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Aulas de capoeira na UNIFAL-MG resgatam a cultura afro-brasileira e promovem a inclusão social

Incentivar, divulgar e resgatar a cultura afro-brasileira por meio da capoeira é o que impulsiona o desenvolvimento do projeto de extensão Oficina de Capoeira Ginga Legal da UNIFAL-MG. A ação consiste em aulas de capoeira e maculelê para estudantes da Universidade e também para a comunidade alfenense.

A Oficina de Capoeira Ginga Legal é desenvolvida desde 2012 na UNIFAL-MG. (Foto: Arquivo/Manuella Costa)

Manuella Carvalho da Costa, professora do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), é quem coordena as atividades do projeto. Segundo ela, desde a implantação em 2012, a oficina tem proporcionado benefícios como atividade física e como prática para inclusão social.

“Os alunos apresentaram uma grande evolução, como melhora no condicionamento físico e flexibilidade, agilidade nos movimentos, bem-estar e aumento da autoestima”, conta. “O projeto promove ainda a igualdade entre os participantes de diferentes gêneros, condições sociais e também a inclusão de alunos excepcionais”, complementa.

A coordenadora aponta que a musicalidade trabalhada pelo grupo revela habilidades tanto no canto quanto no instrumento musical utilizado nas aulas, como o berimbau, o atabaque, o pandeiro e o agogô.

Atualmente, o grupo é formado por 20 pessoas, entre estudantes da Universidade, crianças e adolescentes de baixa renda da comunidade alfenense. Os participantes desenvolvem a prática orientados pelo mestre Reinaldo Primavera.

A professora Manuella Costa (coordenadora do projeto) e o mestre Reinaldo Primavera. (Foto: Arquivo/Manuella Costa)

Para Lucas Yuri Marino da Silva, estudante do 7º período do curso de Fisioterapia, e bolsista do projeto, a capoeira permite explorar diversos aspectos enriquecedores, os quais acredita serem o motivo por alcançar tantas pessoas. “Juntamente com o mestre rei, nós instruímos os alunos a não somente praticar as movimentações, mas também os deixamos abertos para explorar a musicalidade, a instrumentalização, a parte mais teatral e a própria dança que a capoeira tem. Dessa forma, podem escolher o que têm maior predileção”, relata.

O bolsista diz ser suspeito de falar sobre o projeto, uma vez que a capoeira é uma arte que faz parte da sua vida desde os oito anos de idade, quando iniciou no grupo Art-Vida com o mestre Juninho. “Estar no meio de outras pessoas que também escolheram a capoeira para si é algo que me deixa muito feliz”, afirma.

Conforme Lucas Marino, a capoeira traz consigo vários benefícios, tanto físicos quanto mentais, algo que é visivelmente perceptível quando se analisa o progresso dos alunos a partir de uma certa constância. “Devido à prática física, a capoeira garante uma melhora da saúde no que tange à coordenação motora, ao equilíbrio, ao ganho de força muscular, à melhora da flexibilidade e ao condicionamento cardiovascular. É muito gratificante observar essa evolução dos nossos alunos”, argumenta.

Lucas Marino (bolsista) junto à professora Manuella Costa (coordenadora do projeto). (Foto: Arquivo/Manuella Costa)

Outro aspecto apontado pelo bolsista envolve o fato de que o projeto é aberto a toda a comunidade e isso possibilita a convivência e interação social. “Quando pensamos em uma prática em grupo, garante uma grande interação dos alunos uns com os outros e melhora a interação social. Trabalhamos também muito o respeito e a disciplina, algo que penso ser de suma importância, principalmente para as crianças e os adolescentes, diminuindo a violência”, comenta.

Em relato, o estudante ainda deixa claro que a oportunidade de participar do projeto foi uma das melhores coisas que a Universidade proporcionou. “É o momento do meu dia em que não existem problemas externos. Toda troca de energia que compartilhamos é muito motivadora. Tem um trechinho de uma música que diz: ‘”Libere a tensão e esquece o que te faz sofrer. Vem pra capoeira, que ela faz o chão tremer. Bate palma ê, bate palma ah’. Acredito que ela diz muito sobre o trabalho que fazemos dentro do projeto Oficina de Capoeira Ginga Legal”, conclui.

