“A imprevisibilidade é a previsão, por mais paradoxal que isso pareça”, afirma o climatologista e professor Paulo Henrique de Souza sobre os impactos das mudanças climáticas

A imagem mostra uma foto do professor Paulo Henrique de Souza, entrevistado sobre a temática das altas temperaturas. Ele é um homem de pele clara, com cabelo curto e grisalho, veste uma camisa azul-escura e usa um microfone preso à gola.
Paulo Henrique de Souza - geógrafo, climatologista e professor do Instituto de Ciências da Natureza da UNIFAL-MG. (Foto: Arquivo/Dicom)

Nos últimos anos, o planeta tem alcançado recordes de temperatura e um dos reflexos dos impactos das mudanças climáticas é o próprio verão de 2025 que já se mostra um dos mais quentes da história. Registros climáticos apontam que 2024 ultrapassou a marca de 1.5°C de aquecimento global em relação ao período pré-industrial, atingindo um aumento médio de 1.6°C. Embora esse número possa parecer pequeno, seus impactos são alarmantes e perceptíveis em todo o mundo – e o Sul de Minas Gerais não está imune a essa realidade.

Para entender melhor esse cenário, a equipe do Jornal UNIFAL-MG conversou com Paulo Henrique de Souza, geógrafo, especialista em climatologia e professor do Instituto de Ciências da Natureza (ICN) da Universidade. Com experiência na área, o docente falou sobre como as mudanças climáticas têm alterado padrões meteorológicos e intensificado eventos extremos.

Afinal, estamos diante de um novo normal? Como o Sul de Minas pode se preparar para enfrentar as oscilações climáticas cada vez mais severas? Essas e outras questões são abordadas na entrevista.

Confira a entrevista na íntegra:

Prof. Paulo Henrique, recentemente acompanhamos na imprensa, a notícia de que o ano de 2024 ultrapassou 1.5° C na temperatura média global, ficando 1.6°C mais quente em relação ao período de 1850-1900. Como isso reflete na realidade climática que vivemos?

Conforme o professor Paulo Henrique de Souza, o aumento do calor está mudando o clima da Terra, alterando os padrões atmosféricos de um jeito nunca visto antes na história humana. (Foto: Arquivo/Dicom)

Paulo Henrique de Souza: Esse ganho de calor (energia) se reflete nas alterações que observamos na habitualidade climática da Terra, fazendo com que os padrões atmosféricos que prevalecem sobre as diversas porções do planeta sejam afetados de forma jamais vista na história humana. Como resultado disso, eventos e situações indesejadas passam a se manifestar com maior intensidade e frequência por todo o globo terrestre, prejudicando a qualidade de vida da população, o equilíbrio dos ecossistemas e o desempenho das atividades antrópicas; ocasionando perdas, prejuízos e mortes, pois esse ganho de energia perturba os fluxos e trocas que ocorrem entre a atmosfera e a superfície (continentes e oceanos), contaminando os fluxos compartilhados e internos. Nesse cenário, evaporação, correntes marítimas e ventos passam a sofrer perturbações significativas que por seu turno repercutem tanto no ciclo da água como na paisagem e na habitualidade que prevalecia no comportamento da temperatura e precipitação. Desse processo de ajuste e reacomodação de fluxos e trocas, advém os eventos extremos como ventanias que podem chegar a tornados e furacões, ou ainda, aguaceiros, estiagens prolongadas, ondas de calor, ondas de frio e oscilações na distribuição das chuvas e nos índices pluviométricos. Não é sem razão que tais repercussões passam a caracterizar uma nova conjuntura climática no planeta que tem sido denominada pelo termo Mudanças Climáticas, pois, sinalizam que o cenário que outrora prevalecia pode estar com seus dias contados diante desse Aquecimento Global decorrente da ação antrópica.

O que caracteriza o verão como atípico em termos de altas temperaturas? Estamos enfrentando algo que pode ser considerado um novo normal?

