Bukowski, o “tóxico”

A imagem é uma arte criada com um fundo escuro com as palavras "Montra por Eloésio Paulo" escritas no topo, em branco e azul. À esquerda, há a foto do colunista Eloésio Paulo, que é um homem de pele clara e cabelos grisalhos, usando uma camisa social bege, sorrindo para a câmera. Ao centro-direita, há a capa do livro. O título está escrito em letras grandes e decorativas no topo.

Charles Bukowski, morto em 1994, foi inicialmente publicado no Brasil pela lendária Editora Brasiliense, de Caio Graco Prado, e tornou-se logo um dos escritores mais lidos por aqui. Sua atual editora, a gaúcha L&PM, esgota tiragem atrás de tiragem de uns vinte títulos dele publicados em sua coleção de bolso. Isso apesar de Bukowski ser … Ler mais

Crônica da vaidade literária

Embora o mundo e a condição humana ofereçam sempre material novo e abundante para a ficção, fugir ao óbvio se tornou crescentemente difícil desde a liberação, no período que chamamos “modernista”, de todas as possibilidades de experimentação com a linguagem e as formas narrativas. É angustiante, para os escritores que se preocupem com a originalidade … Ler mais

Políticas

A imagem é uma arte criada com um fundo escuro com as palavras "Montra por Eloésio Paulo" escritas no topo, em branco e azul. À esquerda, há a foto do colunista Eloésio Paulo, que é um homem de pele clara e cabelos grisalhos, usando uma camisa social bege, sorrindo para a câmera. Ao centro-direita, há a capa do livro "Política" de João Ubaldo Ribeiro em estilo tipográfico retrô. O título "João Ubaldo Ribeiro" está escrito em letras grandes e decorativas no topo, com "Política" logo abaixo em letras vermelhas destacadas. Abaixo disso, há um subtítulo em letras brancas dentro de um retângulo azul escuro: "Quem manda, por que manda, como manda."

“A realidade social parece fácil de perceber quando estamos falando abstratamente sobre ela, mas não quando estamos imersos nela.” Assim João Ubaldo Ribeiro justifica sua iniciativa de escrever um livro sobre “quem manda, por que manda, como manda” no Brasil. O romancista de Sargento Getúlio e Viva o povo brasileiro, que era bacharel em direito … Ler mais

Um Balzac decepcionante

A imagem é uma arte criada com um fundo escuro com as palavras "Montra por Eloésio Paulo" escritas no topo, em branco e azul. À esquerda, há a foto do colunista Eloésio Paulo, que é um homem de pele clara e cabelos grisalhos, usando uma camisa social bege, sorrindo para a câmera. Ao centro-direita, há a capa do livro "A Mulher de Trinta Anos" de Honoré de Balzac, com uma ilustração de uma mulher de chapéu em tons de verde. Abaixo da capa, há um banner azul com o título do livro e o nome do autor em letras brancas.

Até quem jamais leu um livro de Honoré de Balzac sabe, em geral, que o adjetivo balzaquiana é usado para designar uma mulher madura. Essa, por assim dizer, mitologia radica escassamente num único capítulo do romance A mulher de trinta anos (1834), que está entre os mais conhecidos títulos da volumosa obra do escritor francês. … Ler mais

Explicação do fim do mundo

No já longínquo ano de 1998, Jacques Attali fazia estas duas previsões: O transporte da voz logo virá a ser acompanhado de forma econômica pelo da imageme dos dados. Em 2005, será possível veicular imagens em banda larga no mundo inteiro.Surgirão telefones celulares com telas em miniatura, permitindo ver filmes e recebertelevisão e Internet, além … Ler mais

Nosso primeiro contista

Para um jovem que imagina – é bem comum – estar reinventando o mundo, ler Noite na taverna (1855) pode ser um bom negócio. O livro de contos de Álvares de Azevedo é um pequeno tratado de transgressões que ainda assustam muita gente: necrofilia, incesto, canibalismo, blasfêmia. Apresenta o leitor a certas virtualidades do humano … Ler mais