Promovendo a socialização e o aumento da autoestima

Conforme a coordenadora do projeto, a Oficina de Capoeira Ginga Legal já se estendeu para outras instituições, como a Clínica de Reabilitação para Dependente Químicos (PROESC) no município de Fama, a ala feminina do presídio Alfenas, e o projeto Cidade Escola, de iniciativa da Prefeitura Municipal de Alfenas.

Os participantes desenvolvem a prática orientados pelo mestre Reinaldo Primavera.  (Foto: Arquivo/Manuella Costa)

Na Clínica de Reabilitação para Dependentes Químicos em Fama, o objetivo foi auxiliar no processo de desintoxicação e ressocialização dos pacientes internados, de forma a  o condicionamento físico e mental dos internos. “Foi uma experiência bastante enriquecedora, pois promoveu a interação entre os dependentes químicos, a equipe multidisciplinar (assistentes sociais, médicos, enfermeiros e psicólogos), os instrutores de capoeira e os voluntários do projeto (estudante da UNIFAL-MG ou membro externo)”, narra a coordenadora.

Segundo a professora Manuella Costa, a oficina serviu de instrumento para a promoção da igualdade, da cooperação e da prática da cidadania, visto que os pacientes se ressocializaram por meio de práticas esportivas.

“Durante os treinos semanais, pôde-se observar um ambiente de alegria e aumento dos sentimentos de autoconfiança, otimismo, redução da depressão e da ansiedade pelos pacientes”, diz, acrescentando que relatos da equipe multidisciplinar apontaram que os pacientes se mostraram mais tranquilos e sociáveis, o que tornou o convívio mais harmônico entre eles, bem como com toda a equipe.

O trabalho do projeto junto à ala feminina do presídio de Alfenas ocorreu no ano de 2017, quando a ala contava com 30 detentas dividindo uma única cela. “Além de toda precariedade em que se encontravam, destacava-se a ausência de atividades físicas, tornando o encarceramento ainda mais tedioso”, relembra a coordenadora.

A inserção do projeto possibilitou a realização de aulas de capoeira e musicalização, que ocorreram uma vez por semana e tiveram a duração de duas horas, momento em que as detentas tiveram a possibilidade de desenvolver as suas aptidões através do canto, dos instrumentos musicais ou através da prática da capoeira em si.

“Relatos dos agentes penitenciários e da diretora do presídio Anelise Santiago, indicaram benefícios no comportamento das recuperandas, que se mostraram mais calmas e sociáveis, permitindo um convívio harmônico entre elas, bem como com os agentes penitenciários”, descreveu.

Treinos ocorrem às segundas e quartas das 19h às 20h na sala 106, do prédio L (Pró-Reitoria de Extensão).  (Foto: Arquivo/Manuella Costa)

Para os voluntários do projeto, de acordo com a professora, tanto o contato com a realidade dentro de uma clínica de reabilitação quanto com a ala feminina do presídio, despertou interesses para além da vivência habitual.

O projeto desenvolvido nesses locais despertou a reflexão dos estudantes acerca de questões como a situação dos dependentes químicos do ponto de vista social e de saúde pública, do sistema carcerário no Brasil e da igualdade de gênero, o que contribuiu para formar cidadãos mais conscientes e participativos.

A parceria com o projeto Cidade Escola continua acontecendo. “O mestre Reinaldo Primavera desenvolve a capoeira em algumas escolas de Alfenas que fazem parte do projeto. O objetivo é promover a interação entre os estudantes da UNIFAL-MG e a comunidade alfenense, sobretudo com as crianças e adolescentes de baixa renda, promovendo aprimorar o condicionamento físico, através da prática do esporte, bem como, divulgar a cultura afro-brasileira, dentro e fora do ambiente universitário, afastando os jovens das drogas e marginalidade”, explica.

Como participar

Caso alguém tenha interesse em participar do projeto, os treinos ocorrem às segundas e quartas das 19h às 20h na sala 106, do prédio L (Pró-Reitoria de Extensão), na Sede da Universidade. Os certificados com a carga horária são emitidos pelo CAEX ao final de cada ano.

 (Fotos: Arquivo/Manuella Costa)

 

(Imagem de destaque: Musicalidade trabalhada pelo grupo revela habilidades tanto no canto quanto no instrumento musical utilizado nas aulas. Foto: Arquivo/Manuella Costa)

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