Paulo Henrique de Souza: Cada tipo climático (Equatorial, Tropical, Desértico, Temperado etc.) possui suas características e parâmetros estabelecidos a partir de um padrão ou habitualidade que caracteriza o comportamento dos eventos e manifestações atmosféricas por sobre uma determinada extensão geográfica. Com base nisso, toda e qualquer condição que fuja aos parâmetros habituais de temperatura e precipitação previstos, passa a ser considerada uma alteração atípica, sobretudo, se sua manifestação for recorrente ou acentuada a níveis extremos. Com base nesse entendimento é que a situação momentânea dessa estação do ano (verão) no início de 2025 tem sido identificada como atípica. No entanto, é preciso lembrar que já há algum tempo essa tem sido a condição das demais estações do ano, uma vez que os padrões térmicos e pluviométricos anotados encontram-se fora dos parâmetros que caracterizam os tipos climáticos em diversas localidades. Todavia, é bom esperarmos o término da estação em março para sacramentarmos se as oscilações térmicas foram permanentes ao ponto de sinalizar um cenário atípico ao longo de todo o período e não apenas no início da estação. Caso essas alterações térmicas e pluviométricas permaneçam, estaremos sim diante de um “novo normal”, mesmo que não seja desejado. A princípio temos a sensação de que essa é uma realidade que se encontra já plenamente estabelecida mesmo que indesejada.

“Toda e qualquer condição que fuja aos parâmetros habituais de temperatura e precipitação previstos, passa a ser considerada uma alteração atípica, sobretudo, se sua manifestação for recorrente ou acentuada a níveis extremos”

Quais impactos locais as mudanças climáticas têm provocado em nossa região, especialmente na agricultura, que é uma das principais atividades econômicas do Sul de Minas?

Paulo Henrique de Souza: A porção Sul do território mineiro tem um perfil agropecuário pujante que chama a atenção nacional graças ao seu setor cafeeiro, por isso, toda e qualquer oscilação no padrão climático da área acaba por repercutir de forma negativa em razão das perdas que ocasiona no desempenho da agricultura e da pecuária. Como sabemos, as plantas distribuem-se pelo planeta com base no padrão climático dos lugares, estabelecendo, a partir dessa associação, homogeneidades que são identificadas como domínios morfoclimáticos ou Biomas. Em razão da habitualidade do clima (comportamento da precipitação e temperatura ao longo do ano), a planta se estabelece na localidade mais favorável às suas características e ciclo fenológico que possui (etapas desde a germinação até a produção de frutos). Animais também se distribuem com base nas características que possuem e sua adequação às condições climáticas dos lugares. Portanto, tanto a agricultura como a pecuária pautam-se por esses parâmetros para o cultivo de lavouras e a criação de animais, buscando espécies adequadas às condições climáticas prevalecentes numa área. Desta forma, toda e qualquer alteração do ritmo climático representa um desafio e uma fonte de problemas que acaba por reverberar em toda economia como o preço do café para o consumidor final comprova no presente momento. Nessa ótica, os principais impactos encontram-se na diminuição da produção, aumento dos custos de produção e consequente diminuição de emprego e renda. Há também o impacto causado sobre a hidrografia da área, alterando o caudal dos rios e sua dinâmica anual com repercussão direta no abastecimento, equilíbrio ambiental e Lago de Furnas, colocando em risco a sobrevivência de espécies e o desempenho de determinadas atividades econômicas ligadas ao turismo, pesca e dependentes da captação de água durante o ano quer seja para irrigação ou o uso da água como insumo.

Imagem ilustrativa. (Foto: Reprodução/Canva Education)

Que tipo de eventos extremos, além do calor intenso, podemos esperar com o avanço das mudanças climáticas? Como isso pode afetar o cotidiano dos habitantes do Sul de Minas?

