito mal no figurino romântico, a ponto de o estranharmos quando afivela ao rosto a máscara do burguês cheio de respeito às conveniências. Adolfo é … Ler mais

Notas breves do cinema brasileiro no dia de sua comemoração, por Ítalo Oscar Riccardi León

Abordar o cinema brasileiro por ocasião da comemoração do seu aniversário, 19 de junho, em função das primeiras imagens cinematográficas do Brasil registradas na Baía de Guanabara, Rio de janeiro, em 1898, atribuídas aos irmãos italianos Paschoal Affonso e Segreto, conforme assinala a Agência Nacional de Cinema (ANCINE), é uma grande honra para quem, além … Ler mais

Virologista da UNIFAL-MG analisa o explosivo número de casos de dengue registrados no país e os fatores ambientais que favorecem a reprodução do mosquito vetor

Dados divulgados pelo Ministério da Saúde apontam que o número de casos de dengue no Brasil até o momento cresceu 197,9% em relação ao total de notificações registradas durante todo o ano de 2021. De janeiro até o início de junho, o país contabilizou 1.104.742 casos da doença. Minas Gerais registrou 81.916 casos, conforme último … Ler mais

Macabro, patético e risível, por Eloésio Paulo

  A trilha sonora era Radiohead, mas bem que podia ser Twisted Sister. Em 2006 a Rede Globo, dando uma de Record, produziu aquele caso policial baseado no episódio conhecido como “crimes do Arvoredo”, em referência à rua de Porto Alegre onde, no ano de 1864, um improvável casal foi autuado pela polícia por matar … Ler mais

Teoria do adultério, por Eloésio Paulo

Visto por alto, o único romance publicado por Lúcio de Mendonça não parece mais do que uma daquelas manifestações tardias do Romantismo. O que fica evidente, à primeira leitura, é o dramalhão sentimentaloide, transformado em teoria lá pela metade do livro, quando o marido do título faz suas considerações sobre a culpabilidade dos consortes traídos. … Ler mais

Um “fazendeiro do ar”, por Eloésio Paulo

Francesco Petrarca (1304-1374), um dos grandes escritores renascentistas, queixou-se num poema por sua amada, por ele tornada arquifamosa, não apenas o haver deixado para casar-se com outro, mas ter dado a este “undici figlioli” (onze filhos). Maior razão teria Constança, a prima de Alphonsus de Guimaraens (1870-1921), celebrada pelo poeta em seus sonetos simbolistas, alguns … Ler mais