“As três Marias” de Rachel de Queiroz, por Eloésio Paulo

A inadequação do escritor ao mundo e a variedade dos destinos humanos vinculam mais, como temas a deduzir do enredo, As três Marias (1934) ao gênero romance do que o próprio andamento da narrativa, que em sua maior parte se parece com um livro de memórias. Memórias cuja autora é oficialmente fictícia, no caso a … Ler mais

“Os vícios da política latino-americana, dramatizados por um grande escritor”, por Eloésio Paulo

Ainda que o livro não tivesse outros atrativos, valeria a pena percorrer as 450 páginas de O senhor embaixador (1965) somente para chegar a sua última frase; poucos escritores conseguiram imaginar desfecho tão brilhante para um romance. Contudo, não é uma das obras mais bem logradas de Erico Verissimo, cujas grandes qualidades como romancista se … Ler mais

“Por que não vou a Sodoma” – Eloésio Paulo

Acaba de ser lançada pela Sic Edições mais uma coletânea de poemas de Eloésio Paulo, professor do curso de Letras da UNIFAL-MG e escritor conhecido por sua irreverência, sagacidade e obra caracterizada por elementos de ironia e humor. “Por que não vou a Sodoma” reúne cerca de 50 poemas escritos na segunda metade da pandemia. … Ler mais

“Lições de esperar a morte”, por Eloésio Paulo sobre o livro “Lições de abismo” de Gustavo Corção

Há uma cena em particular, entre várias de Lições de abismo (1951) que justificam a comparação do estilo de Gustavo Corção com o machadiano. É aquela em que, visitando o narrador-protagonista, seu médico, às desajeitadas marteladas de quem não sabe usar a ferramenta, prega um crucifixo na parede do quarto. Cena ao mesmo tempo bizarra … Ler mais

“Fliperama sexual etc.”, por Eloésio Paulo sobre o livro “Os Corumbas” de Amando Fontes

Os Corumbas é um daqueles títulos que não atraem ninguém à leitura de um livro. Isso, é claro, não se dá apenas com a obra do sergipano Amando Fontes; veja-se o caso de Quincas Borba, o de Lucíola, o de Inocência. Parece, no caso do romance de Fontes, que se vai falar de alguma tribo … Ler mais

“Indicado somente para maiores de 40”, por Eloésio Paulo sobre o livro “Cabeça de Papel” de Paulo Francis

Há muitas maneiras de julgar um livro. Se for julgado pela riqueza das reflexões que suscita, Cabeça de papel (1977), de Paulo Francis, terá que ser considerado um grande livro. Para o leitor comum, porém, o mais provável é que a leitura consista num garimpo expectante das tiradas geniais do narrador, que replicam de modo … Ler mais

“Memórias guiadas pela ternura”, por Eloésio Paulo sobre o livro “Quase memória” de Carlos Heitor Cony

O quase do título remete à consciência, incontornável para qualquer escritor lúcido, de que não é possível separar totalmente ficção e memória. Já o reconhecia o velho Bento Santiago no início de Dom Casmurro, sua tentativa de recapitular a própria vida: “Pois, senhor, não consegui recompor nem o que foi nem o que fui.” Nesse … Ler mais

“Drama sentimental e denúncia da grilagem, no melhor livro de Jorge Amado”, por Eloésio Paulo sobre a obra “Terras do sem-fim”

Sem ser ainda uma obra-prima, Terras do sem-fim (1942) é, se visto por critérios exclusivamente literários, o ponto alto da obra de Jorge Amado. O enredo, tocado com mão de mestre, entrelaça os destinos de diversas personagens tendo como tela o drama coletivo social e ecológico da destruição de uma floresta no Sul da Bahia … Ler mais

“Ventania, uma aldeia onde não havia ateus”, por Eloésio Paulo sobre o livro “Os reis da terra” de José Vicente

Um louco de pedra, dirá a maioria dos leitores, arriscando-se à sanção implacável do mimimi politicamente correto, que já não hesita em cobrar publicamente de alguém o exercício de uma linguagem “não-binária”, exatamente como as ortodoxias religiosa e estalinista de antanho. Mesmo assim, transparece em Os reis da terra (1984) um inegável talento literário, qualidade … Ler mais

“Nem tudo foi Jorge Amado na região baiana do cacau”, por Eloésio Paulo sobre o livro de Euclides Neto “Comercinho do Poço Fundo”

A poesia é, por natureza, sintética. A ficção, ao contrário, é essencialmente analítica. Nos grandes escritores, muitas vezes o equilíbrio entre ambas atesta a presença do gênio. É o caso de Guimarães Rosa, que em certos momentos, porém, desequilibrou-se para um dos lados — caso de Tutameia, onde o pendor barroquizante da prosa poética chega … Ler mais

História Social da Beleza Negra, de Giovana Xavier, por Daniela Freitas e Lívia Monteiro

Mãe do Peri, professora na Faculdade de Educação da UFRJ, ativista científica: é assim que a Professora Doutora Giovana Xavier – @pretadotora, como é conhecida no Instagram – se apresenta em sua rede social, que tem mais de 30 mil seguidores. Em entrevista[1], a professora explica que a expressão Preta Dotora é uma brincadeira com … Ler mais

Resenha do livro “Não verás país nenhum” de Ignácio de Loyola Brandão: “Profecia assustadora de um Brasil devastado”, por Eloésio Paulo

As cenas descritas na primeira página de Não verás país nenhum (1981), com pessoas portando “máscaras obrigatórias” e caminhões despejando carregamentos de cadáveres, já introduzem a grande força do romance: sua assustadora profecia de um futuro em que o Brasil já não conta com uma única árvore, pois até a Amazônia foi devastada completamente. O … Ler mais

Resenha “Memórias do Cárcere”: “Incômodo retrato do Brasil de Vargas, feito ao avesso por Graciliano Ramos”, por Eloésio Paulo

As Memórias do cárcere (1953) podem ser lidas como um romance. E talvez o devam ser. A primeira edição saiu no mesmo ano da morte do autor, e o livro ficou incompleto; segundo o relato de Ricardo Ramos, filho de Graciliano, faltava apenas o capítulo final, em que seriam tratadas as reações do prisioneiro recém-libertado … Ler mais

“Notícia da atual literatura brasileira: entrevistas” – Letícia Malloy (Org.)

Mapear diferentes expressões da literatura brasileira por meio de entrevistas on-line, feitas com escritores nascidos entre 1940 e 1990, é um dos objetivos que guiam a obra “Notícia da atual literatura brasileira: entrevistas”, cujos organizadores são a professora Letícia Malloy, do Instituto de Ciências Humanas e Letras da UNIFAL-MG, e os docentes André Tessaro Pelinser … Ler mais