Pesquisas desenvolvidas no Laboratório de Genética Humana da UNIFAL-MG ganham notoriedade pelo potencial de inovação na luta contra o câncer

Trabalhos foram premiados pela comunidade científica durante evento de Oncologia Molecular realizado em Barretos-SP
Acadêmicos cujos trabalhados foram premiados durante o evento: Janine Chacon (Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Longevidade); Carlos Vinicius Souza (curso de Biotecnologia), e Hanna Karolina Batistão (Programa de Biociências Aplicadas à Saúde). (Foto: Arquivo/Laboratório de Genética Humana)

Três pesquisas desenvolvidas no Laboratório de Genética Humana da UNIFAL-MG foram premiadas durante a 9ª edição do Curso de Inverno em Oncologia Molecular, promovido pelo Centro de Pesquisa em Oncologia Molecular do Hospital do Amor em Barretos-SP, entre os dias 22 e 26 de julho. Os trabalhos receberam o reconhecimento da comunidade científica do evento pela importância de suas descobertas para o avanço no tratamento oncológico.

Importância das pesquisas

Pesquisa de Carlos Vinicius Expedito de Souza – discente do curso de Biotecnologia – conquistou o primeiro lugar na categoria de apresentação de pôster. (Foto: Arquivo/Laboratório de Genética Humana)

Carlos Vinicius Expedito de Souza, discente do curso de Biotecnologia, conquistou o primeiro lugar na categoria de apresentação de pôster com a pesquisa intitulada “Complexos de rutênio diminuem a viabilidade de células de glioblastoma cultivadas em 2D e 3D”. Orientado pelo professor Angel Mauricio Castro Gamero (Instituto de Ciências da Natureza), o acadêmico investiga um tumor cerebral altamente agressivo, o glioblastoma.

“Esse tumor é considerado de alto grau devido à alta mortalidade após o diagnóstico. Atualmente, as terapias existentes são ineficazes e, muitas vezes, só prolongam a vida do paciente, mas não chegam a curá-lo”, explica o orientador do trabalho.

Segundo o professor, o acadêmico também testou em sua pesquisa, fármacos desenvolvidos pelo professor Antonio Carlos Doriguetto e sua equipe, do Instituto de Química (IQ) da UNIFAL-MG. “Essas moléculas desenvolvidas pelo professor Antonio Carlos Doriguetto são chamadas de complexos de rutênio e têm se mostrado eficientes na terapia contra as células cancerígenas frente a diferentes tipos de câncer, mas somado esse efeito às células de glioblastoma agressivas, que o Carlos estudou, se tornou também um resultado muito interessante para nós, do laboratório”, compartilha.

Para o orientador da pesquisa, a premiação do trabalho se relaciona com a inovação, uma vez que junto a colegas do laboratório, Carlos Vinicius Souza fez com que as células de glioblastoma crescessem de forma tridimensional. “As células começaram a formar esferas tridimensionais no laboratório, a crescer no sistema 3D e foram tratadas nessa condição tridimensional para verificar como poderiam responder frente aos fármacos – dos complexos de rotênio – testados pela equipe do professor Antonio Carlos Doriguetto”, detalha.

Essa plataforma de cultura 3D possibilitou observar que as moléculas testadas foram eficientes para diminuir o tamanho das esferas. “Esse resultado realmente nos chamou muito a atenção porque estamos mantendo as células nas condições mais próximas de como o tumor, de fato, cresce no paciente”, argumenta.

Avanços promissores

Apresentação oral de Hanna Karolina de Araújo Batistão – mestranda do Programa de Biociências Aplicadas à Saúde (PPGB) – foi premiada no terceiro lugar na categoria. (Foto: Arquivo/Laboratório de Genética Humana)

Outra pesquisa de destaque foi a desenvolvida pela acadêmica Hanna Karolina de Araújo Batistão, mestranda do Programa de Biociências Aplicadas à Saúde (PPGB), orientada pela professora Pollyanna Francielli de Oliveira (Instituto de Ciências da Natureza). A discente conquistou o terceiro lugar na categoria apresentação oral com seu trabalho sobre a molécula híbrida de curcumina-resveratrol (PQM-162), que demonstrou atividade antimelanoma em camundongos.

Conforme a professora Pollyanna Oliveira, o trabalho desenvolvido pela discente trabalha com a molécula híbrida de curcumina-resveratrol (PQM-162) sintetizada pelo professor Cláudio Viegas (Instituto de Química). Sob o título “Híbrido molecular de curcumina-resveratrol (PQM-162) demonstra atividade antimelanoma em camundongos C57BL/6”, o estudo faz parte de uma das linhas de pesquisa do laboratório que busca investigar o potencial antitumoral de novas moléculas sintéticas que, futuramente, possam servir como protótipos para o desenvolvimento de novos fármacos utilizados na terapia do câncer, no caso, melanoma.

“Neste trabalho demonstramos que PQM-162 foi capaz de reduzir melanomas induzidos em roedores sem causar toxicidade sistêmica e efeitos adversos comuns nos tratamentos convencionais”, explica.

