A UNIFAL-MG foi representada na 4ª edição do Polo em Prosa, realizada pelo Polo Agroecológico do Sul e Sudoeste de Minas, no mês de agosto. O encontro virtual contou com a presença do docente da UNIFAL-MG e integrante no Núcleo de Estudos em Trabalho, Agroecologia e Soberania Alimentar (NETASA), Estevan Leopoldo de Freitas Coca, e do mestre em Geografia pela Universidade e membro da coordenação regional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Marcos Bertachi.
O encontro virtual foi mobilizado a partir de diferentes experiências de lideranças mineiras: a da Alfeia Ibiramã Kiriri do Acré, em Caldas e a do Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio. A temática escolhida para a discussão foi a luta pela terra e território no sul de Minas. A discussão também contou com a participação da diretora da escola da Aldeia Ibiramã Kiriri do Acré, Carliusa Ramos.
Na oportunidade, a diretora discorreu acerca da ocupação e permanência indígena na cidade de Caldas, sul de Minas Gerais. “Consideramos essa terra uma terra da fartura, porque hoje a gente tem tudo para sobreviver nela com dignidade, hoje a gente não passa fome no nosso território”, contou.
Segundo a representante, moram 87 pessoas e 25 famílias, atualmente, na Aldeia Ibiramã Kiriri do Acré. As condições dignas de vida dessas pessoas, de acordo com ela, são fruto da história de luta pela ocupação e permanência, desde 2017, no território.
A chegada do MST na região e a criação do Quilombo Campo Grande, localizado na cidade de Campo do Meio – Minas Gerais, foi contada pelo egresso do mestrado em Geografia da UNIFAL-MG, Marcos Bertachi. Segundo ele, a luta por terra e território no sul de Minas acontece desde a década de 1990 e é protagonizada por famílias, sindicatos rurais e pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra no local.
Marcos contou que após o fechamento da Usina de Ariadnópolis, empreendimento canavieiro que funcionou por quase 100 anos na cidade, centenas de trabalhadores não tiveram seus direitos concedidos. Para lutar pelos direitos, os ex-trabalhadores da usina contaram com o apoio do MST. “E aí que surge a entrada do MST no contexto da nossa região”, apontou o historiador.
Na sequência, o professor Estevan Coca apresentou o contexto da questão agrária no sul de Minas. Para ele, as experiências de luta por terra e território da região se inserem no contexto de crise que caracteriza o mundo atual.
“Nós vivemos hoje um contexto em que os territórios têm sido plenamente disputados. Por um lado temos uma expansão do capitalismo extrativista, especialmente aqui na nossa região com o agronegócio e a mineração, e, de outro, as unidades de produção familiares – e aqui entram os sem terra e os indígenas – tentando resistir”, destacou o docente.
O pesquisador também apontou a necessidade de dar visibilidade a essas populações e de considerar a diversidade identitária constitutiva dos territórios. “Hoje nós temos uma necessidade de dar ênfase na luta que tem sido travada pelos sem terra, camponeses, indígenas, quilombolas, faxinais, fundo de pasto e todos os povos e comunidades tradicionais que também tem feito parte disso”, identifica.
Confira a 4ª edição do Polo em Prosa, disponível no canal do Youtube do Polo Agroecológico do Sul e Sudoeste de Minas, pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=ZOTl4gY-_8E.
Texto produzido pela Assessoria de Comunicação do Polo Agroecológico do Sul e Sudoeste de Minas, em colaboração com a Diretoria de Comunicação Social da UNIFAL-MG.