Imagem ilustrativa. (Foto: Reprodução/Canva Education)

Paulo Henrique de Souza: Com a desregulação do ritmo climático, alterações na distribuição das chuvas ao longo do ano e na quantidade da precipitação serão constantes, assim como oscilações térmicas. Em face disto, a diminuição na precipitação pode ocorrer, assim como os aguaceiros em determinados períodos curtos de tempo. Estiagens podem assolar a paisagem mesmo que o índice anual de chuvas não sofra alteração, pois a precipitação pode ocorrer concentrada em períodos curtos, causando inundações num momento e carência de água em outro por conta da estiagem prolongada que se seguirá. Paralelo a isso, mesmo que o calor seja uma visita frequente indesejada, friagens podem agravar a situação por serem intensas mesmo que ocorrendo em curtos intervalos de tempo. A isto podemos agregar o impacto de ventos mais velozes e até mesmo a manifestação dos temidos tornados e tempestades tropicais com alto poder de destruição e impacto sobre a paisagem, pois o cenário de mudanças climáticas se caracteriza justamente pela volatilidade dos parâmetros e eventos. Algo inerente aos momentos de transição. Na verdade, a imprevisibilidade é a previsão por mais paradoxal que isso pareça. Neste cenário, o cotidiano de uma população e ecossistemas adaptados a um padrão climático sofrerá com as carências e desgastes para os quais não os mesmos não apresentam um mecanismo eficiente de acomodação ou superação. Arboviroses poderão ocasionar maior número de internações e mortes, escassez hídrica poderá levar em alguns momentos do ano a racionamento e estresse ambiental para espécies com menor capacidade de tolerância. Incêndios terão maior possibilidade de ocorrência e o custo de vida e de produção de alimento e bens poderá aumentar gerando maior pobreza e vulnerabilidade socioeconômica na população.

De que forma as ondas de calor e outros fenômenos climáticos podem impactar a saúde da população local?

Paulo Henrique de Souza: Tanto a fauna como a flora possuem aquilo que chamamos de faixa de tolerância, em razão disso, a depender da intensidade e frequência de algumas oscilações ambientais, conseguem manter suas atividades metabólicas sem maior prejuízo. O problema é que algumas oscilações podem estabelecer conjunturas momentâneas onde os parâmetros de conforto e sobrevivência sejam superados, comprometendo o funcionamento dos organismos. Mesmo no caso da espécie humana que pode ser encontrada do Equador às regiões polares, do nível do mar a altitudes próximas de 5.000 metros, ou ainda, de regiões úmidas como o Pantanal e Floresta Amazônica aos desertos, há um limite para o grau de oscilação que pode ser vivenciado num curto período ou num intervalo longo de tempo. Em linhas gerais, a saúde da população pode ser impactada desde as condições favoráveis à ocorrência de arboviroses e doenças respiratórias, até o esgotamento metabólico causado pela desidratação/calor ou congelamento. Isso sem considerar ainda os efeitos colaterais decorrentes de deslizamentos e inundações. Nesse aspecto, mesmo com todo o avanço civilizatório e tecnológico, o Homem ainda apresenta-se como presa fácil das manifestações atmosféricas.

“A saúde da população pode ser impactada desde as condições favoráveis à ocorrência de arboviroses e doenças respiratórias, até o esgotamento metabólico causado pela desidratação/calor ou congelamento. Isso sem considerar ainda os efeitos colaterais decorrentes de deslizamentos e inundações”

A comunidade científica é enfática ao apontar as causas para o aquecimento global. Quais são as principais atividades humanas que têm contribuído para o aumento das temperaturas?

Imagem ilustrativa. (Foto: Reprodução/Canva Education)