Um Torga dos melhores

Somente por um dos 13 contos que compõem Rua (1942) já valeria a leitura dessa coletânea do português Miguel Torga, dono de um dos mais bonitos estilos do idioma. A sétima história, intitulada “Música”, iguala ou até supera os contos machadianos que têm musicistas como personagens; é de uma tristeza pungente, além de pôr em … Ler mais

Escrita criativa (2)

Sob quase todos os aspectos superior à obra anteriormente comentada, o pequeno manual Escrever com criatividade, de Luciano Martins, começa por ser muito mais bem escrito. A esse autor, que também publicou obras literárias, não se pode negar o dom da criatividade: seu texto é poroso, cheio de surpresas e inclui um inteligente sistema de … Ler mais

Escrita criativa

Alguns livros são úteis porque, de tão insatisfatórios, obrigam a gente a imaginar o que o autor poderia ter feito para que fossem melhores. É o caso de Escrita criativa – O prazer da linguagem (2008), de Renata Di Nizo, e Escrever com criatividade (2001), de Luciano Martins, este já na quinta edição. Eles contêm … Ler mais

Concisa obra-prima

Lição profunda e tocante sobre a condição humana, A morte de Ivan Ilitch (1886) está muito longe de certas arengas superficiais que andam passando por ficção ultimamente. Seu autor, Liev (= Leão) Tostói, figura entre os maiores escritores de uma literatura que não os deu poucos – a russa. Seus monumentais romances Guerra e paz … Ler mais

O desconcerto Bartleby

Aí estão as mesas digitalizadoras, os scanners portáteis e os programas estatais de renda mínima para mostrar, com quase dois séculos de atraso, que o personagem de Melville não era tão desparafusado como parece ao narrador. Bartleby, protagonista da novela que tem seu nome no título, deve ter compreendido que o trabalho de escrevente não … Ler mais

Documentário Brasileiro: ensaios sobre produções de diferentes épocas e formatos

Na cinematografia, o documentário foi classificado simplesmente como cinema de não-ficção, constituindo um mundo à parte dos demais gêneros fílmicos. Deste modo, muita gente sabe que o cinema é uma forma de entretenimento, mas nem todos associam essa qualidade ao gênero documentário como um dos formatos audiovisuais. De um modo geral, o documentário pode ser … Ler mais

Nariz extraviado e outros despautérios

Durante a leitura do volume no qual se incluem “O nariz” e “Diário de um louco”, é nítida a sensação de estar lendo Franz Kafka, apesar de os dois contos do russo Nikolai Gógol terem sido publicados na primeira metade do século XIX, ou seja, quase um século antes de surgir a obra do escritor … Ler mais

Desconstrução apressada

Foi muita coragem de Paulo Puterman meter-se a desmontar a noção frankfurtiana de indústria cultural. A ousadia já fica patente no título de seu estudo, que não deixa dúvida: para o autor, o conceito posto em circulação por Adorno e Horkheimer na Dialética do Esclarecimento (1947) estava, meio século depois, em “agonia”. Revertamos ao provérbio: … Ler mais

Minimal e desbocada

Quando publicou Az mulerez – grafado assim mesmo, mais um til sobre o l que demanda ginástica impossível ao teclado do notebook – Natércia Pontes contava apenas 24 anos. Formada em radialismo, a escritora cearense é filha de Augusto Pontes, que foi secretário estadual de Cultura em seu Estado e assina o interessante prefácio desse … Ler mais

JHWH reloaded

Numa cena do magnífico filme A missão (1986), de Rolland Joffé, dois padres jesuítas estão discutindo e um deles lembra ao outro que a Igreja é uma monarquia, não um estado democrático. É tal pressuposto que falta a muitas passagens do livro Os dez mandamentos para o século XXI, publicado em 2004 pelo filósofo espanhol … Ler mais