Equipe do Laboratório de Genética Humana que participou do evento. (Foto: Arquivo/Laboratório de Genética Humana)

A orientadora esclarece que, apesar da introdução de novas abordagens terapêuticas como a imunoterapia e terapia alvo-dirigida, as taxas de mortalidade do melanoma ainda são altas e as respostas ao tratamento são limitadas por imunossupressão e resistência. “A pesquisa de novos fármacos antitumorais é vital para avançar no tratamento do câncer, oferecendo esperança e melhores desfechos para os pacientes”, enfatiza.

Janine Barcelos Chacon, discente do Programa de Pós-Graduação em Nutrição e Longevidade (PPGNL), também orientada pela professora Pollyanna Oliveira, alcançou o segundo lugar na categoria apresentação de pôster com o trabalho intitulado “Suplementação com espermidina reduz frequência de lesões no material genético de roedores”.

De acordo com a professora Pollyanna Oliveira, o objetivo da pesquisa foi investigar se a suplementação com a espermidina, uma poliamina encontrada em diferentes alimentos, poderia reduzir os danos induzidos no material genético dos roedores, especialmente em casos onde esta suplementação é associada a uma dieta rica em açúcar. “Nós demonstramos que a espermidina possui potencial para proteger o DNA”, afirma.

“Esse trabalho é importante pois nos permite buscar por estratégias de suplementação que possam mitigar os efeitos deletérios de uma dieta rica em açúcar e calorias, cada vez mais comum no mundo ocidental”, complementa.

Impacto da experiência no evento

Registo feito no Hospital do Amor, durante o Curso de Inverno em Oncologia Molecular. (Foto: Arquivo/Laboratório de Genética Humana)

Os depoimentos dos estudantes, autores dos trabalhos premiados durante o evento, refletem o impacto que a oportunidade de participar e apresentar suas pesquisas, teve em suas trajetórias acadêmicas e profissionais.

Carlos Vinicius Souza compartilha que a participação no evento possibilitou divulgar o trabalho produzido na UNIFAL-MG para outros acadêmicos e profissionais, além de entender melhor o impacto das pesquisas no contexto clínico. “A gente conheceu algo que foi maior do que a gente imaginava, que é o impacto da pesquisa translacional oncológica no contexto clínico, que mostra diferentes frentes, saídas e processos, e como que o nosso trabalho pode impactar a vida dessas pessoas.”

Conforme o acadêmico, chamou a atenção o interesse dos profissionais presentes durante o evento. “É muito interessante você ver que o que está sendo mostrado tem impacto também junto aos profissionais amplamente qualificados, que demonstram interesse em saber como que podemos fazer, para que esse processo seja simplificado ou melhorado a fim de acelerar ali as pesquisas correlacionadas com a oncologia”, relata.

Hanna Batistão complementa a fala do colega: “A experiência foi enriquecedora não só pelo reconhecimento obtido com o terceiro lugar em apresentação oral, mas também pela imersão em um ambiente de altíssimo nível científico, e pela forma humanizada na qual o hospital como um todo trabalha com os pacientes e seus familiares”, disse.

Segundo a mestranda, estar em contato com uma infraestrutura tão avançada e com profissionais de renome na área proporcionou a ela uma visão mais ampla e profunda das inovações e desafios na pesquisa oncológica. “A interação com pesquisadores experientes e o acesso a tecnologias de ponta no hospital reforçaram a importância de centros como este para o avanço do conhecimento e para o desenvolvimento de novos tratamentos contra o câncer, e assim aumentou meu interesse profissional em me manter na área de pesquisa. Aprendi a olhar cada experimento de bancada, como algo que futuramente pode impactar vidas e transformá-las”, finaliza.

Janine Chacon também descreveu sua participação no curso sobre Oncologia Molecular como uma experiência enriquecedora e gratificante. “O curso foi absolutamente incrível e o trabalho que eles fazem no Hospital de Amor tanto com os pacientes quanto nas pesquisas é inspirador”, destaca, dizendo que teve a oportunidade de compartilhar os resultados de seu trabalho com um público altamente qualificado, composto por pesquisadores e estudantes com interesses semelhantes.

Além dos trabalhos premiados, a comunidade científica presente no evento conheceu outros dois trabalhos desenvolvidos no Laboratório de Genética Humana. Na foto, Larissa Damasceno do curso de Biotecnologia durante apresentação. (Foto: Arquivo/Laboratório de Genética Humana)

“A interação com os participantes, as perguntas e as discussões que surgiram me proporcionaram novas perspectivas sobre nosso trabalho e reforçaram a importância do que estamos desenvolvendo. Além disso, o ambiente colaborativo do evento permitiu muito aprendizado, troca de conhecimentos e ideias, ampliando minha rede de contatos e contribuindo para o meu crescimento acadêmico e profissional”, pontua.

Além dos três trabalhos premiados, a comunidade científica presente no evento conheceu outros dois trabalhos desenvolvidos no Laboratório de Genética Humana da UNIFAL-MG, sob a orientação do professor Angel Mauricio Gamero. Foram eles: o trabalho intitulado “WT-161 modula a viabilidade e morfologia de esferoides de células HUVEC”, apresentado por Larissa Pereira Damasceno, discente do curso de Biotecnologia; e o trabalho “Avaliação da instabilidade cromossômica frente à inibição de HDAC6 em células derivadas de glioblastoma”, apresentado por Vinícius Bernardo de Oliveira, discente do curso de Ciências Biológicas.

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