Paulo Henrique de Souza: Mesmo que o grupo dos céticos e críticos exista, a grande maioria da comunidade científica aponta a ocorrência de um processo de Aquecimento Global com origem antrópica no planeta. Antrópica porque não identificamos nenhuma alteração geológica (vulcanismo) ou solar. Nos últimos dois séculos o índice de erupções segue o mesmo e a atividade solar também, portanto, se há ganho de energia, aumento de temperatura, alteração na quantidade de gases de efeito estufa na atmosfera como o Carbono e o Metano, isso só pode estar acontecendo a partir da ação humana ao implementar a combustão de biomassa (madeira) e combustíveis fósseis (petróleo e carvão mineral) para a geração de energia, fundição, manufatura de produtos e transporte dentre outros. À queima de combustíveis fósseis podem ser adicionados a derrubada da vegetação que ocasiona a diminuição da biomassa e indivíduos (plantas) responsáveis pelo consumo de calor e gás carbônico presente na atmosfera através da fotossíntese, e, a alteração do albedo (capacidade dos materiais e cores de absorver ou refletir a luz e calor) da superfície terrestre. Seguramente, esse conjunto de ações cooperou para o aumento do calor disponível na atmosfera para aquecimento, aprisionamento o calor que seria irradiado para o espaço pela maior concentração de gases de efeito estufa na atmosfera e favorecendo o ganho de calor na superfície em razão da alteração do seu albeto pelo maior recobrimento de concreto, asfalto e alvenaria no solo. Ademais, o próprio processo de combustão gera calor e contribui com o ganho de energia na atmosfera, apontando claramente para o papel do Homem nesse processo. Enfim, queimamos combustíveis fósseis e madeira, eliminamos áreas verdes, e, alteramos o albedo da superfície. Portanto, todas as atividades envolvidas nesses processos contribuem com o agravamento do quadro instalado, contemplando desde a mineração e agropecuária, assim como a indústria, o transporte e a construção civil.

Existe alguma perspectiva de que as temperaturas voltem a níveis mais estáveis ou estamos diante de uma escalada irreversível? O que pode mudar esse cenário?

O especialista acredita que há possibilidade de mudança, porém os interesses econômicos tornam essa escalada difícil de reverter. (Foto: Arquivo/Dicom)

Paulo Henrique de Souza: Perspectiva existe, pois não dependemos de nada que não esteja em nossas mãos fazer. Entretanto, devido aos interesses envolvidos nas diversas cadeias produtivas, desde o emprego ao lucro e pagamento de impostos, podemos admitir de forma lacônica que é uma escalada irreversível. Seguiremos utilizando carvão mineral e petróleo para gerar calor em nossas siderúrgicas, metalúrgicas e termelétricas, ou para suprir os motores de nossos veículos. Também prosseguiremos com o desmatamento para explorar a madeira e agregar novas áreas à produção de alimento (agropecuária) ou para expansão urbana. Consequentemente, diminuiremos a absorção de calor e gases de efeito estufa que as plantas realizam pelo processo de fotossíntese, e, seguiremos com a alteração do albedo da superfície terrestre através da expansão da malha asfáltica, calçamento e demais intervenções. Para mudar esse cenário há que se suspender o desmatamento, promover o reflorestamento de áreas, diminuir os espaços ocupados pela pecuária em favor da agricultura, por conseguinte, diminuir o consumo de alimento com origem animal (quem sabe optando pela adoção do vegetarianismo), substituir paulatinamente o uso de combustíveis fósseis por energias de matriz renovável (hídrica, eólica, solar, biomassa, etc.), otimizar o uso do espaço urbano coibindo a especulação imobiliária, e, principalmente, adotando os Rs da sustentabilidade a partir da Reeducação de toda sociedade, Reduzindo o consumo, Reutilizando o que for possível e Reciclando aquilo que for viável.

É possível que medidas de reflorestamento, conservação de nascentes ou outras ações ambientais na região tenham um impacto significativo na mitigação do calor extremo? De que forma essas medidas podem contribuir?

Paulo Henrique de Souza: A preservação de nascentes e matas ciliares somada ao reflorestamento aumentará a vegetação e possibilitará uma umidificação maior do ar em paralelo a retirada de calor e gases de efeito estufa da atmosfera local. Isso diminuirá o calor disponível para aquecimento da paisagem e ainda cooperará com o aumento da nebulosidade que também diminuirá, mesmo que parcialmente, a chegada de raios solares na superfície, diminuindo a chegada de calor. Por seu turno, a implementação das ações ambientais contemplará medidas educativas que promoverão, além da recuperação de áreas, a mudança de hábitos e adoção de atitudes que contribuirão com a preservação dos ecossistemas e a diminuição da degradação ou intervenções deletérias na paisagem. Isso certamente produzirá uma nova realidade no Sul de Minas que possivelmente estimulará outras porções do país a adotarem ação semelhante, ampliando os benefícios advindos da iniciativa. Desta forma, reduzindo o calor disponível por meio de uma maior fotossíntese, aumentando a nebulosidade e cooperando com as chuvas que eliminam calor por meio da evaporação da água precipitada, alterando hábitos que cooperem com a diminuição do uso de combustíveis fósseis que repercutem na emissão de calor e gases de efeito estufa, inaugura-se uma nova conjuntura onde a ação conjunta desses “filtros” ou “barreiras” cooperará com um ganho menor de calor na região, diminuindo os extremos térmicos e eventos decorrentes, ainda que tenhamos que conviver com seus impactos globais.

Imagem ilustrativa. (Foto: Reprodução/Canva Education)

Como as universidades, incluindo a UNIFAL-MG, podem colaborar com a sociedade e governos locais para enfrentar os desafios das mudanças climáticas?

Paulo Henrique de Souza: As universidades estarão prestando relevante serviço à coletividade ao colocarem-se à disposição dos entes federativos e governança para auxiliar na elaboração de ações e subsidiar projetos ocupados com o restabelecimento das condições ideais para a normalização dos fluxos e trocas que ocorrem no interior da atmosfera e dos oceanos, bem como na interação da superfície (continentes e oceanos) com a atmosfera. No entanto, esse auxílio só estará completo se as ações extensionistas estiverem presentes permitindo que toda a sociedade seja alcançada com a conscientização e as informações necessárias para o resgate da consciência ecológica e a superação do modelo consumista que favorece a exploração dos recursos naturais do planeta de forma deletéria, promovendo a diminuição da vegetação nativa e o exacerbado consumo de combustíveis fósseis. Assim, a Academia brasileira, inserido nela a UNIFAL-MG precisam atuar com contundência em duas frentes; uma diz respeito às parcerias estabelecidas com o poder público sempre que este permitir que essa colaboração seja prestada em favor da coletividade, e, outra é através das parcerias com a sociedade que é efetivada por meio das ações extensionistas. Exemplo disto encontramos nas assessorias positivas e profícuas que se observam na elaboração e execução de Plano Diretores, bem como em Ações de Extensão como aquelas que se observam em desenvolvimento na UNIFAL-MG em parceria com a sociedade civil.

“Pode-se dizer que as ações até o presente momento sinalizam uma disposição, mas ainda caracterizam um permanente ato de ‘enxugar gelo'”

Como geógrafo, especialista em climatologia, professor universitário e pesquisador, você acredita que os tomadores de decisão, no Brasil e no estado de Minas Gerais, estão priorizando adequadamente as políticas climáticas? Como vê as iniciativas nacionais e regionais voltadas para as questões climáticas?

Paulo Henrique de Souza: Observando o cenário atual, reconheço que na grande maioria dos governantes e gestores públicas existe boa fé e desejo de contribuir com o restabelecimento do equilíbrio climático no planeta, no entanto, percebo que na maioria das vezes as devidas ações não são implementadas ou pelo menos planejadas em razão da expressiva demanda que existe por parte da população pelos investimentos em infraestrutura e no resgate da cidadania (ensino, saúde, educação e segurança), sobrecarregando tanto o Executivo como o Legislativo e o Judiciário. Diante desta conjuntura, fica difícil enxergar a curto e médio prazo um engajamento efetivo do Estado em seus três níveis nesta questão, sobretudo em países com o Brasil onde a dívida social histórica é elevada e a infraestrutura do país está muito aquém da condição necessária. Em razão disso, não existe uma adequada priorização das políticas climáticas no país ou em Minas Gerais. Sob esse entendimento, vejo as iniciativas nacionais e regionais de forma incipiente e tímida, muito abaixo do nível de intervenção que a gravidade do momento recobra. Pode-se dizer que as ações até o presente momento sinalizam uma disposição, mas ainda caracterizam um permanente ato de “enxugar gelo”. Sem uma efetiva mudança de paradigmas e a adoção de um modelo coerente de Desenvolvimento Sustentável, marcamos passo sem sair do lugar.

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